Godzilla: Os Filmes – Parte 5: Anos 90

Godzilla - 90s look - Photo 1

Godzilla chega à última década do Século XX.

Com ela vem o fim de uma era e o início de outra.

Em ambas, continuidade do tom (e da linha narrativa) que vinha dos 80s.

 

Godzilla vs King Ghidorah - Poster 1

Godzilla vs King Ghidorah – Godzilla Contra King Ghidorah (1991)

Título Original – Gojira vs. Kingu Gidorâ

 

Yup, o monstro das três cabeças está de volta. E com um upgrade.

Mas Godzilla está ao nível que se exige.

 

O Japão recebe a visita de uns viajantes do futuro, com uma promessa de ajuda. Afirmam que no Século XXIII, o Japão deixará de existir e a culpa é de Godzilla, ajudado pela poluição nuclear.

A ajuda é fácil – recuam até 1944, apanham o “Lagarto” que se tornará Godzilla (os ensaios nucleares no Pacífico ajudaram a que ele ficasse maior e mais poderoso) e deixam-no noutra realidade.

Mas…

Yup, de boas intenções está o Inferno cheio. Os futuristas logo revelam as suas intenções – tomar conta do Japão. E como? Trazem King Ghidorah como ajudante.

(os futuristas são americanos e não querem que o Japão seja a grande potência económica do futuro)

Felizmente que há uma facção do grupo que não concorda com tal e dá uma ajuda aos nipónicos.

E como?

Godzilla is back. With a vengeance.

E assim se dá mais uma batalha épica.

Mas…

Não é que os humanos se lembram de despachar Godzilla terminada a batalha? E quem convocam para ajudar? King Ghidorah.

(raios partam os humanos que nunca sabem o que querem e mordem sempre a mão que lhes dá de comer; e depois queixam-se que Godzilla se zanga)

Godzilla vs King Ghidorah - screenshot 4

Um título que traz muitas ideias interessantes.

As visões futuristas face ao mundo e ao Japão, perante os dias de hoje (fala-se no surgir do 3-D, que China e Rússia deixam de ser potências, que o Japão é a maior potência do mundo e comprou várias nações), as origens de Godzilla (era um misto de Lagarto e Dinossauro, vivia numa Ilha do Pacífico e os ensaios nucleares deixaram-no alterado) e de King Ghidorah (a partir de três Dorats – adoráveis criaturas, misto de chimpanzé e morcego – também alteradas pelo nuclear), os alertas ecológicos e anti-nucleares, bem como questões político-económicas do Japão e do mundo (nomeadamente o conflito com os USA).

Coisas boas e interessantes como ingredientes, mas na “caldeirada” algo falhou.

Devido aos avanços e retrocessos que a narrativa faz (no tempo e nos eventos), o filme ressente-se dessa permanente mudança de rumo (Godzilla dá jeito, depois é mau; King Ghidorah é uma ameaça, depois é útil).

Não é idiota, as ideias estão lá e são boas, mas esteve-se longe de uma obra com maior poder de ficção e parábola.

Sobra boa Kaiju action e Kaiju destroy, sempre que Godzilla entra em cena (é hilariante ver o seu “Version 1” a arrasar com as tropas americanas presentes na ilha) e na (sempre brutal) confrontação com King Ghidorah (e, desta vez, até cabeças “voam”).

Excelentes efeitos visuais, sempre à base de practical effects.

Bom entretenimento, mas não é Godzilla vintage. A saga deu-nos (e daria) mais e melhor.

Godzilla vs King Ghidorah - screenshot 2

Realizador: Kazuki Ohmori

Argumentista: Kazuki Ohmori

Elenco: Kosuke Toyohara, Anna Nakagawa, Megumi Odaka

 

Trailer

 

Um momento muito curioso

 

Um momento de luta

 

Um making of

(ahh, estes maravilhosos practical effects)

 

“Melhores Efeitos Visuais”, pela Academia Japonesa 1992.

Godzilla vs King Ghidorah - screenshot 5

Kenpachiro Satsuma veste o fato de Godzilla. Já estava na saga desde 1984, com “The Return of Godzilla” e continuaria até 1995, final da Era Heisei.

O prédio branco destruído por Godzilla e King Ghidorah na sua luta é a sede do Ministério das Finanças. Tal momento deu origem a um enorme regozijo nas salas, por parte do público.

