RoboCop – A(s) Saga(s)

RoboCop - 1

RoboCop é uma figura, ícone e herói incontornável da pop culture do final do Século XX.

Começou no Cinema (o impacto e culto do primeiro filme são enormes), teve sequelas, andou pela televisão, pela animação, pela bd e até nos videojogos.

(nada mau, para um robot, huh?)

 

A nova versão (ou reboot) deste clássico andou pelas salas há uns meses.

Boas razões para se revisitar o passado deste mítico cyborg.

RoboCop - Poster 1 

RoboCop – O Polícia do Futuro (1987)

O filme que marcou a chegada a Hollywood do controverso cineasta holandês Paul Verhoeven (“Turkish Delights”, “Soldier of Orange”, “The Fourth Man”, “Spetters”). Verhoeven é autor de um cinema cínico, crítico, (extremamente) violento e (extremamente) sexual.

O seu debut em Hollywood não poderia ter encontrado melhor produto para a marca do cineasta.

 

Detroit. Futuro. Um poderoso grupo empresarial, a OCP, é dono e gere a polícia da cidade (ora aqui está um sonho do capitalismo – Lei & Ordem a serem um produto à venda). A cidade vive mergulhada no caos da violência, com polícias a caírem que nem tordos em época de caça. O responsável é o gang do temível Clarence Boddicker.

Alex Murphy, um jovem e correcto agente, chega ao mais complicado distrito da cidade. A sua parceria é a aguerrida Anne Lewis.

A primeira missão termina de forma trágica para Murphy. É (barbaramente) morto por Boddicker e o seu gang.

A OCP elaborou um plano para combater o crime. A criação RoboCop, um cyborg (humano, robot e computador numa só criatura) praticamente invencível, sem as fraquezas de um humano e com uma imbatível precisão na erradicação do mal urbano.

Mas um importante executivo tem fortes relações com Boddicker e o seu grupo, com o objectivo de conseguir vender os seus produtos (anti-crime e pró-segurança), assegurando que Boddicker fique com o controlo do mundo do crime.

RoboCop é um sucesso nas suas acções. Mas Lewis começa a notar certos comportamentos no robot que se parecem a muitos de Murphy. Será que Murphy “renasceu”?

RoboCop - 2

“RoboCop” é um prodígio de Cinema (e aceito a controversa do que digo/escrevo) e pode ser visto por vários ângulos.

Enquanto policial urbano de acção, estamos perante um título de uma espectacular eficácia, de um ritmo avassalador, grande força visual e emocional, com óptimas set pieces de acção.

Mas o filme incomoda noutras áreas.

Verhoeven elabora uma poderosa parábola social, política e económica, na linha do que de melhor se espera da uma digna sci-fi.

Goza-se com a política (um ex-Mayor toma reféns para retomar o seu antigo cargo; a incapacidade das autoridades políticas no saber gerir uma cidade), mostra-se o “holocausto” que surge do poder empresarial numa sociedade (a Policia a ser “funcionária” de um grupo empresarial; a empresa está mais preocupada com despesas e lucros que com a segurança da cidade e dos seus cidadãos) e profetiza-se o futuro das metrópoles em matéria de crime e Lei & Ordem (o caos total e uma polícia, sem meios técnicos e humanos, que só serve para alvo), os excessos do consumismo (os spots publicitários na televisão).

Verhoeven faz também um subtil “filosofar” sobre a relação Homem-Máquina, do homem com a tecnologia e a essência (alma?) do ser humano.

Tudo com apurado sentido visual e de impacto (Verhoeven é um perfeccionista visual – veja-se a primeira aparição de RoboCop, o surgir de RoboCop nas chamas), que nunca esquece o lado dramático da narrativa (as memórias de Murphy, RoboCop a revisitar a casa de Murphy, RoboCop a ser atacado pelos seus, o sofrido pedido de ajuda de RoboCop a Lewis).

Fiel ao estilo Verhoeven é a força da violência. Pois bem, Verhoeven e o seu Cinema não são para mariquinhas. “RoboCop” é uma excelente prova. Verhoeven faz-nos sentir toda a força destruidora da violência (sentimos a longa agonia da morte de Murphy; os actos de Boddicker incomodam).

Excelente trabalho a nível de fotografia (do grande Jost Vacano), montagem (do grande Frank Urioste), efeitos de caracterização (do grande Rob Bottin) e de robótica (do grande Phil Tippet).

Épica música do grandíssimo Basil Poledouris.

Peter Weller muito bem, a criar um personagem simpático para depois saltar para outro que luta pela recordação e afirmação da sua humanidade. Nancy Allen em registo kick-ass, mas como pilar emocional do herói. Kurtwood Smith e Ronny Cox compõem dois vilões verdadeiramente repugnantes.

