Há dias, este personagem foi alvo de mais uma das minhas habituais double sessions. E ainda bem, pois permitiu-me corrigir (para melhor) uma opinião que tinha sobre um dos títulos e fazer uma mais correcta comparação entre os dois filmes.
Judge Dredd é o mais violento e implacável herói de bd (sim, bem mais que The Punisher, Wolverine ou Batman). Surgiu em 1977 na revista “2000 AD”, foi criado por John Wagner e Carlos Ezquerra e para além de ser uma bd de grande poder de espectáculo e entretenimento (para adultos), é também uma fascinante parábola sobre a violência na sociedade moderna, os perigos das grandes metrópoles e uma reflexão sobre diversas questões da Lei & Ordem.
O cinema há muito que o perseguia. Os títulos surgiram, cada um com os seus percalços, mas plenos de virtudes (e defeitos).
A Lei de Dredd (1995)
Título original – Judge Dredd
sta foi a primeira (e muito ansiada) adaptação cinematográfica de Judge Dredd.
Futuro. A Ordem dos Juízes é responsável pelo policiamento, julgamento e aplicação da Justiça nas mega-cidades (bem caóticas em matéria de lei & ordem) que surgiram.
Judge Dredd é o nome mais conhecido, respeitado e implacável. Um dia, Dredd vê o sistema a virar-se contra ele, ao ser considerado culpado por um crime que não cometeu.
Dredd consegue fugir da prisão e procura saber a verdade. No processo, Dredd vai descobrir muitos pormenores sobre o seu misterioso passado/origem.
O filme não é tão mau como o pintam.
Começa em boa sintonia com a bd (mostrando o quanto implacável e violento é Dredd, como única resposta possível à violência da sociedade vigente), ilustrando muito bem o caos social de Mega-City, apoiado em grande luxo visual (hello “Blade Runner”).
Mas depois há perda de impacto.
Perde-se o mistério visual/facial de Dredd quando ele tira o capacete (o estúdio estava assustado com a ideia de um filme com Sly onde ele nunca mostrasse o rosto, e tinha receio de perder público).
O personagem wisecracking de Rob Schneider dá um tom de humor excessivo ao filme (a bd carregava mais num violento e corrosivo cinismo) e, por vezes, algo cansativo e irritante.
Tendo em conta a bd, há momentos em que Dredd fica algo “adocicado”.
O argumento, apesar de escorregar num vulgar whodunit conspirativo (Dredd é acusado de um crime que não cometeu, vê-se perseguido pelo sistema que sempre defendeu e descobre as falhas da lei que cegamente defendia), até traz muitas boas ideias sobre a origem de Dredd (bem como “explicações” sobre a sua falta de emotividade humana) e algumas pertinentes reflexões sobre o modelo de Lei & Ordem para uma sociedade.
Feitas as contas, “Judge Dredd” é um muito eficaz, competente e espectacular entretenimento.
Há muitos méritos na cenografia, guarda-roupa (ambos com maior relevância nos tais minutos iniciais), fotografia e efeitos visuais.
Sylvester Stallone tem a voz, postura e físico perfeitamente adequados ao personagem.
Ao seu lado, está boa gente, ainda que não completa e devidamente aproveitada – Diane Lane (sempre segura), Max Von Sydow (sempre impecável, mas merecia mais tempo), Jurgen Prochnow (sempre intenso, mas merecia mais tempo), Armand Assante (sempre inquietante) e Joan Chen (de perigosa doçura, a precisar de mais tempo).
Danny Cannon fazia o seu segundo filme, entrava logo pelas super-produções e procura dar bom espectáculo e estar em sintonia com os comics. O que o impediu de fazer melhor foram problemas de produção, que ele não conseguiu controlar (mais à frente explico melhor).
Quando “Dredd” estreou, a comparação foi inevitável entre os fãs, mas a verdade é que “Judge Dredd” merece uma revalorização pela boas qualidades técnicas e visuais, que retomam muito do comic que o origina, bem como pela postura adequada de Sylvester Stallone.
Foi um ligeiro (mas injusto) flop (ficou pago, mas não deu o lucro suficiente).
“Judge Dredd” tem edição portuguesa e anda a bom preço.