O filme originou alguma controvérsia na época. Um canal americano acusou o filme de ser anti-americano. Isto por causa de duas coisas – numa cena, vários soldados americanos são mortos por Godzillasaurus (o antepassado de Godzilla); os mauzões são uns americanos vindos do futuro com más intenções. O realizador Kazuki Ohmori sempre se defendeu perante a liberdade criativa do filme e que nunca teve intenções anti-americanas. Na época, existia uma grande tensão entre Japão e USA, em questões económicas.

Num determinado momento, há um personagem que julga ter visto um OVNI. O seu oficial responde-lhe “conta isso ao teu filho quando ele nascer, Spielberg”. Como é óbvio, é uma alusão a Steven Spielberg, autor de dois aclamados filmes com extra-terrestres (“Close Encounters of the Third Kind” e “E.T.”) e que cujo pai serviu na marinha e cujas memórias de guerra inspiraram o realizador.

O grito do Godzillasaurus (o antepassado de Godzilla) é o grito de Gamera, outro (relevante) monstro da Toho.

O trailer do filme usa imagens de “Ghidorah, The Three-Headed Monster”, o clássico de 1964.

O conceito original para este filme era diferente. Primeiro, seria para comemorar os 50 anos de Godzilla. Segundo, marcaria um novo embate entre o “Lagartinho” e King Kong. Mas a Turner Entertainment exigiu muito dinheiro pelos direitos do “Gorila”. A Toho procurou usar o Mechakong (visto em “King Kong Escapes”, de Ishirô Honda – o mais activo realizador da saga Godzilla e do género Kaiju). Mas a Turner voltou a exigir direitos pelas semelhanças da criatura. Assim sendo, a Toho virou-se para uma criatura do estúdio – King Ghidorah.

Chegou-se a ponderar que Godzilla iria enfrentar um novo inimigo. Mas perante o flop (que se acreditou ser devido a uma nova criatura)de “Godzilla vs Biollante”, o estúdio não quis arriscar e decidiu-se por um inimigo já conhecido. Compensou – o filme foi um grande sucesso.

 

 

Godzilla vs Mothra - Poster 1

Godzilla vs Mothra – Godzilla e Mothra (1992)

Título Original – Gojira vs. Mosura

Título Alternativo – Godzilla and Mothra – The Battle for Earth

 

Godzilla reencontra uma antiga rival, mais tarde sua aliada (recordam-se da fase 60s e 70s?) – Mothra.

Mas a batalha é pela Terra e por questões ambientais.

 

Uma equipa arqueológica descobre duas mulheres minúsculas. Elas são as Cosmo Girls, discípulas de uma raça ancestral que visa a protecção do planeta, através da sua líder, Mothra.

As meninas avisam-nos que a Terra está a reagir perante todos os danos que o Homem lhe anda a fazer.

Dessa retaliação surge Battra, uma espécie de dark side de Mothra. Battra vem castigar os humanos por todos os prejuízos que têm dado ao planeta.

Mothra sai do seu descanso (e casulo) e vai travar as acções de Battra.

Godzilla entra em cena para dar o seu contributo à luta. Mas ele está do lado de Mothra, Battra ou do seu?

Godzilla vs Mothra - screenshot 2

Mais uma vez, estamos rodeados de boas ideias. Consciência ecológica (fala-se dos perigos da poluição e da necessidade de proteger a Natureza), a ambição (desmedida) do mundo empresarial (há uma empresa que explora, até ao limite, os recursos naturais), a ligação entre o divino e a Natureza (Mothra e Battra são criações de dois lados opostos da Natureza).

Mas tal como no filme anterior, volta a haver uma ligeira incapacidade de gerir todos os ingredientes.

Em relação a Godzilla volta-se a marcar passo (Godzilla dá jeito para combater Battra, mas depois há que derrotá-lo) e há solavancos em relação a Battra (ora é a má do filme, ora é a “irmãzinha” de Mothra que deve ser compreendida e salva).

Mais uma vez, o resultado final não é idiota, mas voltou-se a estar longe de uma obra mais pujante. Contudo, o “moralismo” ecológico e financeiro funciona bem.

Com três magníficas criaturas em acção, claro que há épica Kaiju action e Kaiju destroy. É um deleite ver Godzilla vs Mothra vs Battra vs Godzilla e uma cidade reduzida a pó perante tamanha monstruosa acção (de tal modo épica, que até se abala uma placa tectónica).

