Regresso de M. Night Shyamalan, agora no campo da Sci-Fi.
Futuro.
A Terra é um planeta deserto e abandonado. Os humanos que sobreviveram vivem em colónias. Um grupo de Rangers, em missão, tem de fazer uma aterragem de emergência no Planeta Azul. Mas só pai (líder e guerreiro temerário) e filho (em busca de uma oportunidade de se afirmar) sobrevivem. Perante o estado incapaz do pai, o filho deve fazer uma acção de reconhecimento, busca e recolha de um artefacto que lhes pode fazer regressar a casa. Para o petiz, é uma jornada iniciática. Para o progenitor, uma jornada de descoberta de um filho que não conhecia.
A Sci-Fi apocalíptica é sempre uma excelente forma do Cinema reflectir sobre a realidade do planeta e sobre a Humanidade.
“After Earth” tem esse potencial, mas Shyamalan resolver descurá-lo. Tal não é sinal de incompetência, mas apenas porque o realizador não quer abordar tal área (isso fica para as graphic novels que são editadas em simultâneo com a estreia do filme – que focam eventos que decorrem antes, em paralelo e depois do filme) preferindo enveredar por caminhos mais simples.
Ainda que “coberto” por um ambiente sci-fi, “After Earth” acaba por ser um competente juvenil survival movie emotivo-familiar, de sentimentalismo puro (um filho que luta pelo reconhecimento e amor do seu pai) e básico no seu instinto (o de sobrevivência).
Excelente aproveitamento da paisagem, que se comporta como um terceiro personagem.
Nota alta para a (bonita) fotografia e para os (discretos mas eficazes) efeitos visuais.
Boa química entre Will e Jaden Smith (são também pai e filho na realidade). Jaden interpreta uma criança que procura afirmar-se como adulto e consegue dar um bom passo para se afirmar como actor (felizmente vão longe os tempos da sua irritante interpretação no remake de “The Day The Earth Stood Still”).
Em tempos onde os filmes de Sci-Fi são meros veículos de exibição de efeitos (mais ou menos) especiais, o filme de Shyamalan, ainda que seja um “mero” Série B, revela-nos uma situação simples, sincera e emotiva, onde encontramos pessoas e não apenas personagens manipuláveis pelos ditos efeitos especiais.
Uma das propostas mais honestas do ano.
Ainda não é o regresso fulgurante de Shyamalan, mas é mais uma prova das suas (excelentes) capacidades.
O flop (gigantesco) nos USA, bem como uma certa insatisfação de público e crítica, é compreensível.
Site – http://www.afterearth.com/site/
As Graphic Novels – http://www.barnesandnoble.com/w/after-earth-michael-jan-friedman/1113742261?ean=9780345537256
A Grande Ilusão 