Estamos habituados a ver o outro mundo como uma fonte de almas penadas que vêm assustar o nosso mundo.
“R.I.P.D.” passa-se nesse outro mundo e mostra-nos uma polícia que procura manter a Lei & Ordem entre os dois mundos e as alminhas.
Um jovem polícia é assassinado no acto do dever. Levado ao outro mundo, ele recebe a missão de ser incorporado num certo R.I.P.D. (Rest in Peace Department) e é emparceirado com um veterano rabugento (que já anda naquilo desde os tempos dos cowboys). Os dois não se entendem da melhor maneira e o polícia decide vir ao nosso mundo para confortar a viúva e descobrir o porquê da sua morte. E não é que o motivo passa por uma conspiração que visa unir os dois mundos? De pessoal, a missão já passou a ser do âmbito do R.I.P.D..
O filme foi um enorme bombo de festa, pelo público e crítica, nas bilheteiras americanas, sendo um dos grandes flops do Verão 2013 (o mesmo aconteceu com “The Lone Ranger”).
Há razões para tal?
Apesar das suas limitações (qual o Summer pop-corn movie que não as tem?), a verdade é que não.
Estamos perante um título divertido, rápido, despretensioso e eficaz dentro do seu género e objectivos.
O realizador Robert Schwentke (“Flightplan”, “RED”) dirige com ritmo e filma tudo com bom gosto e estilo, cria sequências de acção cativantes, aproveita muito bem os efeitos visuais (que são de muito bom nível) e com o tom goofy geral coloca o filme entre a bd e o cartoon.
O humor é fácil e rápido, a vertente humana e emocional é mínima, o argumento é simples e o trabalho do (bom) elenco é desigual.
Se Ryan Reynolds parece querer levar tudo a sério (talvez tenha necessidade de mostrar à indústria as suas capacidades), já os seus companheiros de elenco (com mais experiência) decidem encarar tudo no registo da paródia e dos “serviços mínimos”. A adorável Mary Louise Parker diverte com o seu rigor, Kevin Bacon diverte-se a refazer alguns mauzões que já interpretou no passado, Jeff Bridges diverte-se como um catraio a refazer o que já criou (excelentemente) em “Wild Bill” e “True Grit”. A química entre Bridges e Reynolds é que podia ser melhor e o filme ganharia com isso.
É certo que se pode ver “R.I.P.D.” como o “Men in Black do mundo dos mortos”, mas o filme é um bom entretenimento. Claro que tudo poderia resultar num filme, ainda que de bom poder de entretenimento, de nível superior. Consigo imaginar o que Matthew Vaughn (veja-se a belíssima fantasia que é “Stardust” ou a irreverente adaptação bd que é “Kick-Ass”) ou mesmo John Carpenter (veja-se a perfeição que é “Big Trouble in Little China”, magistral combinação de acção e fantasia) fariam com isto. Mas nem sempre se podem contar com os melhores para tudo, pois não? Não é que eles já estejam no outro mundo, mas têm outros mundos para tratar.
Site – http://www.ripdintl.com/intl/pt/
A BD em que se inspira
http://darkhorse.wikia.com/wiki/Rest_In_Peace_Department
http://www.comicvine.com/ripd/4050-22934/
http://www.darkhorse.com/Books/12-391/R-I-P-D-TPB
Os ódios da crítica – http://www.comicbookmovie.com/fansites/nailbiter111/news/?a=83603