E assim termino a minha viagem pelos 60 anos de Godzilla.
A primeira década do Século XXI trouxe a celebração dos 50 anos e o início de uma nova Era na saga – a Millennium.
Godzilla 2000: Millennium (1999)
Título Original – Gojira ni-sen Mireniamu
O filme que marca o começo da Era Millennium.
Acaba por ser um reboot, ainda que em continuidade face ao original de 1954, mas ignora todos os eventos vistos nas outras décadas e filmes.
Embora possa ser visto como uma sequela do título de 1995, se tivermos em conta um pequeno (grande) pormenor no plano final do filme desse ano.
Godzilla tem um novo visual e regressa para uma nova era.
A sua estreia volta a trazer inimigos do Espaço.
Um OVNI chega à Terra (Japão) e transforma-se numa enorme besta destruidora (chamada Orga).
Os humanos parecem impotentes perante tal ameaça.
Mas… guess who`s back?
Godzilla.
Depois da desgraça do título de 1998 (Made in USA), Godzilla regressa (ufff) a casa e ao seu melhor.
(pois, quere-se qualidade? – prefira-se produtos Made in Japan)
Para não se perder muito tempo, Godzilla entra em cena bem cedo (esperamos menos de 5 minutos). E fá-lo de forma antológica.
Já vimos Godzilla a enfrentar vilões vindos do Espaço.
Godzilla já teve, por várias vezes, ajuda de humanos mais interessado em compreendê-lo que em exterminá-lo.
Aqui voltamos a ter disso.
Então o filme é mais do mesmo?
Sim. E qual o mal?
It´s a Godzilla movie. E para curar a ressaca do filme de 1998, portanto tudo o que seja repetição do que a saga (japonesa) nos deu é bem-vindo e cura a decepção criada por Hollywood.
Não posso negar que há algo de tosco na narrativa (alienígenas a roubar informações tecnológicas e científicas aos humanos, para criar algo semelhante a Godzilla?). Percebe-se que o filme foi feito um pouco à pressa (perante a porcaria que foi feita em Hollywood, a Toho não queria acabar o Século XX sem dar a Godzilla um filme decente) – o argumento parece um esboço, os efeitos digitais parecem experiências.
Mas felizmente, há Kaiju action & destroy. É certo que temos de esperar mesmo pelo final, mas vale a pena. O “Lagartinho” enfrenta uma verdadeira aberração e exige grande esforço ao herói. Mas tudo se resolve com o seu bafo atómico (agora ainda mais potente e destrutivo) e à sua alma de guerreiro.
Os miniature effects continuam ao nível do melhor que saga nos deu.
“Godzilla 2000” não é Godzilla vintage.
Mas consegue ser superior ao filme de 1998 e permite que herói e saga regressem ao espírito marcante. E Godzilla volta a ser the real deal (e o seu novo look é verdadeiramente impressive – vejam a dentuça, a cauda, a dorsal).
Bom entretenimento.
(mais e melhor viriam)
Realizador: Takao Okawara
Argumentistas: Hiroshi Kashiwabara, Wataru Mimura
Elenco: Hiroshi Abe, Naomi Nishida, Takehiro Murata
Trailer
Início da Era Millennium.
Estreia de Tsutomu Kitagawa, novo actor que veste o fato de Godzilla.
Godzilla só iria regressar, segundo os planos da Toho, em 2004, para celebrar os 50 anos. Mas a desgraça da versão Hollywood de 1998, obrigou o estúdio a fazer mais um filme na década de 90, como forma de ver o herói regressar em glória e terminar a década em igual glória. Depois, foi seguir as regras da indústria (que também se aplicam no cinema japonês).
Anguirus e King Caesar foram pensados para serem os inimigos.
É o primeiro Godzilla film onde o herói surge animado (nalguns momentos) por CGI.
Algumas das filmagens decorreram em Tokaimura. Alguns meses depois, ocorreu um acidente nuclear. A Toho decidiu manter a cena do filme onde Godzilla se aproxima da central nuclear, como um manifesto sobre os perigos do nuclear.
O novo visual de Godzilla passa também pela cor – é verde (Ele é um “Lagartinho”, não?).
Em Julho de 1999, a Toho disponibilizou um documentário de duas horas, via internet.