Realizador: Danny Cannon
Argumentistas: Michael De Luca, William Wisher, Steven E. de Souza, a partir do comic criado por John Wagner & Carlos Ezquerra
Elenco: Sylvester Stallone, Armand Assante, Rob Schneider, Jürgen Prochnow, Max von Sydow, Diane Lane, Joanna Miles, Joan Chen, Balthazar Getty
Orçamento – 90 milhões de Dólares
Bilheteira – 34 milhões de Dólares (USA); 113 (mundial)
Nomeado nos Saturn 1996 – “Melhor Filme – Ficção Científica” (ganhou “Twelve Monkeys”), “Melhor Guarda-Roupa (ganhou “Twelve Monkeys”), “Melhor Caracterização” (ganhou “Se7en”), “Melhores Efeitos Especiais” (ganhou “Jumanji”).
“Melhor Realizador”, pela Sci-Fi Universe Magazine 1995.
Sylvester Stallone esteve nomeado para “Pior Actor”, nos Razzie 1996. Perdeu para Pauly Shore em “Jury Duty”.
“Pior Actor” (Sylvester Stallone), nos The Stinkers Bad Movie 1995.
Judge Dredd foi criado por John Wagner e Carlos Ezquerra. Apareceu pela primeira vez em “2000 A.D.”, no ano de 1977.
Judge Dredd foi criado por John Wagner e Carlos Ezquerra. Apareceu pela primeira vez em “2000 A.D.”, no ano de 1977.
Segundo Wagner, Judge Dredd é um misto de herói e vilão, que se confronta entre o bem e o mal.
O projecto já data dos 80s. Harrison Ford esteve pensado como protagonista.
“Robocop” (1987) tinha muito de Judge Dredd. Isto levou a mais atrasos no projecto.
Renny Harlin (que já tinha trabalhado com Stallone em “Cliffhanger” em 1993 e voltaria a fazê-lo em “Driven” em 2000) e Richard Donner (que trabalharia com Stallone no mesmo ano em “Assassins”) foram considerados como realizador.
Os Irmãos Coen chegaram a ser chamados. Mas eles preferiram fazer “Fargo” (1996).
Richard Stanley foi considerado como realizador.
Tim Hunter foi considerado como realizador. Foi ainda na fase inicial do projecto.
Depois do sucesso de “Bill & Ted’s Bogus Journey” (1991), Peter Hewitt foi considerado como realizador. Arnold Schwarzenegger ia ser o protagonista, ao lado de Michael Ironside (e seria o reencontro entre ambos, depois de “Total Recall”, feito em 1990).
O jovem Danny Cannon acabou por ser o escolhido, apesar de só ter um filme no curriculum (“The Young Americans”, com Harvey Keitel). Cannon faria depois “I Still Know What You Did Last Summer” e depois seguiria para a Televisão (foi força criativa nas primeiras Seasons de “C.S.I.: Las Vegas”).
Cannon foi escolhido pois o seu filme anterior (“Young Americans”) foi do agrado dos produtores.
Cannon teve de recusar “Die Hard With a Vengeance” (1995) para fazer “Judge Dredd”.
Cannon tinha um poster que ele criou em 1987 e foi editado no “Prog 534 of 2000 A.D.”. Mostrava Harrison Ford como Judge Dredd, Daryl Hannah como Judge Anderson e Christopher Walken num outro personagem. Ridley Scott era o realizador. Seria um projecto incrível, de facto.
Cannon queria actores de renome internacional. Pretendia com isto dar ao filme uma dimensão intemporal.
Arnold Schwarzenegger chegou a ser considerado para protagonista.
Christopher Walken ia ser o vilão. Acabou por ser escolhido Armand Assante.
Reencontro entre Sylvester Stallone e Armand Assante, depois de “Paradise Alley” (1978, o primeiro filme de Stallone como realizador). Ambos são italo-americanos.
Reencontro entre Sylvester Stallone e Max Von Sydow, depois de “Escape to Victory” (1981, de John Huston, ao lado de Michael Caine e Pelé).
Reencontro entre Jürgen Prochnow e Max von Sydow, depois de “Dune” (1984).