RoboCop - 3

“RoboCop” foi um grande sucesso no Verão 1987. Tornou-se um culto e um clássico de forma instantânea.

Depois do assassino “The Terminator” (em 1984), o Cinema dava-nos um cyborg mais simpático e amigo da Humanidade.

“RoboCop” é um dos vários títulos geniais que a década de 80 nos deu em matéria de sci-fi – “Blade Runner”, “The Terminator”, “The Hidden” e “John Carpenter`s ´Escape from New York`” (o melhor de todos). Retratos de um futuro apocalíptico, nada promissor para o ser humano, com (imensos) aspectos em que (quase?) todos foram proféticos.

“RoboCop” é peça indiscutível do Cinema moderno e da pop culture do final do Século XX.

RoboCop é um prodígio de design, com impacto e poder icónico.

RoboCop - 4

Realizador: Paul Verhoeven

Argumento: Edward Neumeier, Michael Miner

Elenco: Peter Weller, Nancy Allen, Dan O’Herlihy, Ronny Cox, Kurtwood Smith, Miguel Ferrer, Ray Wise

 

Orçamento – 13 milhões de Dólares.

Receitas – 53.

Alugueres – 24.

 

Trailer

 

Entrevistas com Peter Weller

 

O tema de Poledouris

 

RoboCop - 5

“Melhores Efeitos de Som”, nos Oscars 1988.

“Melhor Filme de Sci-Fi”, “Melhor Realização”, “Melhor Argumento”, “Melhor Caracterização”, “Melhores Efeitos Especiais”, nos Prémios Saturn da Academia de Filmes de Ficção Científica, Fantasia e Terror 1988.

“Prémio C.S.T.” e “Melhores Efeitos Especiais”, em Avoriaz 1988.

“Melhor Música para Filme”, nos prémios BMI 1988.

“Melhor Realização”, em Sitges 1987.

RoboCop - 6

O theatrical cut que chegou a Portugal veio sem censura. Mas nalguns países (incluindo USA) viu-se alvo de muitos cortes. O filme tem edição em Portugal (e bem luxuosa, cheia de extras e com dois cuts). O Director`s Cut tem mais alguns segundos de duração – Verhoeven acrescenta mais alguns (sanguinários) planos em algumas das sequências mais violentas (a morte do executivo, a morte de Murphy, a morte do vilão).

 

Arnold Schwarzenegger chegou a ser ponderado para protagonista. Foi recusado dado o seu imenso físico que poderia dar a RoboCop um ar de “Michelin Man”. Schwarzie tinha-se popularizado como “Terminator”, um inverso de RoboCop (o robot assassino é humano por fora e robot por dentro, o robot justiceiro é robot por fora e humano por dentro). O trailer de “RoboCop” usa um tema musical de “The Terminator”.

Stephanie Zimbalist foi a primeira escolha para Lewis, mas teve de rejeitar devido a compromissos com uma série televisiva (“Remington Steele”, a série que impediu Pierce Brosnan de ser 007 em 1987). Nancy Allen foi convocada e Verhoeven pediu para cortar o cabelo. Verhoeven queria Nancy pouco sexualizada.

O argumentista Edward Neumeier tive a ideia ao visitar o set de “Blade Runner” (onde um polícia persegue robots). Neumeier achou interessante a ideia de um polícia robot a caçar criminosos humanos.

David Cronenberg foi sondado para realizar, mas recusou. Curiosamente, Cronenberg e Weller encontrar-se-iam em “Naked Lunch”, o filme que obrigou Weller a recusar… “RoboCop 3”.

Verhoeven chegou a ponderar Tom Berenger como RoboCop.

Rutger Hauer (actor-fetiche de Verhoeven, na fase holandesa) foi também ponderado.

Jonathan Kaplan ia realizar, mas recusou; preferiu fazer “Projecto X”.

Alex Cox também foi sondado mas recusou.

O argumento fora rejeitado por todos os realizadores de topo. Verhoeven chegou também a recusar, após ler as primeiras páginas. Foi a esposa que o convenceu a voltar atrás na sua decisão.

RoboCop - 7

Rob Bottin desenhou RoboCop. Mas a equipa de produção não estava contente e andou sempre a pedir alterações. Nenhuma delas funcionava. Resultado? Usou-se o desenho original de Bottin. Tal originou atrasos e o fato só ficou pronto no dia em que se filmou a primeira cena com o personagem.

Eram necessárias 11 horas para Bottin e a sua equipa mascararem Peter Weller.

Sempre que Weller estava vestido de RoboCop, Verhoeven dirigia-se a ele como “Robo”.

Com o fato completo, Weller nunca conseguia entrar e sair de um carro. Quando filmado dentro de um, Weller apenas usa a parte superior do fato. Para criar a ilusão de entrar e sair do carro, filmavam-se planos a simular saída e entrada e o engenho da montagem fazia o resto.