Para a História, dois momentos fantásticos – Godzilla a brotar de um lago de lava no Monte Fuji; o nascimento de Mothra.

Excelentes efeitos visuais.

Grande entretenimento.

Pelas suas doses de acção e espectáculo, este é um Godziila movie vintage.

Godzilla vs Mothra - screenshot 4

Realizador: Takao Okawara

Argumentista: Kazuki Ohmori

Elenco: Tetsuya Bessho, Satomi Kobayashi, Takehiro Murata, Megumi Odaka

 

Trailer

 

“Newcomer(s) do ano” (Keiko Imamura e Sayaka Osawa – as duas Cosmo Girls), pela Academia Japonesa 1993.

Keiko Imamura & Sayaka Osawa - Cosmo Girls

A ideia começou com o projecto “Mothra Vs. Bagan”. Iria envolver batalhas em diversos lugares da Ásia. Mas ficou cancelado perante o flop de “Godzilla vs Biollante”.

É o maior sucesso de todos os filmes da saga Godzilla. Embora, ajustando os números à inflação anual, o maior sucesso é “King Kong vs Godzilla”.

Foi o segundo maior sucesso de bilheteira no Japão, em 1993, só superado por “Jurassic Park”.

 

 

Godzilla vs Mechagodzilla II - Poster 2

Godzilla vs Mechagodzilla II (1993)

Título Original – Gojira vs Mekagojira

 

Panorama carregado.

Godzilla volta a ter de suar (e muito) ao reencontrar um dos seus mais terríveis adversários.

Rodan também regressa e damos as boas-vindas a BabyGodzilla (até assistimos ao seu nascimento).

BabyGodzilla - Photo 1

 

As Nações Unidas criaram um departamento especial para investigar e derrotar Godzilla (e ainda há quem ache que Godzilla não é importante!!!). A ciência parece já ter a arma definitiva – um gigantesco robot chamado Mechagodzilla (curiosamente, feito a partir dos “restos” do upgrade feito a King Ghidorah, visto no penúltimo filme).

O embate surge, é devastador e Godzilla parece estar mesmo a ser derrotado.

Mas Rodan entra em cena e o desfecho pode ser (bem) diferente.

Godzilla vs Mechagodzilla II - screenshot 1

Contrariando as regras, Godzilla faz a sua entrada bem cedo (ao fim de cerca de 15 minutos). Não é por acaso.

O filme acelera cedo em matéria de acção e espectáculo e dá-nos um dos maiores festins de Kaiju action e Kaiju destroy algumas vez vistos na saga e no género.

Já sabemos, desde os 70s, que Mechagodzilla tem força para conseguir derrotar o nosso “Lagartinho”. Mas nessa década já vimos o nosso herói a mostrar que tem (épico) hero stuff para cair, reerguer-se e vencer a contenta. O Godzilla 90s não é diferente. Este novo Mechagodzilla é impressionante e assustador, mas Godzilla tem algo que o robot não tem – alma. E isso marca toda a diferença.

As presenças de Rodan e BabyGodzilla não são em vão.

Com eles, o filme ganha um forte poder emocional.

Mais uma vez, a narrativa a enfatizar a necessidade de comunhão, respeito e protecção com a Natureza (há um pequeno grupo de humanos que visa a protecção a Godzilla e a BabyGodzilla).

Costuma-se dizer que “à terceira é de vez”. Assim é.

“Godzilla vs Mechagodzilla II” é um verdadeiro Godzilla movie.

Acção e espectáculo a rodos (as lutas entre Godzilla e Mechagodzilla, Rodan contra Mechagodzilla; a última meia hora do filme é só arrebimbomalho monstruoso), emoção (o sofrimento de Godzilla na luta com o inimigo, o cerco a BabyGodzilla), comoção (o sacrifício de um para que outro viva) e até surpresa (o ressurgir de Godzilla – He`s a God, man). Tudo metido num argumento com boas ideias, agora mais bem unidas.

Dois momentos para a História – quando Godzilla aparece a BabyGodzilla (o petiz enche o ecran, de modo que o que é visto do “pai” é “apenas”… o pé e a perna – o filme de 2014 faz algo parecido quando vemos os pés e pernas de Godzilla na pista do aeroporto) e o maravilhoso plano final (Natureza e Homem podem, afinal, ter uma co-existência pacífica e de mútuo entendimento – não tenham vergonha de “lubrificar os olhos”).

