“The Lone Ranger” celebra 80 anos de grandes cavalgadas heróicas.
Eis o “bolo” de aniversário.
John Reid é um jovem e idealista advogado. A chegada à cidade onde vai exercer actividade, leva-o ao reencontro com o irmão e a sua eterna amada, mas também com o progresso (o caminho de ferro) e todo um conjunto de actos violentos por parte dos fora-da-lei contra quem o combate não se pode limitar ao uso das palavras da Lei. Ao participar numa missão de captura de um foragido, o grupo é alvo de uma emboscada, Reid é deixado como morto e todos os seus companheiros são mortos. Com a ajuda de um bizarro comanche e de um encantador cavalo branco, Reid forma uma estranha equipa e torna-se, apoiado numa mascarilha, num novo paladino da justiça – The Lone Ranger.
Walt Disney e Jerry Bruckheimer. A joint venture entre o lendário estúdio e o poderoso produtor já vem desde há muito. Para um projecto como “The Lone Ranger”, junta-se o melhor dos dois mundos. Do estúdio do Uncle Walt recebemos um entretenimento adequado para toda a família, do produtor de “Pirates of the Caribbean” temos uma tremenda estrutura montada para um grande espectáculo cinematográfico.
“The Lone Ranger” fila-se na melhor tradição do grande entretenimento popular clássico de Hollywood, nomeadamente a comédia e o western.
Se ajuda termos um argumento simples, mas bem contado, onde se equilibra muito bem o humor, a acção, o drama e o romance, há também muitas mais-valias na dupla protagonista e na realização.
Johnny Depp dá-nos mais uma das suas bizarras performances, compondo um Tonto entre o louco, o místico, o sábio e o guerreiro. Armie Hammer está muito bem, a dar-nos um Reid com toda a inocência, firmeza de valores e sede de heroísmo que o personagem exige. A química entre os dois é fantástica e é o grande sustento do filme.
Talvez, aqui e ali, se pudesse fazer menos concessão ao humor e levar as coisas para uma coboiada mais séria, mas não é o permanente rumo ao riso que prejudica a diversão.
Belíssima fotografia, plena de luminosidade e recorde. Desde “True Grit” (a versão dos Coen) que não víamos o Oeste tão bem filmado.
Excelente aproveitamento da paisagem, com as mais belas imagens de Monument Valley desde que John Carpenter por lá andou com “Starman” e Robert Zemeckis com “Back to the Future – Part III, bem como, é claro, os muitos westerns de John Ford lá filmados.
Boa nota à banda sonora de Hans Zimmer (que assim se redime da mediocridade feita em “Man of Steel”). E, sim, ouve-se o tema clássico de “The Lone Ranger”. Muito bem usado, exactamente nos momentos adequados.
Gore Verbinski já tinha demonstrado o seu saber para o western com o fantástico “Rango” (não percam a oportunidade de redescobrir esta pérola de animação, de grande perfeição técnica, preciso argumento, adoráveis personagens e de grande sentido de filiação e homenagem ao western). Aqui confirma tal jeito. É certo que perante o argumento, talvez se possa “reclamar” que o filme dura demasiado (quase 150 minutos). Mas Verbinski dirige com o ritmo certo, nunca cansa o espectador, faz bom aproveitamento e uso dos ambientes e dos actores, dando espaço para os personagens circularem e afirmarem-se.
Claro que se vamos ver um filme com “O Mascarilha” e com o objectivo de ser uma boa coboiada, queremos é boas doses de acção. Pois bem, apesar do filme não ser um festival delas (há uma maior aposta nos personagens, enquanto pessoas e não como meros efeitos visuais, nas suas relações, emoções e motivações), há grande motivo para entusiasmo nas existentes. O filme oferece-nos duas fabulosas, rocambolescas, acrobáticas e espectaculares perseguições em comboios, ao nível das mais prodigiosas e elaboradas stunts (ainda que com a inevitável e valiosa ajuda dos efeitos CGI – excelentes e discretos, diga-se) em que Hollywood é perita. O que de mais incrível, destravado e movimentado já se viu em cenas do género (rivalizam com as, igualmente memoráveis, perseguições vistas em “Go West” – com Os Marx – e “Back to the Future – Part III”). A perseguição final é mesmo para a História.
O flop nos USA é tremendo (é mesmo o grande flop de 2013) e injusto. Mas não se deixem enganar por este azar.
“The Lone Ranger” é uma grande cavalgada de diversão e uma bela homenagem ao herói que mostra estar bem jovem.
Hi-Yo, Silver! Away!
Site – http://disney.go.com/the-lone-ranger/
Fan-Club site – http://www.lonerangerfanclub.com/