Godzilla: Os Filmes – Parte 6: Godzilla (1998)

Godzilla - 1998 - Poster 2

Godzilla não conseguiu ficar imune à mediocridade Made in Hollywood.

(acontece aos melhores, até aos Deuses)

É este o “monster movie” dos filmes dedicados ao God of Monsters.

Quando o vi pela primeira vez, a sensação de vómito foi grande.

Agora que o revi (pela última vez – fica já a promessa) e face ao prodígio que é o (glorioso) filme que chegou este ano às salas (para celebrar os 60 do “Lagartinho”), a comparação só permite as mais eufóricas gargalhadas e a reavaliação só me obriga a mandar este “Zilla” num blast to oblivion.

 

Os ensaios nucleares feitos pelos franceses numa zona do Pacífico fazem estragos na Natureza.

Uma gigantesca criatura chega a Nova Iorque.

Militares e cientistas tentam travá-la.

Godzilla - 1998 - screenshot 1

O filme até começa bem.

Temos tensão (o ataque em alto mar), humor (o ataque ao pescador), potencial emocional (o mistério à volta da criatura, um cientista que pode tomar partido por ela face a uns hostis militares), com doses generosas de espectáculo (a chegada a Nova Iorque) e acção (a perseguição pela cidade).

Mas depois…

Godzilla - 1998 - screenshot 2

Comecemos pelo visual e características de Godzilla.

Sim, é grande e imponente.

Mas…

Huuuuuuuuuuuuuuuuh…

Que criatura é esta? Um T-Rex XXL? Um híbrido entre Alien e T-Rex?

E Godzilla põe ovos??? Godzilla grávido????? Godzilla fêmea?????????? Godzilla hermafrodita??????????

What the fuck?????????????????????????????????????????????????????

É certo que Godzilla nunca andou a exibir o seu “equipamento”, mas não é preciso lupa ou ser cientista para se perceber que Godzilla é very macho.

Godzilla - 1998 - screenshot 8

E continuemos para o “argumento”.

Este segue, rapidamente, uma lógica (fácil é imbecil) de “mata o bicho”. Quando tal acontece, não há quem tome partido por ele (nem o cientista) e para se conseguir alargar a metragem, cria-se um jogo de “gato e rato” que só põe a narrativa a atrasar-se.

 

Vamos à crise de identidade do filme.

Quando se descobrem os ovos, o filme parece querer ser um novo “Aliens”. Quando estes chocam e as criaturas brotam, estamos num novo “Jurassic Park”.

 

Roland Emmerich (de quem até aprecio “Stargate” e “Independence Day”) é um realizador alemão que ao longo da sua filmografia sempre mostrou apreço pela destruição dos USA e pelo gozo dos excessos militaristas dos americanos. Aqui volta a fazer isso.

Godzilla - 1998 - screenshot 3

E finalmente, os actores.

Bons actores desperdiçados. Bom, esmagados mesmo. Mas não por Godzilla.

Matthew Broderick é sempre competente e simpático. Aqui é um verdadeiro artolas e o actor mostra o quanto está perdido e até mesmo a fazer frete.

Jean Reno costuma ter sempre presença imponente, mas aqui parece estar sempre em stand-by à espera do cheque de pagamento.

Maria Pitillo é girinha e simpática, mas muito insossa.

Os restantes secundários (com boas provas dadas noutros trabalhos) pouco sabem o que fazer.

Godzilla - 1998 - screenshot 9

Sobra algo de bom?

Sim, mas não o suficiente para salvar o filme.

Há um belo momento (o primeiro encontro entre o cientista e Godzilla), que até poderia enveredar por algo mais emocional. Mas com o rumo “Kill Godzilla” tudo descamba.

Há uma inspiração de mise en scéne – o olho no túnel.

Um par de conseguidas cenas de acção – a perseguição na cidade, a confrontação no rio, a perseguição de Godzilla ao táxi.

O inteligente genérico inicial (o melhor elemento do filme), que conta, só com imagens, uma história, que é, afinal, a origem de Godzilla.

Boa música de David Arnold (“Casino Royale”), que até chega a dar mais emoção que o filme.

Bons efeitos visuais.

Godzilla - 1998 - screenshot 10

O blockbuster não tem de ser o Cinema mais inteligente, mas não tem de ser a mais destravada imbecilidade. Principalmente, quando na sua origem está algo mítico, inteligente e ainda por cima Made in Japan.

Uma imbecilidade total, que com o título que tem até ofende Godzilla, a saga original e o filme recente (este sim, um verdadeiro Godzilla movie, um instant classic, uma monstruosa prenda aos fãs e ao “Lagartinho”).

Este filme tem edição portuguesa e anda a preço “esmagado”.

Godzilla - 1998 - screenshot 5

Realizador: Roland Emmerich

Argumentistas: Dean Devlin, Roland Emmerich, Terry Rossio e Ted Elliott

Elenco: Matthew Broderick, Jean Reno, Maria Pitillo, Hank Azaria, Kevin Dunn, Michael Lerner

 

Orçamento – 130 milhões de Dólares

Bilheteira – 136 (USA); 379 (mundial)

 

Trailer

Godzilla - USA vs Japan

Sabem o que o Japão, os fãs de Godzilla (o verdadeiro), a Toho e o (verdadeiro) Godzilla pensam deste filme?