Weller passou um grande susto na cena da discoteca, ao descer as escadas. O capacete, o néon e o ruído da música não lhe davam a capacidade de visão e concentração. A cena foi repetida três vezes.

Verhoeven não estava muito contente com a forma como Weller se movia (tinha a ver com o peso do fato e a forma como dificultava a locomoção). Muitas reuniões e discussões (bem acesas), mas Verhoeven acabou por aceitar as decisões de Weller.

Weller perdia mais de 1 Kilo por dia, devido ao calor que o fato lhe dava. Ao fim de alguns dias, Weller queixou-se e a produção ameaçou entregar o personagem a Lance Henriksen (que chegou a ser a primeira opção para “The Terminator”) e sondou-o. Mas o actor recusou por conflitos de agenda e depois houve entendimento com Weller (o fato recebeu um sistema de ar condicionado interno).

O espigão que sai da mão de RoboCop e o sair da arma da sua “coxa” são momentos que foram filmados em separado, com peças isoladas do fato principal.

Sete fatos foram criados e usados. Cada um com especificações próprias, para certas cenas.

O fato teve um custo entre os 500.000 Dólares e 1 milhão.

A arma de RoboCopo é uma Beretta M93R modificada.

RoboCop - 8

Na cena dos reféns, quando RoboCop usa a sua visão infra-vermelha e termográfica, Verhoeven fez recurso a tinta florescente sobre corpos (despidos) e a um certo tipo de luz. Verhoeven achou que tal recurso ficaria mais barato que o uso de uma câmara de infra-vermelhos.

Quando ED-209 cai pelas escadas, é o robot à escala real a cair por umas escadas, mas estas são de menor escala.

Perante o aperto da agenda e do orçamento, Verhoeven não filmou, intencionalmente, a cena de morte de Murphy. Quando toda a principal photography se concluiu, Verhoeven pediu mais tempo e dinheiro para a dita cena.

A cena da morte de Murphy sofreu vários cortes para evitar que o filme recebesse uma classificação X. Contudo, o Director`s Cut é mais explícito e longo na cena, mostrando o violento desmembramento de Murphy a tiros por parte dos seus assassinos.

Verhoeven rejeitou uma cena, por considerá-la demasiado sentimental – Murphy, como Robocop, regressa a casa, mas nem esposa nem filho o reconhecem, apenas o cão.

A cena de Murphy no hospital usa uma verdadeira equipa médica para aquele tipo de situações. A movimentação dos personagens e os seus diálogos foram improvisações na hora.

A cena de um vilão a “derreter” esteve para ser apagada pela MPAA. Mas como os test screenings mostravam os espectadores eufóricos com tal momento, a comissão deixou a cena passar.

Verhoeven queria que RoboCop matasse um vilão ao espetar-lhe o seu espigão no olho. Mas temendo um corte da MPAA, optou por outro tipo de situação.

Uma cena extra foi filmada, onde se mostrava Lewis a ser salva pela equipa médica.

O tiroteio na fábrica de droga não era para ser tão rápido. Mas como as armas (falsas) encravavam frequentemente, os planos não podiam ser longos. Tal rapidez (forçada) na edição favoreceu o ritmo (e tom) da cena.

Verhoeven e Rob Bottin tiveram uma acesa discussão sobre o momento em que Murphy retira o capacete. Bottin achava que demasiada luz mostraria os efeitos de caracterização, por isso queria a cena em penumbra; Verhoeven queria tudo bem iluminado, pois confiava no director de fotografia, o grande Jost Vacano. Quando a cena foi filmada, Bottin zangou-se e não falou mais com Verhoeven durante a produção. Quando se viu a cena devidamente editada, o diálogo foi retomado e o perdão pedido e dado. Ambos reencontrar-se-iam no filme seguinte de Verhoeven, o espectacular “Total Recall” (com mais um notável trabalho de Bottin, a nível de caracterização).

O filme recebeu a classificação R, mas só aos fim de 12 cuts.

O personagem de Miguel Ferrer seria mais antipático. Mas perante a atitude do actor, Verhoeven e argumentistas ficaram contentes com a mudança de registo.

Kurtwood Smith ia interpretar outro personagem. Como Verhoeven cresceu em época de Holocausto, achou que Smith tinha um ar de nazi e ficava melhor como o vilão principal.

Os efeitos especiais foram feitos num computador Commodore Amiga.

Os point-of-view de RoboCop mostram referencias ao MS-DOS.

Verhoeven faz um cameo – na cena da discoteca, é o homem que dança e fica admirado com a confrontação entre RoboCop e um vilão.