Quatro fatos foram feitos. Um deles tinha a sua cabeça sujeita à técnica animatronic. Outro tinha um tubo de oxigénio na cauda para que o actor Tsutomu Kitagawa pudesse respirar confortavelmente (Kitagawa chegou a afirmar que vestir o fato de Godzilla é só para pessoas que não sofram de claustrofobia).
Primeiro filme da saga, desde “Terror of Mechagodzilla”, a ser filmado em 2.35:1 CinemaScope aspect ratio.
É o último filme da saga a ter exibição nas salas dos USA.
O filme teve duas versões dobradas (com menos 8 minutos). Uma para os USA e outra para o resto do mundo. A Toho prefere a dobragem americana. Como tal, a outra nunca foi vista/ouvida.
Michael Schlesinger (responsável pela dobragem americana) chegou a escrever uma sequela para este filme. Chamar-se-ia “Godzilla Reborn”. Passar-se-ia no Hawaii e Godzilla iria enfrentar Miba, um monstro feito de lava. A Toho gostou do argumento e estava disposto a levá-lo ao ecran. Mas surgiram problemas de financiamento e o projecto ficou cancelado.
Godzilla vs. Megaguirus (2000)
Título original – Gojira tai Megagirasu: Jî Shômetsu Sakusen
Godzilla é sempre mal-visto pelos humanos, como um erro da Natureza.
Mas Godzilla tem de enfrentar, frequentemente, aberrações geradas pelo Homem quando este anda a brincar com a… Natureza.
Godzilla regressa à cidade (agora Osaka, a nova capital do Japão – Tóquio precisou de descanso depois de tantos raids do “Lagartinho”).
Os humanos parecem ter uma arma suprema para o afugentar. Ou melhor, para o retirar do planeta. Foi criado um dispositivo que gera um buraco negro, capaz de engolir Godzilla e enviá-lo para outro lugar do Universo.
Mas um teste final dá para o torto (yup, what else?) e do buraco brotam muitos ovos. Deles surgem imensos e ameaçadores insectos.
Mas isto é só o princípio.
Com eles vem também a sua raínha, a monstruosa Megaguirus.
Pois. Parece que Godzilla já vai ser necessário aos humanos.
Mas o nosso herói prefere o descanso ou defender-nos?
Mais uma vez, a saga aborda os perigos do nuclear, dos maus usos da tecnologia e da desgraça do Homem quando quer ser Deus.
E sempre com a moral à volta da atitude hipócrita dos humanos face a Godzilla (ora é uma ameaça, ora é um aliado útil).
Claro que o proposito não é fazer um ensaio sobre a condição do ser humano no Universo, mas sim kaiju fun.
Sendo assim, o que nos espera?
Um bom entretenimento ao nível do que a saga nos habituou.
É certo que apesar das boas ideias do argumento, perde-se demasiado tempo nas diversas tentativas dos humanos em caçar Godzilla no buraco negro (parecem o Coyote à caça do Beep-Beep, numa sucessão de iniciativas cheias de gadget e planos, mas sempre falhadas), dando-se menos densidade ao potencial do argumento.
Momento memorável – Godzilla a nadar (ele bem pode ser campeão olímpico de natação) e uma menina agarrada à sua (imensa) dorsal, numa amostra (muito bem criada) de escala de Godzilla face a um humano.
(aliás, muitos são os momentos em que se vê Godzilla a nadar)
A batalha com os insectos recorda “Starship Troopers”.
Mas o melhor vem mesmo (como sempre) para o final. Uma selvagem batalha kaiju, onde vale tudo.
E onde quase acreditamos que…
Contudo…
Bons efeitos visuais, com um claro domínio dos miniature effects (terreno onde a saga revelou grande mestria). Perfeita noção de escala.
Não é um Godzilla vintage (mas é um dos mais interessantes da saga), mas tem boas ideias, bons momentos e uma batalha final para a história da saga.
E temos direito a cena extra depois do genérico final.
(surprise, surprise, guess who`s back?)
Realizador: Masaaki Tezuka
Argumentistas: Hiroshi Kashiwabara, Wataru Mimura
Elenco: Misato Tanaka, Shôsuke Tanihara, Masatô Ibu
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“Melhor Montagem”, no Festival Asia-Pacific 2003.