Jürgen Prochnow dobrou a voz de Sylvester Stallone em muitos dos seus filmes, quando estreados na Alemanha.
Walon Green, Rene Balcer e Michael S. Chernuchin fizeram revisões no argumento, a pedido e cortesia do produtor Edward Pressman. Não receberam crédito.
No início, o vilão ia ser o Judge Death. Mas tal faria subir muito o orçamento, pelo que se optou por Rico e assim mexer num passado que envolve Dredd e Rico.
Nos comics, Fergie é um fugitivo que vive na Undercity e tem algum poder juntos dos marginalizados mutantes. No filme é apenas um cobarde que faz piadas.
Nos comics, as luvas, botas, ombreiras e joelheiras dos juizes são verdes. No filme, são pretas.
Nos comics, todos os juízes usam a mesma farda – placas douradas nos ombros, com uma águia no ombro direito e barras horizontais no ombro esquerdo. No filme existem duas fardas, consoante se são juízes novatos (só barras horizontais nos dois ombros) ou veteranos (a farda é como nos comics).
Stallone não conhecia o comic.
Cannon e Stallone tiveram sérios conflitos nas filmagens. Muito do resultado final do filme passa por decisões do actor sobre as do realizador.
Stallone queria que o filme fosse um actioner mas com elementos de comédia, pelo que exigiu alterações no argumento. Cannon queria um filme mais negro e sério.
Cannon queria fazer o que ele definiu como “O ´Ben-Hur` dos comic book movies“. Mas como Stallone viu o filme de forma diferente, tudo ficou comprometido.
Filmado nos estúdios Shepperton, em Inglaterra.
Danny Cannon teve de convencer o estúdio a filmar na Inglaterra. Cannon defendia que não só era o país natal de Dredd, como pela alta qualidade dos técnicos de Cinema do país.
Segundo Rob Schneider, foi Sylvester Stallone que o convocou pessoalmente após a recusa de Joe Pesci.
Schneider deu um enorme tombo por umas escadas, logo no seu primeiro dia de filmagens.
Diane Lane e Joan Chen fizeram toda a luta entre as suas personagens.
A cabeça da Estatua da Liberdade tinha um tamanho 20% maior que a verdadeira.
As roupas são de Gianni Versace e Emma Porteous.
https://www.giantfreakinrobot.com/scifi/judge-dredd-costume-designs-gianni-versace.html
https://comicsalliance.com/judge-dredd-cape-cowl-crimes-preview/
O filme passa-se em 2139.
Pela terceira vez, Sylvester Stallone interpreta um agente da Lei que é incriminado – “Tango & Cash” (1989), “Demolition Man”(1993) e “Judge Dredd” (1995).
O momento em que Dredd retira o capacete causou celeuma nos fãs. Nos comics, Dredd nunca mostra o rosto nem tira o capacete (a versão 2012 com Karl Urban teria isto em boa conta). Estúdio e produtores acharam que seria perigo$o fazer um filme com Sylvester Stallone onde ele não mostrasse o rosto.
Muitos dos veículos são Land Rover Forward Control 101s, que eram veículos militares. A Land Rover construiu 32 veículos para o filme.
A “Lawgiver II” é uma Beretta 92FS modificada.
A voz do computador é a de Adrienne Barbeau, ex-esposa de John Carpenter e actriz de vários dos seus filmes.
O bêbado no Lamborghini tem o nome de Mr. Souza – homenagem a Steven E. De Souza, um dos argumentistas.
O director da prisão de Aspen chama-se Miller. Em “Spaceballs” (1987, um spoof a “Star Wars”, por Mel Brooks) há um director de prisão com nome de… Miller. Sylvester Stallone tentou ser Han Solo em “Star Wars”. Harrison Ford foi o eleito. Stallone interpreta Judge Dredd, que chegou a ter Ford pensado como protagonista.
A cena onde Fergie goza com Dredd foi improvisada.
Quando Rico mata o jornalista e a esposa, ia-se ver as suas mortes em câmara lenta.
Quando o Judge Griffin é morto, a cena era mais explícita ao mostrar os seus braços e pernas a serem arrancados.