Para Verhoeven, RoboCop é uma versão futurista de Cristo. A bala que destrói a mão de Murphy é o prego que prega Cristo à cruz; a bala na cabeça de Murphy é a coroa de espinhos de Cristo; tal como Cristo, também Murphy renasce, mais poderoso e capaz de salvar/ajudar a Humanidade.

Apesar da produção ter receio que houvesse desaprovação por parte da polícia, vários agentes que assistiram a um screening elogiaram o momento em que RoboCop agride o vilão enquanto lhe lê os direitos.

Em Sacramento, um homem que tinha acabado de fazer um assalto refugiou-se numa sala onde se exibia “RoboCop”. Estava de tal modo absorto no filme, que nem deu conta do cerco que a polícia lhe fez. Foi capturado, mas só depois do filme ter terminado.

 

RoboCop 2 - Poster 1

 RoboCop 2 (1990)

Quando um filme tem tanta força, sucesso, impacto e uma assinatura bem vincada como aconteceu com “RoboCop”, a sequela tem sempre uma missão (bem) difícil.

Ainda mais quando há a perda dessa assinatura. É que em vez de um cineasta intenso como Paul Verhoeven, surge um jeitoso tarefeiro de nome Irvin Kershner (“Eyes of Laura Mars”, “Never Say Never Again” – aquele 007 que surgiu à margem e que marcou o regresso de Sean Connery ao personagem -, “The Empire Strikes Back” – o Episode V de “Star Wars”, que é aclamado como o melhor de toda a saga e é o título mais célebre e evocado do realizador).

 

Detroit continua mergulhado no caos do crime. RoboCop não consegue resolver tudo. Agora há um grupo que se dedica a um novo tipo de droga – Nuke. Como se fosse pouco, RoboCop vê-se reprogramado para ser um “bom robot”. A OCP avança com o projecto RoboCop 2, onde se promete um cyborg ainda mais poderoso e implacável. Mas tudo se complica quando se descobre que o “cérebro” é do líder do gang que traficava Nuke. Como trazer o “velho” RoboCop de volta?

RoboCop 2 - 1

Como sequela que se preza, “RoboCop 2” procura oferecer mais.

Elogia-se a tentativa de fazer continuidade na narrativa, face ao original (o caos ainda existente na cidade, os jogos empresariais da OCP, RoboCop em busca da família de Murphy, os duelos homem-máquina dentro herói).

Mas a verdade é que tal fica-se pelos minutos iniciais. Depois, “RoboCop 2” cai no campy mais infantil (um dos vilões é uma criança e até dispara contra o herói) e patético (as novas directivas de RoboCop transformam-no num “robot do coro” – é desconcertante vê-lo todo moralista, certinho e vaidoso).

Há melhorias na fotografia (mais viva e nítida – do sempre competente Mark Irwin) e nos efeitos de robótica (a confrontação final).

Mas o filme ressente-se da mudança de um autor bem vincado como Verhoeven para um tarefeiro como Kershner. Este tem medo de continuar a força emocional e violenta do original e limita-se a fazer um produto mais complacente e isento de controvérsias (o “desmembrar” de RoboCop parece uma versão “sem calorias” do assassinato de Murphy no primeiro filme).

RoboCop 2 - 2

Estão lá boas ideias, sejam sobre o mundo político (o Mayor sem poder face à OCP; a sua negociata com traficantes para conseguir algum poder dentro da cidade; os seus valores humanos em confronto com os interesses financeiros de grandes grupos económicos) ou do mundo empresarial (a OCP não quer reparar RoboCop, pois tal fica muito caro; o orgulho em fazer produtos “Made in USA”). Mas tudo é tratado de uma forma muito rápida e banal.

Por outro lado, o filme dedica muita metragem (quase 1/3) à parte em que RoboCop fica “bonzinho” e às origens de tal.

Para sequela de “RoboCop”, lamenta-se que o herói tenha menos relevo na narrativa e até o seu “tempo de antena” se ressente disso.

Felizmente o filme redime-se (ligeiramente) na confrontação final. Um épico duelo robótico, com o melhor que a tecnologia cinematográfica tinha na época, a recordar os bons tempos de Ray Harryhausen.

Na música, o grande Basil Poledouris é substituído pelo rotineiro Leonard Rosenman, que cria uma banda sonora eficaz.

Peter Weller bem se esforça, mas o argumento e realização não lhe permitem brilhar como no primeiro filme. Nancy Allen tem uma prestação mais decorativa (e o novo penteado fica-lhe muito bem, dando-lhe um ar mais feminino). Os vilões são de pacotilha, nas interpretações e nas “definições”.

RoboCop 2 - 4

“RoboCop 2” é um retrocesso (imenso) face ao original.