A Sony queria lançar este filme e o seguinte nos USA. Mas perante os fracos resultados do filme anterior, os planos ficaram cancelados. Ficou-se pela distribuição das montagens televisivas.
Apesar de não terem semelhanças, a criatura Meganuron (a.k.a Meganulon) é inspirada nos Meganurons que atacam a aldeia em “Rodan” (1956).
O salto de Godzilla na batalha final é uma homenagem ao trabalho de Tsutomu Kitagawa (actor e duplo que vestiu o fato de Godzilla neste filme e no anterior) em “Dynaman” e “Power Rangers”.
Regressa um actor da saga – Yuriko Hoshi vem de “Mothra vs Godzilla” (1964) “Ghidorah: The Three-Headed Monster” (1964).
O filme usa footage do filme original, mas sujeito a uma manipulação digital, dado que o visual de Godzilla mudou nos dois filmes.
Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack (2001)
Título original – Gojira, Mosura, Kingu Gidorâ: Daikaijû Sôkôgeki
Mais uma parada e delírio Kaiju.
Vários monstros da Toho e da saga em cena. E todos à porrada.
Mas desta vez, as coisas mudam.
Godzilla volta a atacar o Japão. Em ajuda aos humanos vêm Baragon, Mothra e King Ghidorah. Mas serão eles suficientes?
Regressamos a terrenos místicos (as lendas que envolvem Godzilla e as outras criaturas) e religiosos (alguém defende que Godzilla guarda as almas japonesas caídas no conflito Japão-USA).
Invertem-se as regras (Godzilla é mesmo mau, King Ghidorah é o nosso salvador).
À semelhança do que já acontecera antes na saga (e em tantas outras sagas e filmes autónomos), elogia-se a presença de boas ideias, mas aqui voltam a ser mais misturadas numa caldeirada algo insossa.
A justificação para o embate dos monstros é desprovida de sentido e o filme rapidamente perde garra.
O facto de Godzilla ser apresentado como uma criatura maléfica não ajuda e o espectador perde um (ou mesmo O) personagem com quem root for.
Sobram os efeitos visuais (mais uma vez, os miniature effects estão bem melhores que os efeitos digitais).
Como sempre, o melhor vem mesmo de toda a Kaiju action/destroy. Bom espectáculo é oferecido (principalmente na batalha final), embora a saga já nos tenha dado (e daria) melhor.
Não é um Godzilla vintage. As boas ideias mal arrumadas ajudam a tal.
O filme entretém pela acção, embora não gere simpatia pelo nosso “Lagartinho” favorito.
A saga já tinha mostrado que se podia combinar inteligência, infantilidade, fantasia, diversão e espectáculo.
Aqui, essa mística ficou perdida.
Azar (compreensível e aceitável) – acontece aos melhores.
Pode-se mesmo dizer que este título está ao nível da versão Hollywood de 1998.
Fica um momento na memória. Godzilla faz-nos esperar cerca de 40 minutos, mas vale bem a pena – é uma entrada em cena colossal, gigantesca e digna de antologia na saga.
Realizador: Shûsuke Kaneko
Argumentistas: Kei’ichi Hasegawa, Shûsuke Kaneko, 1 more credit »
Elenco: Chiharu Niiyama, Ryûdô Uzaki, Masahiro Kobayashi
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O argumento inicial tinha Anguirus, Varan e Baragon a defender o Japão contra Godzilla, mas a Toho decidiu substituí-los pelos mais populares King Ghidorah e Mothra.
Foi o primeiro filme desde “Mothra vs Godzilla”, onde Godzilla é mostrado como uma criatura maléfica. O realizador Shûsuke Kaneko preferiu assim, justificando que sendo Godzilla um monstro criado por armas nucleares, é ele próprio um espectro da guerra.
Fuyuki Shinada era o designer das criaturas. Decepcionado pela ausência de Varan (o seu favorito), procurou inserir nas cabeças de King Ghidorah alguns traços faciais de Varan.
Pela primeira vez, King Ghidorah é mais pequeno que Godzilla.
É também o primeiro filme onde King Ghidorah é herói.
É o único filme da Era Millennium onde Godzilla não é interpretado por Tsutomu Kitagawa. Mizuho Yoshida (vindo da saga “Zeiram”) substituiu-o, por causa da sua altura (queria-se Godzilla mais alto que o habitual).