Os 70 clones são bonecos e stuntmen em prosthetics.
A cena em que Dredd destói os clones ia ser mais violenta.
Sylvester Stallone e Armand Assante usaram lentes de contacto para ficarem com os olhos azuis.
Jerry Goldsmith foi chamado mas devido aos atrasos na pós-produção e a outros compromissos de Goldsmith (“First Knight” e “Congo”), ele teve de sair do projecto. Mas compôs um tema para o teaser.
David Arnold já tinha feito a música para o filme anterior de Danny Cannon, “The Young Americans”. Foi chamado, mas foi depois substituído. Tudo porque os produtores viram Arnold como muito aliado de Danny Cannon.
Alan Silvestri entrou em cena. O seu score de tem semelhanças com o que ele fez para “Eraser” (1996, com Arnold Schwarzenegger).
A primeira gravação do score (nos estúdios CTS, em Wembley) de Silvestri foi recusada pelos produtores. A segunda (gravada em L.A, nos estúdios da Sony Pictures) já foi aceite.
O grupo Manic Street Preachers ia compor a canção do filme. Mas com o falecimento de um dos seus elementos, teve de cancelar. Em 2003 o grupo lança a canção “Judge Yr’self”.
A canção final, “Dredd Song” é dos The Cure.
Cannon não foi autorizado a fazer os reshoots.
O primeiro cut tinha uma classificação NC-17. Teve de ser remontado para receber a classificação R.
Stallone e o estúdio metem-se na montagem e fazem um filme para PG-13.
Em simultâneo saiu o jogo, para várias plataformas. Baseava-se no filme e em alguns comics.
Foi o primeiro filme a estrear em simultâneo com o lançamento do respectivo videogame.
Editaram-se duas novelizações – “Judge Dredd” de Neal Barrett, Jr., “Judge Dredd: The Junior Novelisation” de Graham Marks.
Na novelização do filme, Fergie tem um final diferente.
Saiu também um comic alusivo – “Judge Dredd: Official Movie Adaptation” de Andrew Helfer e Carlos Ezquerra.
As reacções da crítica foram fracas.
O filme não teve o triunfo nas bilheteiras que se esperava, tendo em conta o culto à volta do personagem, a popularidade de Sylvester Stallone e a qualidade do elenco.
Alguém viu semelhanças com “Demolition Man” (1993) – Sylvester Stallone nos dois filmes, futuro, um polícia, um criminoso à solta, uma conspiração política e Rob Schneider em ambos os filmes.
John Wagner disse que argumento nada tinha a ver com os comics. Mas considerou Stallone perfeito para o personagem. Elogiou o lado visual do filme, mas criticou o facto do filme querer ser muito e contar muita coisa.
Danny Cannon não se revê no cut final. Considera que o filme não é o dele mas o de Sylvester Stallone, dos produtores e do estúdio.
Stallone disse anos depois que gostou do argumento inicial, das ideias políticas e jurídicas presentes, bem como da dimensão da produção. Mas considerou que o filme foi uma oportunidade perdida para se fazer a adaptação devida de “Judge Dredd”.
Judge Dredd teria uma nova oportunidade no Cinema em 2012 – “Dredd”, de Pete Travis, com Karl Urban, Lena Headey e Olivia Thirlby. Esta nova versão teve melhor recepção da crítica, mas foi também um flop (apesar de ter sido um sucesso no mercado doméstico).
Dredd (2012)
Eis o título cuja segunda visão me fez mudar de opinião (para melhor).
Futuro (bem apocalíptico).
Um conflito nuclear deixou os sobreviventes aglomerados em mega-cidades. O caos e o crime reinam. A execução da Lei reside num grupo de Juízes, que são também júri e carrascos.
Judge Dredd é o juiz mais reputado e implacável. Um dia de rotina, onde vai dar treino a uma juíza recruta, transforma-se num dia infernal. Uma investigação leva-o a um edifício que é o quartel-general de Ma-Ma, uma violenta líder de um grupo traficante de uma nova droga.
O conflito vai ser uma autêntica guerra.
Nesta nova versão, Dredd nunca tira o capacete e o filme filia-se bem com o tom violento e brutal da bd.