Se o virmos como um divertimento campy, talvez o possamos usufruir como uma criança (não é por acaso que há uma criança vilã e uma cena em que RoboCop invade um salão de jogos cheio de adolescentes que o vaiam perante o seu “moralismo”).

 

Realizador: Irvin Kershner

Argumento: Frank Miller (história) & Walon Green

Elenco: Peter Weller, Nancy Allen, Belinda Bauer, Tom Noonan, Daniel O`Herlihy, Patricia Charbonneau

 

Orçamento – 35 milhões de Dólares.

Receitas – 45.

Alugueres – 22.

 

Trailer

 

A Prime Directives de RoboCop são três:

  1. Servir o Interesse Público
  2. Proteger os Inocentes
  3. Preservar a Lei

 

O filme aproveita para lhe adicionar novas Directives . Eis algumas:

DIRECTIVE 233: Conter Sentimentos Hostis.

DIRECTIVE 234: Promover uma Atitude Positiva.

DIRECTIVE 235: Suprimir Agressividade.

DIRECTIVE 236: Promover Valores Sociais.

DIRECTIVE 238: Evitar Comportamento Destrutivo.

DIRECTIVE 239: Ser Acessível.

DIRECTIVE 240: Participar em Actividades de Grupo.

DIRECTIVE 244: Desencorajar Sentimentos Negativistas ou Hostis.

DIRECTIVE 245: Se Nada Há a Dizer, Nada Dizer.

DIRECTIVE 246: Não Acelerar em Zonas de Semáforos.

DIRECTIVE 247: Não Chapinhar em Charcos, nem Fazê-lo a Pessoas ou Carros.

DIRECTIVE 256: Não Usar e Desencorajar Calão.

DIRECTIVE 266: Sorrir.

DIRECTIVE 267: Manter a Mente Aberta.

DIRECTIVE 273: Evitar Estereótipos.

DIRECTIVE 278: Procurar Soluções Não-Violentas.

(pois, não admira que muitos dos fãs acusem esta sequela de ridicularizar o herói)

RoboCop 2 - 5

Perante o sucesso de “RoboCop”, Paul Verhoeven e os argumentistas foram convocados para a sequela. Segundo Verhoeven, só se comprometeria quando houvesse um argumento completo. O estúdio contratou Frank Miller e foram boas as conversações com Verhoeven. Mas o estúdio rejeitou as ideias do projecto colectivo. Algum tempo depois Verhoeven dizia que se as ideias de ambos tivessem sido aceites, “RoboCop 2” seria um filme bem melhor que aquele que acabou por ser feito.

O argumento proposto por Edward Neumeier e Michael Miner (autores do primeiro filme) para “RoboCop 2” foi usado para o Pilot da série televisiva “RoboCop”, em 1994.

Os produtores adoraram o argumento original de Frank Miller, mas consideram-no infilmável. Todo ele foi reescrito. Miller usaria na íntegra o seu argumento na saga BD “Frank Miller’s RoboCop”, editada em 2003.

Alan Moore (prestigiado autor de bd – “V For Vendetta”, “From Hell”, “Batman: Killing Joke”) foi convidado a escrever o argumento. Moore recusou.

Tim Hunter chegou a ser ponderado para realizador, mas saiu de cena por conflitos criativos com produtores e estúdio.

Nils Gaup foi sondado para realizador, mas recusou.

Patricia Charbonneau ficou com uma personagem que era inicialmente um homem. Peter Weller e Charbonneau reencontram-se após “Blue Jean Cop” (1988).

Weller e Nancy Allen mostraram-se desde cedo descontentes com o filme. Acharam que o filme dava pouca importância a RoboCop e dava uma imagem algo idiota do personagem, tornando-se um filme banal e até idiota. Weller afirmou que foram eliminadas muitas cenas onde se focava o emergir do lado humano de RoboCop.

Um primeiro cut mostrava a tortura e morte de um vilão, numa cena muito gráfica. Mas tudo foi re-editado para evitar conflitos com a MPAA.

Os point-of-view de RoboCop mostram referências ao sistema da Apple MacIntosh; o interface é semelhante, mas em vez de uma maçã há uma caveira.

Na cena em que RoboCop é reprogramado, vê-se o código hexadecimal do programa. Traduzido, significa “PETE KURAN IS A GREAT GUY”. Peter Kuran era o director de fotografia da unidade de efeitos especiais.

Na cena em que RoboCop entra num salão de jogos, vê-se referência à Data East. Esta é a empresa de software que desenvolveu os vídeo-jogos dedicados a RoboCop.

Os efeitos especiais foram feitos num computador Commodore Amiga.

É neste filme que vemos, pela primeira vez, RoboCop a recarregar a sua arma.

O fato é feito em fibra de vidro. Isto permitiu a Weller ter algo mais leve e deu-lhe uma maior liberdade de movimentos. O look fica mais metálico.