Alguns dos miniature city sets seriam utilizados por Tarantino em “Kill Bill – Volume 1”.
No filme surge um submarino com o nome “Satsuma”. Kenpachiro Satsuma interpretou Godzilla, de 1984 a 1995, num total de sete filmes.
É o título de maior sucesso da saga, nesta Era.
Godzilla Against Mechagodzilla (2002)
Título original – Gojira tai Mekagojira (2002)
Godzilla volta a enfrentar um dos seus mais temíveis e difíceis adversários – o robot (que é quase um clone robótico do “Lagartinho”) Mechagodzilla.
Mas com novidades e variações muito interessantes.
Godzilla volta a aparecer. Tal não acontecia desde 1954 (o filme funciona como uma sequela directa do filme original). As autoridades e os cientistas encontram uma solução – recolher ADN do esqueleto do Godzilla original e usar tal para criar um poderoso robot que consiga derrotar a criatura.
Mas o robot começa a ganhar vida própria.
Vários são (ou serão) os motivos porque a saga “Godzilla” é tão duradoura, fascinante e digna de interesse.
Claro que o primeiro motivo é o próprio Godzilla. O seu visual e atitude causam temor e fascínio.
Mas também há o lado metafórico do conceito, que ilustra o eterno debate sobre Homem e Tecnologia, o uso (bom ou mau) que este dá a ela, a forma como esta se descontrola ou foge ao domínio do seu criador.
Neste filme, regressamos a tais temas.
Mechagodzilla é, inicialmente, apenas uma máquina de destruição, exclusivamente ao serviço e vontade do Homem. Mas a presença de ADN “godzilíco” leva a máquina a pensar e sentir. E isto leva os humanos a reponderar o uso da sua criação e, devido a uma ajuda infantil, (re)descobrir o valor da vida (seja humana ou a de Godzilla).
Mas calma. Aqui não há teses nem densas reflexões.
O filme limita-se a lançar as ideias, aqui e ali (discretamente) percorre-as, deixando considerações para o espectador.
Pormenor de grande relevo – é uma criança que dá lições sobre humanismo, valores de vida, sentimentalismo (incluindo sobre Godzilla) e códigos éticos sobre Homem & Tecnologia.
A saga regressa assim (ao quarto filme desta nova fase) ao seu melhor nível, mostrando (mais uma vez) que se podem combinar ideias, mensagem, reflexões e espectáculo.
Questões sérias e profundas andam por lá, mas o filme não esquece as regras da saga.
Por isso, há boa kaiju action/destroy para usufruir.
É um facto que o argumento não explora totalmente (e profundamente) o potencial das ideias abordadas (mais metragem e eventos ajudavam), mas há (ao contrário dos 3 filmes anteriores) um bom equilíbrio entre ideias, conteúdo, emoção, espectáculo e entretenimento.
Godzilla, mesmo quando bad boy, é sempre imponente. Ele aparece ao fim de pouco mais de 2 minutos e de forma memorável.
E depois há a presença de Yumiko Shaku, uma verdadeiro miminho nipónico.
A pequena Kana Onodera cativa pela sua sentimental inocência.
Há cena extra depois do genérico final.
Um dos melhores títulos desta fase e um dos mais interessantes da saga.
Realizador: Masaaki Tezuka
Argumentista: Wataru Mimura
Elenco: Yumiko Shaku, Shin Takuma, Kana Onodera
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Tal como estava a ser norma nesta fase da saga, este filme iria ser isolado, tendo apenas ligação com o filme original. Mas o realizador propôs a ideia de uma sequela. Seria o filme seguinte.
Este novo Mechagodzilla tem a alcunha de Kiryu – em japonês tal significa “dragão mecânico”.
Hideki Matsui é um popular jogador de baseball. É japonês, mas chegou a fazer parte dos New York Yankees. Ele surge numa pequena cena. No Japão, Matsui tem a alcunha de… Gojira (o nome japonês de… Godzilla).
Cameo do realizador Masaaki Tezuka – o técnico que passa à frente de Akane (a menina que controla Kiryu), na cena após o genérico final.
Godzilla: Tokyo S.O.S. (2003)
Título Original – Gojira tai Mosura tai Mekagojira: Tôkyô S.O.S.
Pela primeira vez nesta fase, um título que è sequela directa do filme anterior.