O argumento é simples (no fundo, é um training day num raid a um covil de traficantes), consegue aqui e ali dar a visão daquele mundo apocalíptico, mas não consegue atingir o poder que a bd tem ao ser uma parábola sobre a lei, a justiça, a ordem, o crime, o caos e as sociedades urbanas.
Mas estão lá boas ideias (a recruta que aplica a justiça com o coração e a razão, face a um Dredd que segue apenas as directivas da lei; Dredd a fazer o juízo final, seguindo mais o coração do que a lei).
Para um filme que se pretende como início de saga e apresentação de um personagem (embora funcione muito bem como uma quase-sequela ao filme de Sly), o resultado é muito satisfatório, conseguindo-se bom entretenimento (o ritmo é avassalador, a acção é dura, violenta e sem complacências) com um visual de grande impacto (descolorido, feio e sujo), sendo fiel à excelente bd (o tom dado ao filme está em óptima sintonia com o material de base).
Na comparação com “Judge Dredd”, o look é menos luxuoso (as roupas e ambientes são mais baços e sujos em “Dredd”, sendo mais luminoso, nítido e colorido em “Judge Dredd”).
Karl Urban sai-se muito bem como Dredd, com atitude, presença e voz a preceito, mas não consegue igualar Sly (que tem toda aquela presença épica onscreen que lhe permite atingir aquele estatuto de movie legend bigger than life).
Olivia Thirlby cativa e Lena Headey é verdadeiramente medonha.
Pete Travis tinha deixado boa impressão com o trepidante “Vantage Point” (2008). Confirma o sei jeito para boa action.
O filme foi exibido num 3-D muito aceitável, com alguns momentos muito eficazes (as cenas em slow-mo).
E assisti-o numa sala de cinema só a mim dedicada. Carago, há assim tão poucos Dredd-nerds em Portugal?
É muito bom entretenimento, que faz justiça a Judge Dredd.
Nos bastidores já se falava em trilogia. Era algo que podia estar em perigo devido aos maus resultados nas bilheteiras americanas e mundiais. Contudo, as receitas que estavam a ser geradas no mercado doméstico pareciam incentivar a produção de uma sequela. Havia algum buzz à volta disso. Pena que nada evoluiu.
“Dredd” tem edição portuguesa, a bom preço.
Realizador: Pete Travis
Argumentista: Alex Garland, a partir do comic criado por John Wagner & Carlos Ezquerra
Elenco: Karl Urban, Lena Headey, Olivia Thirlby, Rakie Ayola, Domhnall Gleeson
Site – http://dreddthemovie.com/
Um poster balístico
https://www.youtube.com/watch?v=lIlugEgS3ug
Uma prequela em bd
http://pt.scribd.com/doc/104439907/DREDD-MA-MA
Orçamento – 50 milhões de Dólares
Bilheteira – 13 milhões de Dólares (USA); 41 (mundial)
“Melhor 3-D”, nos Empire 2013. Concorreu a “Melhor Filme Britânico” (perdeu para “Sightseers”) e “Melhor Filme – Ficção Científica/Fantasia” (perdeu para “The Hobbit: An Unexpected Journey”.
O Judge Joe Dredd foi criado em 1977 por John Wagner e Carlos Ezquerra, tendo surgido no Volume #2 de “2000 AD”.
Segundo Wagner, Judge Dredd é um misto de herói e vilão, que se confronta entre o bem e o mal.
Alex Garland escreveu três versões do argumento.
Garland começou o projecto depois durante a pós-produção de “Sunshine” (2007, de Danny Boyle). Garland começou por confrontar Dredd com o Judge Death. Mas considerou que a história implicava ambientes e personagens já estabelecidos, pois girava à volta de um golpe no sistema judicial daquele mundo, obrigando também ao espectador a ter conhecimento dos comics.
Garland abandona esta ideia e aborda a saga de Dredd na Cursed Earth.
Garland também abandona esta e segue para uma sobre uma ameaça terrorista à democracia criada pelos Judges.
Garland considera tal argumento demasiado grandioso para primeiro filme e pensa usá-la no final de uma trilogia.