A cena de abertura do filme serviu como teaser trailer.

Cameo de Miller – é um dos fabricantes da droga Nuke.

Cameo de Kershner – é o primeiro rosto, quando alguém está a consultar os ficheiros dos condenados à morte.

É o último filme de Irvin Kershner.

A frase de RoboCop “Thank you for not smoking” seria depois usada numa campanha anti-tabagista, no Verão de 1990.

No filme fala-se que Detroit entrou em falência. Como a Vida imita a Arte, na verdade, e desde Julho 2013, Detroit está mesmo falida, com uma dívida de 20 biliões de Dólares.

 

 RoboCop 3 - Poster 1

 

RoboCop 3 – Fora da Lei (1993)

Depois de “RoboCop 2” parecia já não ser possível levar o personagem a sério (apesar da seriedade de algumas ideias do argumento). Até porque o herói já tinha chegado à televisão, com uma série de animação feita para a pequenada.

Sendo assim, para esta terceira aventura era legítimo esperar o pior.

Mas, felizmente, não é isso que acontece.

(mas estamos longe, bem longe, do poder, brilhantismo e impacto de “RoboCop”)

 

Delta City está a avançar. Mas para tal, a OCP tem de erradicar os habitantes da Old Detroit (curiosamente, a cidade passa a pertencer a um consórcio japonês). Para tal recorre-se a uns certos “Agentes de Reabilitação” (pela farda até parecem nazis), que não são mais que mercenários contratados para expulsar (ou eliminar) os residentes.

RoboCop cai no meio da batalha e escolhe um lado. Por muito que a OCP queira programá-lo para ser apenas um autómato que se deve limitar a obedecer a ordens e directivas, RoboCop usa o discernimento do seu lado humano para tomar decisões à volta do que ele considera como sendo o Correcto. E até encontra aliados – a sua cientista que fica comovida com a sua humanidade e uma menina que tem RoboCop como ídolo.

Agora que RoboCop está do lado dos exilados, a batalha parece sofrer um revés contra os opressores.

RoboCop 3 - 1

É uma sequela, mas ao contrário das regras recebe um menor orçamento.

Isso nota-se nos efeitos visuais (algo toscos, ainda que com uma simpática ingenuidade). Menos mal que isso não afecta RoboCop que até recebe um flying & artilery kit em forma de “colete”, que lhe permite voar e ter recursos de bombardeiro (algo que faria as delícias de Iron Man ou 007).

RoboCop já estava a ser alvo de meios artísticos que o procuravam aproximar às crianças. Pois bem, este novo filme tem um tom mais acessível a crianças (não é por acaso que o herói escolhe o seu lado de batalha graças a uma menina).

Voltamos a ter as questões habituais – o mundo empresarial (os jogos sujos da OCP em libertar a cidade dos cidadãos para que possa criar uma nova; o recurso a mercenários para acções assassinas e o marketing com imagem positiva deles) e o consumismo (os tais “agentes de reabilitação” a serem alvo de brinquedos action figures). Mas tudo é tratado de forma linear e sem a profundidade desejada.

Há lugar para a seriedade (RoboCop a pensar e a ser capaz de decidir entre Certo e Errado) e para o humor (RoboCop a solicitar e a usar o carro de um chulo), mas não se evita um certo ridículo (a confrontação entre RoboCop e um “Terminator Made in Japan” mostra-o algo trapalhão).

Boa fotografia de Gary Kibbe (um habitual de John Carpenter).

Basil Poledouris regressa à saga, com uma banda sonora muito capaz, ainda que não ao nível da que criou no filme original.

Robert John Burke não se sai mal, mas o argumento não lhe dá muitas oportunidades de mostrar o seu lado humano. Nancy Allen limita-se a uma presença decorativa, aparecendo até mais frágil e choquinha. John Castle compõe um vilão muito mauzinho. As simpáticas Remy Ryan e Jill Hennessy cativam pela amizade que mostram a RoboCop.

RoboCop 3 - 2

Menos sério, forte, profético e visionário que “RoboCop”, menos campy e idiota que “RoboCop 2”, “RoboCop 3” desenvolve bem algumas coisas sérias, mas não evita alguns momentos embaraçosos. Vê-se bem como um entretenimento B, com um tom próximo de uma bd actioner para putos.

 

Realizador: Fred Dekker

Argumento: Frank Miller (história) e Fred Dekker

Elenco: Robert John Burke, Remy Ryan, Jill Hennessy, Rip Torn, CCH Pounder, Nancy Allen

 

Orçamento – 23 milhões de Dólares.

Receitas – 10.

 

Trailer

 

RoboCop 3 - 6

Peter Weller teve de recusar esta nova sequela pois já estava comprometido para “Naked Lunch” de David Crobenberg (que, “por acaso”, chegou a ser sondado para realizar o primeiro filme).

