Johnnie To é um dos mais activos e aclamados cineastas de Hong Kong.
Esta saga deixou o seu nome no mapa.
Pode ser visto como “´The Godfather` Made in China”.
Eleição (2005)
Título Original – Hak Se Wui (Black Society)
Título Internacional – Election
Uma Tríade precisa de mudar de líder.
No processo de “eleições”, vários tentam chegar ao poder.
Uma luta onde tudo vale.
Ao vermos o filme, três cineastas surgem à mente – Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e John Woo (compatriota de To).
De Coppola temos o espírito de família ligada ao crime, embora não no sentido familiar. To trata o grupo como se fosse uma irmandade fechada e de elite, mostrando as condutas, éticas, códigos, valores e relações.
À semelhança de Scorsese, há uma forte ambiência urbana e uma vincada presença masculina.
Tal como Woo, To ilustra a cumplicidade e as relações, onde os personagens se comportam com uma ética muito própria. Mas To afasta-se de Woo, não fazendo do seu filme um ballet de pólvora e sangue, enfatizando mais a astúcia dos personagens.
Mas não se pense que To faz um pastiche. To assina com personalidade, dando ao filme um tom frio, cru, desapaixonado, dando a sensação que To não quer envolver o espectador emocionalmente, tratando tudo como um “documentário”, onde a violência é mostrada de forma seca, real e sem glamour nem coreografias elaboradas.
Bom trabalho do elenco.
Final aberto.
Um óptimo mob thriller, que é também um estudo sobre o poder, que nos permite descobrir To e a saga.
Realizador: Johnnie To
Argumentistas: Nai-Hoi Yau, Tin-Shing Yip
Elenco: Louis Koo, Simon Yam, Tony Ka Fai Leung, Nick Cheung
Trailer
Nomeado para a “Palm d`Or”, em Cannes 2005. Perdeu para “L’Enfant”.
“Melhor Filme”, “Melhor Actor” (Tony Ka Fai Leung), nos Prémios Chinese Film Media 2006.
“Melhor Argumento”, no Festival Golden Horse 2005.
“Melhor Filme”, “Melhor Realizador”, “Melhor Argumento”, “Melhor Actor” (Tony Ka Fai Leung), nos Prémios Hong Kong Film 2006.
“Melhor Filme”, “Melhor Realizador”, pelos críticos de Hong Kong 2006.
“Melhor Realizador”, em Sitges 2005.
“Black Society” é a literal tradução para inglês do título original. Na gíria chinesa, denomina as Tríades (a Máfia chinesa).
Quentin Tarantino gostou tanto do filme que o considerou como o melhor filme de 2005.
Foi um enorme sucesso de público e crítica, em Hong Kong.
Eleição 2 (2006)
Título Original – Hak Se Wui Yi – Wo Wai Kwai (Black Society: Harmony is a Virtue)
Título Internacional – Election 2
Título USA – Triad Election
Perante o sucesso do original, eis a sequela.
Na verdade, é mais a Part 2.
Um novo tempo de “eleições” surge na Tríade. O líder da organização procura manter o poder e eliminar a concorrência. Mas o seu principal rival tem trunfos. E, mais uma vez, tudo vale na lita pelo poder (para o conquistar e para o manter).
Depois do jogo pela tomada do poder (no primeiro filme), segue-se a odisseia pela sua manutenção, bem como os esquemas pelo derrube do “regime”.
Mais violento (atenção à forma como se transforma os inimigos em comida para… cão), engenhoso (os esquemas que os rivais criam para tomar o poder) e rápido (o filme é mais curto e dinâmico), não deixa de ser uma análise de carácter sobre a obsessão pelo poder, mostrando que nesta senda não há anjinhos.
Final em aberto e permite a pergunta – é pior a “doença” ou a “cura”?
Um daqueles casos (raros) em que a sequela é superior ao original (que já é de grande nível).
To volta a dirigir com estilo, em tom (ligeiramente) mais acelerado e (muito) mais violento, mas sempre frio e distante.
Realizador: Johnnie To
Argumentistas: Nai-Hoi Yau, Tin-Shing Yip
Elenco: Louis Koo, Simon Yam, Nick Cheung
Trailer
Melhor Filme”, pelos críticos de Hong Kong 2007.
Apesar de ser exibido fora da competição de Cannes 2006, foi mostrado na sala Grand Theatre Lumiere, a mais prestigiada sala do festival.
Tal como o original, foi um sucesso de público e crítica em Hong Kong.
To já prometeu regressar à saga para um “Election III”.
Está previsto para 2018.
Os dois filmes “Election” têm edição portuguesa (os dois filmes estão num único DVD) e o preço anda “eleito”.
Merece a descoberta.
A Grande Ilusão 