Como sempre, excelentes efeitos visuais.

 

Esté é um Godzilla film vintage.

Godzilla vs Mechagodzilla II - screenshot 2

Realizador: Takao Okawara

Argumentista: Wataru Mimura

Elenco: Masahiro Takashima, Ryoko Sano, Megumi Odaka

 

Trailer

 

Uma luta

 

Godzilla fazer “planeamento urbanístico”

(reparem no tamanho dele, a noção de escala de ele face à cidade)

 

Godzilla vs Mechagodzilla II - screenshot 3

Pela primeira e única vez na saga, um título que envolve Mechagodzilla não tem logo a seguir uma sequela (“Godzila vs Mechagodzilla” foi logo seguido de “Terror of Mechagodzilla” – 1974 e 1975; “Godzilla against Mechagodzila” é seguido de “Godzilla: Tokyo S.O.S – 2002 e 2003). Contudo, no filme seguinte (“Godzilla vs Spacegodzilla”) Godzilla volta a enfrentar um robot.

Num primeiro conceito, Mechagodzilla teria a capacidade de se dividir em dois.

Mais ma vez, a Toho tentou fazer um remake de “King Kong vs Godzilla”. Mas a Turner voltou a pedir preços elevados pelos direitos do “Gorila”.

Apesar do título (internacional/USA), este filme não é uma sequela a “Godzilla vs Mechagodzilla” (1974). No mercado americano, as regras não permitem que dois filmes diferentes na mesma saga, tenham títulos iguais. O filme de 2002 tem o mesmo título (“Godzilla vs Mechagodzilla”), mas nos USA teve de ser alterado para “Godzilla Against Mechagodzilla”.

Godzilla vs Mechagodzilla II - Poster 3

Apesar de ter sido lançado em 1993, o filme foi usado como celebração dos 40 anos de Godzilla.

O final original implicava a morte de Godzilla. Outra ideia visava Godzilla, já moribundo, passar a sua lifeforce para BabyGodzilla e este evoluiria para um novo Godzilla.

Ishirō Honda foi convidado para realizar, mas a sua morte no início de 1993 cancelou tal projecto.

 

 

Godzilla vs Spacegodzilla - Poster 1

Godzilla vs. SpaceGodzilla (1994)

Título Original – Gojira VS Supesugojira

 

Godzilla celebra 40 anos de vida.

Eis a prenda.

Ao nível do que o herói merece. E vem do Espaço.

Godzilla vs Spacegodzilla - screenshot 1

Nos 60s e 70s, Godzilla chegou a enfrentar inimigos vindos do Espaço, tendo mesmo até ido ao Espaço para os enfrentar.

Eis um novo inimigo, temível, vindo do Espaço, que é afinal um “clone” do “Lagartinho”, com uns upgrades (como o facto de vir “agarrado” a um asteróide que manipula como uma arma).

Os humanos fizerem um upgrade a Mechagodzilla e transformaram-no em Mogera (um misto de avião e nave, toda artilhada de high tech combativa).

Godzilla vs Spacegodzilla - screenshot 4

Mothra manda as suas emissárias avisar o Japão que vem aí um enorme perigo e que Godzilla será vital para evitar a destruição do país e do mundo.

Em rota de colisão com a Terra está um estranho asteróide. Quando cá chega, traz uma terrível verdade. Um quase clone de Godzilla vem incluído e o terror é espalhado.

Godzilla é mesmo a única salvação do planeta. Os humanos vão dar uma ajuda com Mogera.

 

É filme de aniversário. Por isso há convidados ilustres – Mothra e as suas Cosmo Girls, BabyGodzilla (que já cresceu um pouco e já deita faíscas pela boca).

Godzilla vs Spacegodzilla - screenshot 3

Argumento simples, evitando os avanços e retrocessos que tanto embaraçaram os dois primeiros filmes desta década.

Como tem sido regra nesta fase, há uma (enorme) vontade dos humanos em destruir Godzilla. Um primeiro acto do filme visa tal acção, criando-se até alguma tensão entre os que o querem destruir e os que o querem salvar.

Mas quando surge a ameaça, todos ficam aliados ao nosso herói.

