A Rapariga da Mala (1961)

 

 

Título original – La Ragazza con la Valigia

 

Claudia Cardinale é outra das minhas Deusas do Cinema (italiano e global).

Pela bellezza, pela presença, pelo talento, pelo olhar fatal, pelo sorriso feliz, pela versatilidade e por ter filmes que estão na História do Cinema (onde se destacam as suas interpretações, a riqueza das suas personagens, a qualidade da escrita e o talento dos cineastas – Claudia trabalhou com Leone, Fellini e Visconti).

Ei-la num dos seus mais memoráveis trabalhos.

 

Aida é abandonada por Marcello. Mas ela consegue encontrar-lhe o rasto e procura-o na sua casa. Quem a recebe é o jovem Lorenzo, irmão de Marcello. Entre os dois surge uma singela e sentimental cumplicidade. Mas haverá futuro naquela relação que parece tomar outros rumos sentimentais (pelo menos, por um deles)?

Um belíssimo filme, sobre o encontro de corações sem rumo (seja pela inexperiência ou pela experiência da Vida), onde o diálogo é o motor da descoberta do interior de cada um e dos sentimentos que os unem.

O primeiro amor adolescente, a desilusão sentimental adulta, a solidão, a amizade, a inveja, o oportunismo sentimental, o desespero e a pureza emocional.

Tanta emoção, tratada com uma simplicidade e naturalidade que chega a ser arrebatador.

Boa banda sonora, com temas populares da época.

Excelente fotografia.

Valerio Zurlini (um realizador a merecer (re)descoberta) dirige com atento detalhe humano, sentimental e natural.

O neo-realismo ainda estava presente. Zurlini é grande admirador das obras de Antonioni e Visconti e procura aqui mostrar influências.

Profunda interpretação do jovem Jacques Perrin (futuro actor e produtor relevante do cinema francês a partir dos 70s).

Claudia domina o filme, com um trabalho entre o vulcânico (a sua entrada em cena, o “desfile” pela escada, o baile nocturno) e o comovente (o final), frágil (a cena na praia) e forte (a conversa com o padre), sentimental (a perseguição a Marcello) e distante (a atitude face ao conquistador da praia), compondo um dos mais profundos, complexos, emotivos e fascinantes personagens femininos do cinema italiano.

(Claudia já tinha feito, no ano anterior, “Rocco e i Suoi Fratelli” de Visconti, e seguiria para títulos igualmente grandiosos – “8½” de Fellini e “Il Gattopardo” de Visconti, ambos de 1963 – bem como de cariz popular – “Cartouche”, ao lado de Jean-Paul Belmondo, e o célebre “The Pink Panther”, ao lado de gente ilustre como Peter Sellers, David Niven e Capucine)

Um belo drama, bem à italiana, pleno de senso, que nos deixa sempre de malas feitas para acompanhar Claudia Cardinale.

 

O filme encontra-se editado em Portugal e está a óptimo preço.

Realizador: Valerio Zurlini

Argumentistas: Leonardo Benvenuti, Piero De Bernardi, Enrico Medioli, Giuseppe Patroni Griffi, Valerio Zurlini,

Elenco: Claudia Cardinale, Jacques Perrin, Luciana Angiolillo, Renato Baldini, Riccardo Garrone, Corrado Pani, Gian Maria Volontè, Romolo Valli

 

Clips

 

Esteve nomeado para a “Palm d`Or” em Cannes 1961. Perdeu para “Une Aussi Longue Absence” (de Henri Colpi) e “Viridiana” (de Luis Buñuel).

“David Especial” para Claudia Cardinale, nos David di Donatello 1961.

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