Jean Renoir foi sempre um grande “pintor” (era filho do famoso pintor Pierre Auguste Renoir) da sociedade.
Ei-lo a usar as suas capacidades para ilustrar o mundo dos cabarets parisienses e o mundo do cancan.
Entre a comédia e o drama, o filme conta um pouco da história da famosa dança e do fascínio que causou na sociedade parisiense.
Um empresário da noite parisiense move esforços no sentido de criar um local de entretenimento onde se recupere uma tradição de Paris – a dança cancan. Mas aliado ao entusiasmo dos associados, futuros clientes, interessados funcionários e esbeltas bailarinas, surgem também entraves movidos pela inveja e moralismo. Mas nada parece travar o “vento” de um tal… Moulin Rouge.
Fiel ao seu Cinema (e aos seus genes), Jean Renoir usa todo o seu talento para fazer um quadro de uma época, de uma expressão artística e cultural, de um local mítico, bem como uma ilustração das mentalidades e moralidades da época.
Belíssimo trabalho de fotografia e cenografia, que não só nos transportam para a época, como também recriam (na perfeição) a estética da pintura (principalmente com a corrente do pai do cineasta), fazendo-nos acreditar, sentir e viver que estamos a ver um quadro de Renoir (o pintor) a ter vida e movimento.
Atenção aos minutos finais – um verdadeiro festim visual, sonoro e artístico.
Obra-prima total.
“French Cancan” tem edição portuguesa e anda a preço “dançável”.
Realizador: Jean Renoir
Argumentistas: Jean Renoir, André-Paul Antoine
Elenco: Jean Gabin, Françoise Arnoul, María Félix, Michel Piccoli
Trailer
Fiel à sua influência na pintura, Renoir (cineasta) evoca a estética de quadros de Renoir (o pai do cineasta), Degas e outros pintores impressionistas.
É o filme que marca o regresso de Renoir a França e ao cinema francês, depois do exílio em 1940.
Quando uma personagem canta “La Complainte de la Butte”, é a actriz Anna Amendola que representa e faz playback. A voz que se ouve é da cantora Cora Vaucaire (ela estava para participar no filme, mas foi rejeitada por não ter a beleza necessária).
Truffaut considera o filme como uma jóia de Cinema, no campo da cor.
Sobre o Moulin Rouge