Bates Motel

Bates Motel - Poster 1

Mais um caso de uma série que deriva de um filme.

É uma “prequela” a “Psycho”, adaptada à modernidade.

“Bates Motel” ilustra os tempos de juventude de Norman Bates.

Norman assiste à morte do seu pai e com a sua mãe Norma partem para outra localidade para um recomeço de vida. Norma compra uma propriedade (um antigo motel e a respectiva casa) e inicia a sua actividade. Norman parece estar a dar-se bem na escola e com as companhias (duas meninas ficaram pelo beicinho e até uma professora é bem delicada com ele). Norma tem de vencer a hostilidade do antigo proprietário, mas consegue excitar o auxiliar do xerife. A relação entre Norma e Norman é especial, possessiva, obsessiva, dependente e ambígua. Norma é hiper-protectora e Norman vai, aqui e ali, apresentando sinais de uma personalidade perturbada.

Mas a povoação é um perfeito exemplar da regra “nem tudo/todos é/são o que parece(m)”. Norma e Norman vão descobrir isso, e da forma mais mortífera.

Yup, anos antes do duche fatal de Marion Crane, já o Bates Motel faz(ia) vítimas.

A ideia de se pegar no clássico de Hitchcock e contar a suas origens não é inteiramente nova – “Psycho IV – The Beginning”, onde se focava a infância de Norman e a sua relação com a mãe.

Ao saber que se ia desenvolver as origens de Norman e Norma em formato de série televisiva, é natural que surja apreensão por parte dos fãs.

Mas nada a temer.

“Bates Motel” é uma das melhores propostas televisivas da actualidade.

Se por um lado, a série ilustra o dia-a-dia de uma população verdadeiramente misteriosa, há um mergulho mais profundo na relação e na mente de duas pessoas estranhas e que rapidamente se revelam perturbadas. O argumento enfatiza bem toda a carga emocional e obsessiva que une Norma e Norman, bem como os distúrbios de cada um.

Para os mais curiosos, a série explica o fascínio de Norman pela taxidermia e mostra-nos os seus primeiros peeping às meninas.

Muito interessante é a forma como a sexualidade é tratada em ambos. Se Norman é um verdadeiro shy boy (veja-se como ele reage aos avanços das meninas), já Norma é verdadeiramente sexually charged (a forma como ela se prepara para um date e como se comporta nos encontros “ilícitos” com o amante).

Há rigor, aprumo, empenho e profissionalismo nos argumentos, nos diálogos, na cenografia, na fotografia e na realização.

Mas todas estas virtudes ficam suspensas se não houver méritos nos actores.

E aqui, “Bates Motel” também não falha.

Poucos terão dúvidas que Vera Farmiga é uma das mais belas, sensuais e talentosas actrizes da actualidade (“Running Scared”, “The Departed”, “Up in the Air”, “The Conjuring”). Aqui, ela defende excelentemente (o facto de ter sido mãe recentemente também deve ajudar) uma Norma determinada, possessiva e aguerrida.

Freddie Highmore já deu provas que é um dos maiores actores (senão mesmo o melhor) da sua geração (“Finding Neverland”, “Charlie and the Chocolate Factory”, “Arthur & the Minimoys”, “August Rush”, “The Art of Getting By”). Ele já cresceu (como pessoa) e não pára de melhorar como actor. E sempre com aquele fofinho ar de menino. Aqui volta a dar provas disso. Para além de dar uma brilhante interpretação de um jovem Norman, ilustrando na perfeição as suas incertezas, timidez, forças, medos e comportamentos dignos de medo, Highmore também consegue o prodígio (e só mesmo um grande actor como ele conseguiria) de, aqui e ali, “imitar” os tiques que imortalizaram a (magistral) interpretação de Anthony Perkins no filme de Hitchcock (e nas três sequelas que se seguiram).

A Season 1 (de 10 episódios) termina com o fecho de alguns arcos narrativos e deixa umas pontas soltas (atenção ao plano final e as interrogações que deixa sobre Norman) que permite boas expectativas para a Season 2.

Esperemos que tudo continue ao mesmo nível e que os autores saibam não “esticar a corda” e assim não banalizarem este brilhante contar dos primórdios do “casal” Bates.

Não sei se “Bates Motel” está em exibição nalgum canal (cabo ou de sinal aberto) português, mas a série já anda noutros “canais”.

Bem-vindos ao “Bates Motel”, onde por cada sorridente check-in há um mortal check-out.

Trailer

Site – http://www.aetv.com/bates-motel/

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