Ora vejam:

(pura eficácia japonesa)

(way to go Godzillathe real one)

Godzilla - 1998 - screenshot 4

“Melhores Efeitos Visuais”, nos Prémios Saturn 1999. Esteve nomeado para “Melhor Filme de Fantasia” mas foi derrotado por “The Truman Show”. Roland Emmerich tentou a sua sorte como “Melhor Realizador”, mas Michael Bay foi preferido pelo seu trabalho em “Armageddon”.

“Melhor Música”, nos Prémios BMI 1999.

“Prémio do Público”, nos Prémios Europeus de Cinema 1998.

“Pior Sequela ou Remake” (onde também “venceram” dois títulos – “The Avengers” e “Psycho”), “Pior Actriz Secundária” (Maria Pitillo), nos Razzie 1999. Ainda tentou a sua “sorte” como “Pior Filme”, mas “An Alan Smithee Film: Burn Hollywood Burn” foi preferido. Roland Emmerich seria o “Pior Realizador”, mas Gus Van Sant (pelo remake de “Psycho”) foi ainda “melhor”. Também poderia ter o “Pior Argumentos”, mas o de “An Alan Smithee Film: Burn Hollywood Burn” era ainda mais “poderoso”.

Godzilla - 1998 - screenshot 6

Roland Emmerich nunca gostou dos filmes feitos a Godzilla. Aceitou o projecto na condição de ter total liberdade criativa.

Os fãs de Godzilla, decepcionados com esta nova versão, rebaptizaram este filme – “G.I.N.O.”, que designa “Godzilla in Name Only”.

Kenpachirô Satsuma, intérprete de Godzilla de 1985 a 1995, abandonou a projecção do filme, dizendo que o filme traía o espírito da saga original. Opinião partilhada por outros elementos da saga Made in Japan – Haruo Nakajima (o primeiro Godzilla em 1954, e até 1972) e Shusuke Kaneko (realizador de “Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack”)

Iria ter mais duas sequelas. Mas tudo ficou cancelado pelos fracos resultados de bilheteira, má recepção da crítica e pela Toho ter resgatado (imediatamente) os direitos de volta ao Japão.

Apesar do flop financeiro, o filme era (hà época) o maior sucesso mundial de um filme americano a partir de material não-americano. E que filme destronou tais números e filme? Yup… “Godzilla” – a versão 2014.

O Mayor do filme chama-se Ebert e o seu assistente chama-se Gene. É uma “homenagem” (os personagens são algo ridículos) aos críticos Roger Ebert e Gene Siskel (que faleceria cerca de um ano depois da estreia do filme), pois eles não tinham gostado de “Stargate” e “Independence Day”, ambos da dupla Emmerich & Devlin.

Godzilla não tem bafo atómico. Só o teria quando o público o exigisse.

Matthew Broderick viu o seu personagem especialmente escrito para ele. O actor aceitou sem sequer ter lido o argumento.

Tomoyuki Tanaka é o produtor de todos os filmes de Godzilla até então. Faleceu cerca de um mês antes do início das filmagens. O filme é-lhe dedicado.

Godzilla - 1998 - animated

Uma série de animação foi feita logo a seguir. Continua os eventos a partir do final do filme. O personagem de Broderick encontra um ovo e a criatura que de lá sai (um Godzilla bébé) afeiçoa-se ao cientista. A série tinha um tom light e infantil, pelo que a criatura é vista de forma simpática, sempre pronta a ajudar os humanos a combater ameaças superiores. Foi exibida de 1998 a 2000.

Aqui fica o primeiro episódio

(bem melhor que o filme)

Godzilla - 1998 - screenshot 7

Num primeiro argumento, Godzilla teria um visual diferente (seria um reptil em hibernação há milhares de anos, criado pelos cientistas da Atlântida com o intuito de ajudar a Terra contra ameaças monstruosas) e iria enfrentar um outro monstro (uma criatura alienígena que consegue mudar de forma). As duas criaturas seriam desenhadas por Stan Winston (“The Terminator”), que queria dar a Godzilla um look fiel ao original. Nesta fase, o filme tinha Jan de Bont (“Speed”) como realizador. Mas devido a um orçamento elevado, muita coisa se alterou. Nem monstro alienígena, nem visual reptílico, nem Winston, nem Bont. Emmerich e Devlin são chamados (devido ao enorme sucesso de “Independence Day”) com a missão de baixarem o orçamento.

Realizadores ponderados – James Cameron, Tim Burton, Joe Johnston e Paul Verhoeven.

Ted Elliott e Terry Rossio (os argumentistas iniciais) viram o seu argumento totalmente alterado por Emmerich e Devlin.

No início dos 80s, Steve Miner (“Friday the 13th – Part II”) tentou levar avante uma adaptação Hollywood. Fred Dekker (“Night of the Creeps”) tinha o argumento a seu cargo. Orçamento previsto? 30 milhões de Dólares, uma monstruosidade para a época.

A sequela passar-se-ia na Austrália, com a criatura que se salva a ajudar a Terra na luta contra um insecto gigantesco.

One comment on “Godzilla: Os Filmes – Parte 6: Godzilla (1998)

  1. andrea diz:

    a unica coisa que presta dessa porcaria é a trilha sonora…o album é um dos melhores dos anos 90.

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