Há dias recebi as duas versões deste título.
É um british noir, combinado com melodrama sentimental, com muita religiosidade à mistura.
A história é igual nas duas versões.
Pinkie é um perigoso gangster, dado a actos violentos e homicidas. Devido a um recente crime cometido por ele e uma série de equívocos, toma conhecimento com Rose, uma jovem carente, de forte devoção religiosa, ingénua e romântica. O romance surge entre os dois, com total entrega dela, mas para Pinkie é apenas um meio de obter algo que lhe pode salvar a vida e de se proteger da polícia e dos seus rivais. Mas o Destino vai tecer outros e inesperados planos para ambos.
Baseado num romance de Graham Greene, que escreveu o argumento da versão original.
A Versão 1947
É realizada por John Boulting (nome importante da época, com o seu irmão Roy), com Richard Attenborough (na fase em que ainda era actor – só se tornou realizador a partir do final dos 60`s) e a estreante Carol Marsh. É um estimadíssimo clássico que combina a ilustração da brutalidade do mundo do crime com a emoção de um grande romance. Um belíssimo filme, que consegue inquietar (pela tenebrosa interpretação de Attenborough) e comover pela devoção religiosa e sentimental (devido á convicção de Marsh, perfeita incarnação da inocência e do sentimentalismo mais puro), aliado a um final surpreendente capaz de levar o espectador a fazer várias leituras.
Clips
http://www.tcm.com/tcmdb/title/69716/Brighton-Rock/videos.html
A Versão 2011
Crime e Pecado
O argumento original de Graham Greene é de tal modo poderoso, que poucas alterações teve nesta nova versão. Este remake acaba por ser mais um upgrade, a nível técnico (é a cores), financeiro (é visível luxo de produção) e temporal (passa-se no início dos 60`s, por oposição ao final dos 40`s no original, que já se opunha aos 30`s do livro), com o requinte da presença de dois respeitados veteranos (Helen Mirren e John Hurt). O resultado é algo desequilibrado, com um excesso de frieza em detrimento de algum lirismo (que existia no original). Mesmo assim, um óptimo exemplo das capacidades dos britânicos para este tipo de cinema. Muito bom trabalho de fotografia e cenografia, que ilustram bem toda e mudança visual que se iniciava na sociedade britânica daquele tempo. Sam Riley e Andrea Riseborough revelam-se duas promessas a ter em conta (embora não superem os seus antecessores, Riley consegue ser inquietante nalguns momentos e Riseborough é de uma cristalina pureza). O final é praticamente igual, embora permita outro tipo de leitura.
Trailer
Nenhum dos títulos está no nosso mercado. A Amazon UK tem duas edições locais muito boas e bem guarnecidas de extras, já a precinho jeitoso. A versão original foi restaurada e remasterizada.
Altamente recomendável.
Sobre Graham Greene – http://greeneland.tripod.com/