As cinematografias do Oriente têm sempre boa presença no Fantas.
É um facto que a Sul-Coreana tem tido mais relevo, mas é sempre possível ver um ou outro título de outros países.
Eis um título vindo do país da Suzuki.
(outrora, o cinema vindo do Japão tinha visibilidade nas salas e nos canais de televisão; hoje, parece haver um embargo)
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Futuro. Zombies são animais de estimação (que são alimentados a verduras e frutas; é proibido dar-lhes carne; são vendidos com manual de instruções e com uma arma de fogo para usar em caso de “avaria”) e empregados domésticos. Uma rapariga zombie trava uma certa intimidade afectiva com a criança da casa, principalmente depois de lhe ter salvo a vida. A hostilidade de alguns elementos da casa e os ciúmes da mãe terão consequências dramáticas e violentas (para todos).
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O tema dos zombies costuma ilustrar filmes de um terror mais explícito e até gerou um (sub-)género próprio (pode-se dizer que o “pai” é George A. Romero com a sua saga “… Dead”). O tema até vive um bom momento de forma através da (excelente) série televisiva “The Walking Dead” (no ar anda a Season 4).
Em “Miss Zombie” o que interessa não é um festival de gore ou justificações para sustos ou terror.
Estamos perante um título que foca as diferenças, a aceitação, a tolerância e a afirmação do indivíduo “diferente” face ao “normal”. Ilustração de um tempo (futuro ou presente?) onde os humanos são zombies do preconceito e da ausência de sentimento.
Narrativamente estranho, emocionalmente belo, visualmente fascinante.
Filmado num esplêndido P&B, onde o calor (emotivo) da imagem conta mais que o diálogo frio.
(atenção ao certeiro uso da cor, num decisivo momento)
Hiroyuki Tanaka (conhecido como Sabu) mostra-se um notável realizador a merecer atenção.
Um dos grandes, ainda que estranho, mas fascinante, filmes do Fantas 2014.
Bom candidato a prémios.
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Trailer
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“Grande Prémio”, no Festival de Gérardmer 2014
Site – http://www.miss-zombie.com/