A estreia da nova (e extrema) versão de “The Evil Dead” traz-nos à memória uma das melhores sagas cinematográficas do cinema moderno, seja de terror ou mesmo como peça de Cinema. Com ela vem o nome de Sam Raimi, que assim pôs o seu nome no mapa dos mais interessantes e capazes realizadores da sua geração.
The Evil Dead – A Noite dos Mortos-Vivos (1981)
A primeira longa-metragem de Raimi.
Um grupo de amigos parte para uma cabana isolada (o filme foi filmado numa cabana abandonada) e descobre um livro que permite acordar um espírito demoníaco. Durante a noite, muitos serão os sustos.
Feito com poucos meios (350.000 Dólares; membros do elenco e da equipa técnica eram colegas e amigos de Raimi) mas muita imaginação, Raimi dá uma lição de eficácia e competência na forma como combina o terror mais extremo com o mais louco do humor. Tudo com grande sentido de ritmo e atmosfera, bem como grande imaginação nas set pieces. Raimi também deixa a sua imagem de marca com os seus originais enquadramentos e a forma dinâmica como move a câmara.
Bruce Campbell lidera mostrando um divertido carisma para este tipo de produções.
Um clássico e (ainda) o filme-referência sobre casas na floresta.
Raimi e Campbell já tinham uma longa amizade desde a escola secundária e já tinham assinado várias curtas-metragens em Super 8.
Na montagem está um senhor chamado Joel Coen. Ele é um dos irmãos Coen (conheceram Raimi nos tempos de faculdade).
A meio das filmagens, o orçamento esgotou. Raimi, Cambell e Robert Tappert (amigo de longa data de Raimi e produtor habitual de muitos dos seus filmes) procuraram empréstimos bancários, de amigos e familiares.
O investimento e esforço compensaram. Quando o viu, Stephen King confessou-se grande fã do filme. Tal “publicidade” ajudou a que o filme circulasse em muitos festivais (venceu vários prémios, sempre com grande aplauso da crítica e do público) e recebesse o interesse de um grupo distribuidor. Terminada a sua carreira comercial, o filme já tinha arrecadado cerca de 30 milhões de Dólares a nível mundial.
Trailers
Dead By Dawn – A Morte Chega de Madrugada (1987)
Parece mais um remake que uma sequela. Isto porque, durante uma parte da metragem, Raimi faz um recontar/recordar os eventos do filme anterior.
Ash (o sobrevivente do primeiro filme) volta a ter de fazer uma acção de limpeza na cabana onde ocorreram os eventos a que escapou. Novos demónios surgem e começam a atacar os novos “habitantes” da cabana.
Munido de mais meios (3 milhões de Dólares, que resultaram em 5 no box-office USA), Sam Raimi dá ao seu filme um ar de obra mais profissional e bem acabada.
Este novo episódio não deixa de ter os seus momentos (bem) terroríficos (e explícitos), mas Raimi carrega mais no humor, fazendo do filme uma versão “terrir” de um destravado cartoon assinado por Tex Avery.
Bruce Campbell continua ao seu melhor.
Raimi continuava a confirmar-se como um realizador talentoso e inventivo.
Trailer
Army of Darkness – O Exército das Trevas (1992)
Ash está agora na Idade Média, onde deve enfrentar um exército de mortos-vivos e recuperar o “Livro dos Mortos”.
Para este terceiro filme, Raimi continua de prego a fundo na comédia, agora em ambientes medievais. Brincando ao cinema histórico, dramático e épico localizado nesses ambientes, Raimi também faz uma homenagem ao cinema fantástico, nomeadamente às técnicas do lendário Ray Harryhausen – veja-se a confrontação final com os esqueletos e a forma como estes são colocados, tecnicamente, em cena, numa bela evocação a “Jason and the Argonauts”.
Também venceu vários prémios em diversos festivais (incluindo o Fantas 1993). O orçamento foi “brutal” (13 milhões de Dólares), foi um “flop” nos USA (11 milhões), mas as receitas mundiais compensaram (mais de 20 milhões).
Atenção ao final, do qual existem duas versões.
(quem não viu o filme e não conhece os dois finais, não leia o que vem a seguir)
Em muita sala exibiu-se um final divertido, passado na actualidade, numa loja, onde Ash limpa a tralha de zombies que por lá aparecem.
Mas nalguns festivais de cinema (entre eles, o Fantas 1993) e noutros mercados exibiu-se uma versão com um final (bem aberto) mais irreverente e que abria (novas e entusiasmantes) portas para um novo episódio – Ash partia para um tempo (futuro?) bem apocalíptico para todos nós.
Será que o tão prometido “Evil Dead 4” vai pegar neste final?
Eis os finais:
Final 1
Final 2
(fim de spoilers)
Existe um Director`s Cut com mais 15 minutos de metragem (em que 10 são de mais tempo para a batalha final).
Trailer
Sabe-se que a versão 2013 de “The Evil Dead” vai ter sequela.
Mas os puristas podem ficar tranquilos. Sam Raimi e Bruce Campbell já confirmaram que o quarto episódio da saga original vai mesmo avançar. Vai-se chamar “Army of Darkness 2” e as ideias já estão a ser trabalhadas por Raimi e companhia.
A nível de edições DVD e Blu-Ray, o nosso mercado anda algo assustado com esta saga.
O ideal é mesmo recorrer às (excelentes) edições que já saíram nos USA e na Inglaterra.
Fan sites da saga
[…] muito que se falava na continuação da saga original (já aqui analisada, bem como o […]