Garland decide criar uma história mais simples, inspirada no filme “Training Day” (2001, de Antoine Fuqua, com Denzel Washington e Ethan Hawke).
Michael Biehn fez uma audition para ser o protagonista.
Duncan Jones tinha sido escolhido como realizador, mas recusou por não ter elaborado o argumento. Jones gostou do argumento, é grande fã de Dredd, mas queria envolver-se no projecto desde a sua origem, tendo também intervenção na criação do argumento.
Filmado na África do Sul.
Co-produção americana, britãnica, sul-africana e indiana.
Anthony Dod Mantle filmou com câmaras digitais 3D do tipo RED MX, SI2K e Phantom Flex. Mantle quis que o filme tivesse um visual entre “Blade Runner” e “A Clockwork Orange”.
Toda a equipa criadora diz que se inspirou em “Dirty Harry”, “Dog Day Afternoon”, “Goodfellas”, “Blade Runner” e “District 9”.
Karl Urban levou a interpretação de tal modo a sério, que entre takes nunca tirou o capacete nem sorriu.
Lena Headey aproveitou a paragem entre seasons de “Game of Thrones”.
Garland estava constantemente no set.
John Wagner foi consultor no filme.
A narração inicial é semelhante à de “Cobra” (1986, com Sylvester Stallone, que interpretou Dredd em “Judge Dredd”).
Ao contrário do que se viu em “Judge Dredd” e seguindo a regra dos comics, Dredd nunca tira o capacete.
Karl Urban deu um tom de voz semelhante à de Clint Eastwood. Judge Dredd inspirou-se em “Dirty” Harry Callahan (interpretado por Eastwood em cinco filmes). O visual de Dredd deriva do de David Carradine em “Death Race 2000” (1975, onde participou… Sylvester Stallone). Nos comics, Dredd vive em Rowdy Yates Block. Rowdy Yates era o nome do personagem de Eastwood na série ”Rawhide” (1959).
Urban insistiu em conduzir a mota.
Ma-Ma inspira-se em Patti Smith.
Ma-Ma ia ser uma mulher mais velha, mas Lena Headey convenceu Alex Garland a mudar a personagem.
Headey pintou o cabelo.
Algumas das tatuagens de Ma-Ma já existiam no corpo de Headey (principalmente as do braço direito).
Domhnall Gleeson interpreta o acessor técnico de Ma-Ma. Gleeson participaria no primeiro filme de Alex Garland, “Ex Machina” (2014).
O som nos momentos em câmara lenta deriva de uma canção de Justin Bieber, mas numa velocidade 800 vezes inferior ao normal.
A cena em que Ma-Ma e os seus homens iniciam o massacre necessitou de 10 dias de filmagens em oito sets diferentes.
No momento anterior a Dredd e Anderson seguirem para Peach Trees, vê-se num ecran a referência a Judge Hershey. Hershey apareceu em “Judge Dredd” (era interpretada por Diane Lane).
Peach Tree deriva de um restaurante com o mesmo nome, em Shrewsbury, onde Alex Garland e John Wagner se encontravam para falar sobre o filme.
O prédio que se vê durante a primeira perseguição é a esquadra de Polícia John Vorster. Foi aqui que o activista Steve Biko morreu, durante um interrogatório em 1977.
O Hall of Justice é o campus da Universidade of Johannesburgo.
Body count – 102.
Em Outubro de 2011, o “Los Angeles Times” informa que Pete Travis está fora do processo de montagem. Alex Garland está a supervisionar esse processo.
Segundo Karl Urban, “Dredd” teve muita presença de Garland na realização. Isto confirma alguns rumores da época, o que explica Travis não ter participado na promoção ao filme. Apesar de não ter crédito como realizador, Garland tem aqui o seu primeiro trabalho como realizador.
“Dredd” tem a mesma duração de “Judge Dredd” – 96 minutos.
Em paralelo ao filme foi editado um comic, que era uma prequela ao filme no que diz respeito a Ma-Ma. Tal comic surge na edição Blu-Ray.
Na data de estreia no Reino Unido, o filme ficou #1 nas bilheteiras. Algo raro naquela zona, para um filme para maiores de 18 anos.