Há lugar também para emoção – na chegada de Spacegodzilla, BabyGodzilla fica em perigo, mas Godzilla comes to the rescue (e é comovente a forma como ele protege o petiz).

Mas com tamanha ameaça em palco, queremos é monumental Kaiju action. E temos. E muita.

Tal como aconteceu nos 70s, Godzilla sofre “as passas do Algarve”, mas toda a sua energia heróica surge quando necessário. Tal como aconteceu nessa década, a ajuda humana é vital.

Como sempre, grandes efeitos visuais.

Godzilla vs Spacegodzilla - screenshot 5

Como tem acontecido, há presença de consciência ecológica (aqui mostra-se que até a poluição no Espaço pode gerar monstros perigosos à Terra).

Um grande entretenimento. Uma boa prenda para Godzilla. E para os fans.

Pelas boas doses de acção de espectáculo, merece ficar na memória.

Godzilla vs Spacegodzilla - screenshot 8

Realizador: Kensho Yamashita

Argumentistas: Kanji Kashiwa, Hiroshi Kashiwabara

Elenco: Megumi Odaka, Jun Hashizume, Zenkichi Yoneyama

 

Trailer

 

Godzilla coming through

 

Making of

Godzilla vs Spacegodzilla - screenshot 2

Numa primeira versão, Godzilla iria fazer parceria com Mechagodzilla (que vinha do filme anterior). A ideia foi cancelada e criou-se Mogera.

 

 

Godzilla vs Destoroyah - Poster 1

Godzilla vs. Destoroyah (1995)

Título Original – Gojira vs. Desutoroiâ

Título Alternativo – Godzilla vs. Destroyer

 

O filme que marca o final da Era Heisei.

 

Volta-se a falar do Destruidor de Oxigénio, que foi útil no filme original de 1954.

Pois bem, décadas depois do seu uso surgiu um perigo consequente. Tal arma causou uma alteração nos oceanos e daí surge uma nova e perigosa criatura – Destoroyah. Invade o Japão com um só propósito – matar Godzilla (yeah, right, tira ficha e vai para a fila, meu!!!).

Godzilla padece de um problema – toda a absorção de energia nuclear dentro do seu organismo está a levá-lo ao limite; o seu organismo não consegue absorver mais e o nosso herói está em risco de explodir, mas de uma forma altamente perigosa para o planeta.

Os humanos querem ajudar o “Lagartinho”, mas a ameaça anda por aí.

Godzilla ainda irá a tempo de voltar a salvar o planeta?

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 8

Dado o seu estado, Godzilla entra em cena bem cedo (ao fim de 3 minutos – um recorde na saga).

BabyGodzilla regressa, está mais crescido e com vontade estar à altura do “pai” (é o “adolescente” que toma a iniciativa de enfrentar o inimigo, mostrando já ter o estofo e capacidade de sofrimento do “papá”).

O filme acaba por ser um prenúncio do título de 2014.

Novamente o Homem a brincar com a Natureza (a forma de controlar o oxigénio), a ameaça que daí surge e Godzilla a ter de limpar a porcaria feita pelos Homens.

Voltamos a ter consciência ecológica (o aquecimento dos oceanos e as suas consequências). Tal como nos 70s, voltamos a ver os humanos a dar uma ajuda ao nosso herói.

Mas com um inimigo como Destoroyah, toda a ajuda é bem vinda, mas o grosso da acção cabe a Godzilla.

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 6

Perante tal ameaça, e tendo em conta que a saga fazia um final de ciclo, não se pode desapontar os fãs. O filme volta a dar Kaiju action e Kaiju destroy do melhor. E de forma épica – mais de 40 minutos de acção e destruição absolutamente épica, espectacular e monstruosa.

Tudo servido com esplendorosos efeitos especiais.

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 1

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 3

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 2

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 4

E até há lugar para cinefilia (a aparição de Godzilla na praia lembra “Jaws”; o primeiro embate com as criaturas lembra “Aliens”).

Sendo final de Era, o filme também propõe, dentro da narrativa, um final.

Pois, é no final que reside a força (emocional) do filme. Não o revelo, mas é de grande impacto, altruísta, triste e comovente. Não tenham vergonha de “lubrificar os olhos”. A sério.

 

Godzilla é um Deus. Como tal, não morre. Renova-se, rejuvenesce, espalha-se.

Por isso, o último plano…

 

O melhor filme da saga na Era Heisei.