Nancy Allen concordou em regressar à saga, mas impôs uma condição – a sua personagem seria morta na primeira metade do filme.

Frank Miller tentou usar as ideias que tinha para “RoboCop 2” (mas que lhe tinham sido recusadas), mas não teve melhor sorte que nesse filme.

Apesar da mudança do actor que interpreta Murphy/RoboCop, bem como os vilões (sempre novos por cada filme), o filme mantém muitos dos actores dos filmes anteriores – Nancy Allen (Ann Lewis), Robert DoQui (Sargento Reed), Felton Perry (Johnson), Mario Machado (o apresentador televisivo Casey Wong) e Angie Bolling (a esposa de Murphy).

Foi filmado em 1991 (um ano depois do segundo filme), mas só seria exibido em 1993. Tudo por causa do complicado processo de falência da Orion Pictures.

O fato utilizado neste novo filme é o mesmo de “RoboCop 2”. Mas como Robert John Burke é mais alto que Weller, Burke queixou-se que o fato o comprimia e ao fim do dia de trabalho causava-lhe dores.

Foi classificado como PG-13. Uma novidade, dado que os anteriores foram classificados como R.

Atenção ao cameo de Shane Black (amigo de Dekker e futuro argumentista grande de Hollywood – “Lethal Weapon”, “The Last Boy Scout”, “The Long Kiss Goodnight”, “Kiss Kiss Bang Bang”, “Iron Man 3”).

Filmado em Atlanta. Muita da paisagem urbana vista no filme seria demolida para as Olimpíadas 1996.

 

 

RoboCop - Animated - 1

RoboCop – Animation Series (1988)

Como série de animação que se preza, tem de ser divertida, infantil, apelativa e moralizante para a pequenada.

É o caso.

RoboCop passa de personagem duro em filmes para adultos para um personagem rigoroso, correcto, heróico e simpático.

12 episódios muito divertidos.

 

Intro

 

A série (completa)

 

 

RoboCop - The Series

RoboCop – TV Series (1994–1995)

A série televisiva (de imagem real) surge terminada a trilogia cinematográfica.

Continuamos em Detroit. RoboCop tem uma nova colega, Lisa Madigan, determinada agente em busca da promoção a Detective. Ao longo de 23 episódios, RoboCop combate todo o tipo de crime e vilões.

 

É uma visão mais light e acessível do herói, longe das patetices cometidas no segundo filme (e alguns lapsos cometidos no terceiro), continuando a mostrar RoboCop acérrimo na defesa da Lei & Ordem, mas menos violento. RoboCop é firme, mas nunca recorre à violência para derrotar os inimigos, nunca os mata, recorrendo a soluções engenhosas para os vencer (RoboCop comporta-se, por vezes, como MacGyver – “por acaso”, alguns elementos da equipa técnica e criativa vêm da série do “herói do canivete suíço”).

Interessante o facto de vermos alguns elementos da OCP mais simpáticos a RoboCop. Não deixa de ser relevante vermos RoboCop a ter a sua família sempre sob o seu olhar, sempre a zelar pela sua segurança, mas procurando um distanciamento emocional, sabendo que nunca poderá retomar a família normal que outrora teve. Igualmente importante é a sua parceria, com amizade crescente com a sua colega Lisa. Muito bem conseguida é a sua relação com a pequena Gadget, filha adoptiva do Sargento da esquadra, perita no uso de tecnologia e que tem RoboCop como um ídolo. Notável é a relação que RoboCop tem com Diana, o cérebro de um computador avançado, mas com alma humana e feminina.

Como é norma, assistimos aos habituais jogos corporativos e a piadas sobre o consumismo (vejam-se os spots cartoon de Captain Cash sobre um cartão de crédito da… OCP).

Bons meios de produção, boa capacidade de entretenimento, numa série feel good, adequada para final de tarde em família.

 

Elenco: Richard Eden, Yvette Nipar, Blu Mankuma, Andrea Roth

Eden dá uma interpretação muito humana e emocional a RoboCop e está muito próximo de Peter Weller. Nipar é a simpatico e determinada colega Lisa e está muito ao nível de Nancy Allen.

 

Trailer

 

Intro

 

O genérico inicial mostra imagens do primeiro filme.

A série decorre 4 anos depois do filme original e ignora as sequelas.

O episódio-piloto usa o argumento que Michael Miner e Edward Neumeier tinham delineado para “RoboCop 2”.