Urban foi muito crítico face à forma como o filme foi promovido. Segundo o actor, praticamente que não havia conhecimento da existência do filme junto do público.
Houve quem comparasse “Dredd” com “The Raid: Redemption” (2011). Segundo Garland e Urban, o plágio seria impossível pois os dois filmes foram filmados praticamente em simultâneo.
John Wagner foi muito elogioso ao filme, pelo argumento, tom e a interpretação de Karl Urban, considerando-o como um acerto face ao erro que foi “Judge Dredd”.
Apesar de ser um flop de público, o filme teve boa reacção da crítica. O mercado doméstico foi simpático e permitiu recuperar algum dinheiro.
O fime ganhou um estatuto de cult movie desde a estreia.
Quando foi editado em DVD e Blu-Ray, o filme foi #1 de vendas no Reino Unido. O mercado doméstico americano também foi simpático. No total, “Dredd” facturou 20 milhões de Dólares no mercado doméstico.
Alex Garland queria fazer uma trilogia. “Dredd 2” seria sobre as origens de Dredd e da Mega-City One. “Dredd 3” já meteria em cena Judge Death e os Dark Judges.
Em 2012, Garland admitiu a possibilidade de uma série televisiva.
Em 2013, surgiu uma petição de fãs para um “Dredd 2”.
Em 2013, a “2000 AD” edita um comic que é uma sequela a “Dredd” – “Dredd: Underbelly”.
Em 2014, surge a série de animação “Judge Dredd: Superfiend”. Dura 6 episódios. É exibida no YouTube.
Em 2015, Garland admite que não haverá sequela.
Apesar das petições dos fãs e do sucesso no mercado doméstico, Pete Travis também confirmou que não haverá sequela.
Em 2016, Urban indica que há conversações com a Netflix e a Amazon Prime para um “Dredd 2”.
Em 2017, anuncia-se a série “Judge Dredd: Mega-City One”. Urban informa que pode participar nela.
Comparação feita:
Apesar dos bons méritos de “Judge Dredd” (cenografia, fotografia, guarda-roupa, efeitos visuais, poder de espectáculo, o tom dos primeiros minutos, o elenco secundário, Sylvester Stallone), este acaba por ser algo irregular (Dredd tirar o capacete, o excesso de humor) face a “Dredd”, que é mais homogéneo, regular e certinho face à bd (tom duro e violento constante, ausência de humor, qualidade na cenografia, fotografia e guarda-roupa), pelo que considero “Dredd” superior a “Judge Dredd”.
O site da bd de Judge Dredd – http://www.2000adonline.com/
10 Curiosidades sobre Judge Dredd
http://www.empireonline.com/features/10-things-dredd
https://whatculture.com/comics/10-most-evil-things-judge-dredd-has-ever-done
Porque fazer um texto com palavras em INGLÊS perdidas no meio????? Ridículo. Bd AD, “wisecracking”, “whodunit”, “training day” ….. se alguém aqui soubesse inglês iria ler o texto totalmente em inglês e deveria morar fora do Brasil, ridículo não valorizar a nossa língua.
O mundo cinéfilo é cheio de nerds e entre eles é constante o uso de expressões estrangeiras (fruto da paixão cinéfila e do facto de tais expressões já serem comuns).
Pelo menos em Portugal, assim é. Não conheço a realidade de tais meios no Brasil ou na CPLP.
Assim sendo, recorro a elas quando necessário.
No entanto deve se atentar que ficar usando tantos termos de língua inglesa o faz parecer esnobe e arrogante, no Brasil pelo menos, não sei qual a pira de Portugal de ficar usando inglês a cada frase quando se tem substitutos eficazes na própria língua portuguesa, sem dizer que para um leitor normal parece que você só tá colocando aleatoriamente termos que este não entende.
O site é feito em Portugal e não no Brasil.
Em Portugal não se traduz tudo, como é norma em muitos países (Brasil incluído).
E no mundo dos Nerds não há arrogância, há paixão pela conversa e partilha das descobertas.
E nada vc só posta esses termos em inglês pra parecer mais descolado kkkkk
Em Portugal ninguém reclama.
E aqui nenhum Nerd é descolado por usar termos estrangeiros. Pelo contrário.