Um dos melhores filmes da saga.

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 10

Realizador: Takao Okawara

Argumentista: Kazuki Ohmori

Elenco: Takurô Tatsumi, Yôko Ishino, Yasufumi Hayashi, Megumi Odaka

 

Trailer

 

Filme

(não vale ir até ao final, OK?)

 

Fim da Era Heisei.

Godzilla vs Destoroyah - screenshot 7

Pensou-se que seria o último filme da saga até à celebração dos 50 anos de Godzilla. Godzilla já tinha os seus direitos cedidos à TriStar para produção de uma versão Hollywood, que visaria ser uma trilogia (quando esta terminasse, a Toho faria um filme, Made in Japan, para celebrar os 50 anos). Perante o (total e merecido) flop (crítico e financeiro) do filme de 1998, a Toho resgatou imediatamente os direitos e ainda preparou mais um filme para esta década (logo no ano seguinte ao filme americano) para “curar” os fans.

O filme esclarece perguntas à volta de “Godzilla” (o filme original de 1954) e de “Godzilla vs King Ghidorah” (o primeiro filme dos 90s), nomeadamente sobre a origem de Godzilla e das tentativas/paradoxos de mudanças espácio-temporais ocorridas no filme de 1991.

Último filme do compositor Akira Ifukube, que andava na saga desde o início em 1954.

De volta do filme original está Momoko Kôchi, que interpreta a mesma personagem. É o seu último filme. Faleceria três anos depois.

De despedida estava também o produtor Tomoyuki Tanaka, longtime producer da saga, desde o início em 1954.

Há referências ao filme original.

Uma ideia inicial visava mostrar este Godzilla a enfrentar o fantasma do Godzilla do filme de 1954. O filme chamar-se-ia “Godzilla vs Ghost Godzilla”. A ideia foi imediatamente abandonada, pois os produtores não queriam ver Godzilla a combater clones seus em três filmes seguidos.

A Toho queria que o título internacional fosse “Godzilla vs Destroyer”. Mas havia problemas nos direitos à palavra Destroyer. No título o nome mudou para “Destoroyah”, mas na dobragem usou-se a palavra Destroyer.

Kôichi Kawakita (responsável pelos F/X – começou em “Godzilla vs Biollante” de 1989 e continuou até este novo filme, onde se despediu) queria matar Godzilla.

Por causa de tal ideia, muito do marketing do filme assentava em criar a ideia junto do público que Godzilla iria mesmo morrer.

Filmou-se um final alternativo onde Godzilla e Destroyah morrem, derretidos. Esse final está na edição japonesa em DVD.

Ei-lo

 

Godzilla - Heisei Era - Poster 1

Gostei muito da fase 90s de Godzilla.

Surgiram ideias interessantes (ainda que, nos dois primeiros filmes, não ficassem combinadas da melhor maneira), aliado a grande espectáculo visual, apoiado em bons efeitos visuais.

Para além do entretenimento, os argumentos conseguiam ser parábolas sobre questões muito pertinentes (ao Japão e ao mundo).

Godzilla continuou em grande forma, respeitado e venerado pelos autores dos filmes, com grandes momentos de heroísmo.

A década continua e termina a Era Heisei (que tinha começado em 1984), onde cada filme trazia sempre algo de continuidade, em termos de narrativa, face ao(s) anterior(es).

O final da Era é que…

Uhhhh…

Bom, sem querer revelar muito, traz algo de triste, heróico e altruísta.

Godzilla - 90s look - Photo 2

Godzilla teria direito a mais dois títulos durante a década de 90.

Mas deixo-os de fora deste artigo por duas razões:

1)    “Godzilla” (1998) é feito fora da saga Made in Japan, é feito em Hollywood e é uma espécie de reboot. E a criatura…

Huhhhhhh…

Não é bem Godzilla (na verdade, não se sabe bem o que é). E nem honra o “Lagartinho”. Mas depois falarei disso.

2)    “Godzilla 2000: Millennium” (1999). É o último filme da década, é feito no Japão, é a “cura” para a “ressaca” causada pela versão de 98. Mas como marca o início de uma nova Era (a Millennium) que teria continuação e conclusão na primeira década de 2000, prefiro deixá-lo para o artigo sobre essa fase.

 

Godzilla regressa no Século XXI e eu já irei até lá.

Godzilla - 90s look - Photo 3

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