Passou um ano desde o embate entre Godzilla e Mechagodzilla.
Os humanos aperfeiçoam o robot. Mothra aparece.
Uma decisiva batalha final vai-se dar.
Repetem-se as virtudes e defeitos do filme anterior.
Ainda que menos rico em ideias que o filme anterior (acaba por ser, apenas, porrada kaiju), o argumento até está bem contado.
Rapidamente o filme faz concessões às regras do género, descurando o potencial do argumento.
Fiel à regra é o festim de kaiju action/destry.
Lamenta-se que Godzilla seja reduzido a um mero monstro mau.
Como sempre, bom trabalho dos efeitos visuais.
Realizador: Masaaki Tezuka
Argumenistas: Masaaki Tezuka e Masahiro Yokotani
Elenco: Noboru Kaneko, Miho Yoshioka, Mitsuki Koga
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A Toho deixou quatro argumentos ao dispor do realizador, mas este não gostou de algum e delineou o seu próprio argumento.
O monstro morto que aparece na costa deveria ser Anguirus. Mas o produtor não gostou da ideia e pediu que fosse Kamoebas. Anguirus surge como terceiro nos monstros favoritos (depois de Godzilla e Gamera) e Kamoeba era tido como um monstro mais obscuro.
É o primeiro filme da saga a ter a sua produção concluída a tempo de ser exibido no Festival de Tóquio. Muitos dos outros filme foram lá mostrados, mas ainda com a sua fase de post-production a decorrer.
Godzilla: Final Wars (2004)
Título original – Gojira: Fainaru Uôzu
Godzilla celebra 50 anos de vida.
Esta é a prenda.
Para ele e para os fans.
E que espectacular prenda é!!!
É também o último desta Era, é o último (até ao momento) filme da saga feito no Japão e é também o último filme dedicado ao “Lagartinho” até à vinda do título deste ano, para celebrar os 60 anos de Godzilla.
Uma raça de alienígenas invade o nosso planeta com más intensões.
A raça humana não parece ter armas para combater os invasores.
Um grupo de elite recorre à derradeira opção e arma – “pedir” a Godzilla (entretanto capturado e preso no gelo) para que nos defenda.
Godzilla lá faz o sacrifício. Mas um verdadeiro inferno monstruoso o espera.
Os alienígenas soltam todos os monstros para enfrentar o nosso herói.
Godzilla é mesmo a única defesa da Terra. Mas conseguirá vencer a guerra sozinho?
Mais uma verdadeira parada kaiju.
Um delírio para qualquer kaiju nerd.
Um hino à majestosidade de Godzilla.
Não é a primeira vez que Godzilla enfrenta ameaças vindas do Espaço.
Mas aqui o desafio é levado ao limite.
Isto é um verdadeiro “Os 12 trabalhos de Godzilla”.
Depois da seriedade (por vezes dark) dada à saga nos 80s, 90s e em boa parte dos 2000s, eis a saga de volta ao tom campy que tanto marcou (e divertiu) os seus inícios (60s e 70s).
Para prenda, temos de esperar (muito) pelo aniversariante – cerca de uma hora.
Isto porque até lá, temos um cruzamento (em tom B/Z) de “War of the Worlds”, “V” e “Independence Day”. Toda a narrativa está centrada nos humanos, na sua luta contra os invasores e na sua determinação em vencer por si próprios. Mas perante a sua incapacidade, Godzilla sai do “frigorífico”, arregaça as mangas e tem de tomar conta da situação. No seu style muito peculiar.
A segunda metade do filme (sim, este dura mais de duas horas) centra-se nas acções de Godzilla em limpar o planeta de mauzões de outros mundos e na forma (bem despachada) como ele despacha todos os monstros que lhe surgem pela frente.
Quando lhe faltam dois (num total de 12), as coisas complicam-se e nosso herói passa por um verdadeiro “cabo das tormentas”. À boa maneira clássica (a fase dos 70s), Godzilla recebe (valiosa e valorosa) ajuda humana, e com o seu bravo coração e guerreira atitude, tudo se resolve.
Destaque para a presença de Minilla, que tem uma curta mas relevante participação.
É certo que o tom (visual e narrativo) é muito tosco e até infantil.
Mas isso não é um enorme defeito.
Estamos perante um título de aniversário, com efeito de prenda e o ambiente é de diversão.