Foi pena ter sido rejeitado, pois tinha ideias com bom potencial:

  • a OCP cria um super-computador, com inteligência humana, para gerir a cidade;
  • o computador é “cerebrelizado” por uma mulher, com atitudes muito serenas e humanitárias;
  • a relação entre o computador e RoboCop e é muito interessante nos pontos de vista que abordam e na forma como se foca essência humana na moral da máquina;
  • RoboCop a zelar pela segurança da família de Murphy, mas mantendo uma certa distância;
  • A OCP com executivos “certinhos” e até adeptos de RoboCop.

A série ficou cancelada devido a baixas audiências e más críticas.

O episódio “Prime Suspect” inspira-se em “The Fugitive”. RoboCop é um fugitivo à justiça e procura provar a sua inocência. O episódio tem um momento inspirado no filme – o face off entre fugitivo e polícia nos túneis dos esgotos.

A arma de RoboCop sofre uma alteração face à dos filmes. É mais leve e mais fácil de usar pelo actor quando está dentro do fato. Por outro lado, a arma original (ainda que falsa) teve dificuldade em chegar ao Canadá (onde a série foi filmada).

Custo de cada episódio – 1.25 milhões de Dólares.

10 episódios já estavam escritos quando terminou a principal photography do episódio-piloto.

 

 

RoboCop - Alpha Commando

RoboCop: Alpha Commando (1998–1999)

RoboCop é chamado para integrar a “Alpha Division”, um grupo de elite de combate ao terrorismo, cujo maior inimigo é a tenebrosa organização DARC (Directorate for Anarchy, Revenge, and Chaos)

Os criadores são Michael Miner e Edward Neumeier, os criadores do filme original.

40 episódios de 30 minutos cada.

Mais uma boa e divertida série de animação para os petizes, onde podemos ver RoboCop a trabalhar com uma equipa tão poderosa como ele. A grande novidade é vermos o herói munido de imensos gadgets.

 

Vozes:

David Sobolov – RoboCop

Akiko Morison – Agente Nancy Miner (Nancy Allen é a actriz que interpreta Anne Lewis, a colega de RoboCop; Michael Miner é um dos criadores de RoboCop)

Dean Haglund (o futuro Langley, um dos “Lone Gunmen”, de “The X-Files”) – Dr. Cornelius Neumeier (vindo de Edward Neumeier, um dos criadores de RoboCop).

Blu Mankuma – Sargento Reed (Mankuma era o Sargento Parks, da primeira série televisiva, em imagem real).

 

Intro

 

A série (completa)

 

 

RoboCop - Prime Directives

RoboCop: Prime Directives (2000)

Mini-série de quatro episódios (com cerca de 90 minutos cada um).

 

Delta City. 13 anos depois do filme de Verhoeven. Delta City é uma cidade segura. RoboCop/Murphy sente o peso da idade e considera-se obsoleto. O seu filho Jimmy é um emergente executivo na OCP, mas não sabe da existência do pai. John Cable, antigo colega de Murphy, regressa à cidade como chefe da polícia. Mas as chefias da OCP não param de tecer teias à volta de RoboCop. O novo plano visa a destruição de RoboCop através de Cable. E se este falhar como humano, cria-se um novo RoboCop, a partir de Cable, com a mesma missão. Jimmy descobre os planos (e descobre que o pai está vivo). Todos juntos vão tentar desbaratar os planos da empresa.

 

Page Fletcher é Alex J. Murphy/RoboCop e sai-se bem.

O argumento tem boas ideias.

Só é pena tudo ser resolvido como se fosse um vulgar actioner sci-fi, oscilando entre o B e o Z.

Elogia-se a tentativa, a momentos, de dar algum punch ao tom, fugindo assim do tom campy das duas sequelas cinematográficas, bem como do tom mais light, simpático e familiar da série televisiva anterior.

 

Trailer

 

Episódio 1 – “Dark Justice”

 

Trailer

 

Episódio 2 – “Meltdown”

 

Trailer

 

Episódio 3 – “Resurrection”

 

Trailer

 

Episódio 4 – “Crash & Burn”

 

Trailer

 

“Melhor Som numa Série Dramática”, nos Prémios Gemini 2001.

 

O personagem Kaydick é uma homenagem a Philip K. Dick, importante escritor de sci-fi.

Page Fletcher foi considerado para interpretar Alex J. Murphy/RoboCop na série televisiva.

Esta nova mini-série ignora os eventos da saga cinematográfica.

 

 

RoboCop vs Terminator - 10

RoboCop vs Terminator (2006)

Yup.

Os mais famosos e implacáveis dos cyborgs encontram-se, finalmente.

 

É uma divertida montagem a partir de footage de filmes das duas sagas.

 

Realizador: Antonio Maria da Silva

 

 

 


RoboCop vs Terminator - 7

RoboCop vs. The Terminator (1993)

Um jogo a partir do comic de Frank Miller.

RoboCop vs Terminator - 8

 

Hooray for ROBOCOP

RoboCop - 10

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