Se a Humanidade é uma grande corrida, eis a parábola adequada.
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80 pessoas são deixadas numa arena. As regras são simples – não pisar a relva, não sair do caminho, não ser ultrapassado duas vezes. Só um pode vencer. O jogo vai trazer o “melhor” que há no ser humano.
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Alguém achou que seria fixe juntar as ideias de “The Hunger Games” com as de “Death Race 2000”, dando uns toques das arenas romanas e o conceito por detrás do “The Truman Show”, pôr todos ao monte a correr por um circuito e voilá.
A ideia é interessante e nem precisaria de grandes meios de produção.
Mas de boas ideias andam os sustos cheios.
O filme começa bem, intriga e até consegue a sua dose de incomodo, tem um ou outro momento forte, mas ao fim de poucos minutos o filme mostra as suas limitações – é, apenas, um acumular sucessivo de cenas para justificar o mostrar de cabeças a estourar.
(se é/era só para isso, é bem mais recomendável ver o fabuloso “Scanners” de David Cronenberg, onde só com um plano, só com uma cabeça a explodir, o autor de “The Fly” consegue deixar muito espectador com insónias durante dias)
Pretendia-se uma parábola sobre o lado selvagem do ser humano, quando deixado à solta, sem regras. O que nos é dado são quase 90 minutos de cabeças a explodir. O gore agradece-se, mas quando justificado. Nunca há uma evolução da narrativa e nenhum personagem é cativante ou recomendável.
E depois ainda há aquela “explicação” final vinda mesmo “de outro mundo” (seriously?)
Tivéssemos John Carpenter ou David Cronenberg aos comandos, aí sim, teríamos uma perturbante análise sobre a corrida/raça humana.
O realizador Paul Hough é filho do veterano John Hough, muito capaz realizador inglês, de muitas e boas provas dadas no suspense e no terror ao longo dos 60s e 70s. Por esta amostra, filho de peixe não sabe (forçosamente) nadar.
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Incluir esta patetice numa secção dedicada ao Fantástico/Terror do Fantas só dá mesmo para rir (ou para assustar – afinal que tipo de human race são os tipos que seleccionam estas tretas?)
Mas se o Fantas quer ter uma secção dedicada a títulos idiotas, eis um vencedor nato.
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Trailer
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“Melhor Filme”, no Dragon*Con Short Film Festival 2013 e no Long Island International Film Expo 2013.
As filmagens decorreram num período total de 4 anos. Filmava-se por alguns dias, depois parava-se por meses, e sempre assim.