Temos um monumental festival de kaiju acton/destroy, ao melhor nível que a saga nos habituou, procurando, aqui e ali, superar tudo o que já tinha sido feito.
Grande momento para a História (do Cinema e da saga) – um dos inimigos é aquela criatura (dizem ser Godzilla) que surge no filme de 1998 (o tal, Made in Hollywood); Godzilla despacha-o da forma mais eficaz e destrutiva de que há memória.
Ora vejam:
(isto sim, é pura eficácia japonesa; Godzilla bem pode ir jogar baseball ou futebol)
Um verdadeiro festim kaiju.
Um regalo para os kaiju nerds.
Um adequado final (veja-se a cena e plano final) para a saga e para a Era.
O melhor título da Era Millennium
Um dos melhores títulos da saga.
Um Godzilla vintage.
Realizador: Ryûhei Kitamura
Argumementistas: Isao Kiriyama, Ryûhei Kitamura, Wataru Mimura e Shogo Tomiyama
Elenco: Masahiro Matsuoka, Rei Kikukawa, Don Frye
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Godzilla e Mothra são aliados pela primeira vez desde “Destroy All Monsters” (1968).
Como Godzilla estava sujeito a acções que lhe exigiam agilidade, o fato foi alterado no sentido de ser mais leve e maleável.
É o ultimo filme da Toho que marca o uso do lago criado para efeitos especiais em cenas aquáticas. Criado em 1960, foi destruído em 2004. A explicação passa pelos avanços no campo dos efeitos digitais que não exigiam mais aquele tipo de recursos. Para muita gente do estúdio ligada aos FX, tal facto marca o fim de uma era.
Pela primeira vez na saga, houve filmagem em locais americanos.
A Toho sempre quis que este fosse o último filme da saga durante 10 anos. Godzilla só regressaria para comemorar os 60 anos.
(assim aconteceu, de facto)
Destroyer/Destroyah iria aparecer.
Hedorah também entra em cena, mas muitos dos seus momentos ficaram na sala de montagem.
Mechagodzilla não surge no filme, prepositadamente, dado que já tinha recebido protagonismo nos dois filmes anteriores.
Nenhum monstro da Era Heisei aparece no filme.
Cameo do realizador Ryûhei Kitamura – é o DJ da estação de rádio.
Antes da world premiére, Godzilla recebeu a sua Star/prenda no Hollywood Walk of Fame.
O realizador Kitamura considera o filme como um best of da saga, pois recriou-se alguns dos melhores momentos da saga.
A Toho tinha esperança que o filme fosse um enorme sucesso. Infelizmente, assim não foi e o filme foi severamente derrotado por “Howl’s Moving Castle” (vindo dos Ghibli e de Miyazaki) e “The Incredibles” (da Pixar e da Disney). O filme acabou por ser aquele com os piores resultado$ dna Era Millennium e o pior desde “Terror of Mechagodzilla” (1975).
Apesar dos (muitos) altos de baixos, gostei da Era Millennium.
Pouco de novo trouxe face às anteriores, apesar de aqui e ali existirem boas ideias.
O mérito continua na capacidade de entretenimento e espectáculo, no bom trabalho dos efeitos visuais e, claro, em Godzilla.
Foram cerca de 30 filmes em 50 anos de vida.
Valeu a pena.
Godzilla é mesmo (havia dúvidas?) o God of Monsters.
Claro que a saga vale pela presença do “Lagartinho” e do poder de entretenimento que é dado aos fãs.
Mas como boa sci-fi que a saga é, vale-se também de uma força metafórica sobre os perigos do nuclear, do abuso e mau uso da tecnologia, da mania do Homem em armar-se em Deus e criar a sua própria destruição através de criações que lhe fogem ao controlo.
Penso que é esse o poder de Godzilla ao fim destas décadas.
A sua imagem imponente, assustadora e heróica, mas também pela ideia que encerra e que será sempre universal e intemporal.
Godzilla regressa (pela mão de Hollywood) no Verão de 2018.
Mas não se desespere. O Japão e a Toho já preparam uma nova saga autónoma. Ou seja, Godzilla regressa a casa. O filme está agendado para o Verão de 2016 e as filmagens vão arrancar em breve. Nada se sabe sobre a história.
GODZILLA lives.
Tribute vídeo