A Colina da Saudade (1955)

Love Is a Many-Splendored Thing - Poster 1

 

Título original – Love Is a Many-Splendored Thing

 

Já estava com (muitas) saudades de Jennifer Jones.

Por isso, eis-me de volta o seu coração.

(ainda mais que à prateleira chegaram-me três novos títulos – depois cá virei falar dos outros dois)

 

Jennie está de volta aos grandes romances.

Agora em ambiente exótico (passa-se na China).

Ela tem ar exótico (interpreta uma euro-asiática).

A seu lado, um par de sonho – William Holden.

Dirige o mais romântico dos realizadores clássicos – Henry King.

 

Mark Elliott é um correspondente em missão na China. Um jantar de gala para o qual foi convidado leva-o ao encontro de Han Suyin, uma devota médica, viúva, de descendência inglesa e chinesa.

Apesar da sua inicial resistência, Mark insiste no convívio. Apesar de ir contra as regras (culturais), Han vai convivendo com Mark e muitos são os momentos especiais partilhados.

O amor surge, mas com muitos obstáculos a enfrentar. Mark deve divorciar-se de uma esposa que não lhe dá o divórcio e Han enfrenta imensos tabus da sua raça.

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 1

Jennie & Bill (um casal capaz de fazer muita mulher e homem suspirarem), o realizador perfeito para estas coisas, ambiente exótico e uma intensa e clássica história de amor. Que pode falhar?

E nada/ninguém falha.

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 3

Estamos perante mais um magistral caso de um romantic cinema no seu estado mais arrebatador e apaixonante.

King dirige com toda a sua habitual mestria, criando a todo o momento uma poderosa atmosfera sentimental (com a devida ajuda da fotografia, paisagem e música) – veja-se a forma como ele nos faz sentir o encanto da dita colina e as emoções aí vividas.

Mas este tipo de filme (também) vive à base dos seus actores. E aqui voltamos a estar no Olimpo.

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 7

Bill derrete toda e qualquer mulher com o seu sorriso infantil, mágico e sedutor (sempre que se dirige a Jennie em busca de um novo encontro).

Jennie é sempre um corpo de (pleno) sentimento. Para além da sua eterna beleza que nos deixa sem fôlego (a sua entrada em cena – a reacção de Bill é a do espectador masculino; Jennie fica bem de qualquer maneira, até como asiática), há a sua firmeza (a forma como ela tenta manter Bill à distância) e, claro, o sentimento (a sua voz no regresso depois do dia na praia, quando toma a decisão sentimental sobre a relação, a sua reacção quando sabe do entrave final à relação, o seu rosto quando sabe a verdade final – preparem os lenços, meninos e meninas).

 

Apesar de umas chatices entre ambos ocorridas durante as filmagens, dir-se-ia que nada disso aconteceu. Jennie & Bill têm uma química profunda e maravilhosa.

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 8

King oferece-nos (com a imensa ajuda de Jennie & Bill) uma das cenas (o encontro na praia – ahhh… e Jennie em fato de banho; as meninas consolam-se com o “peito aberto” de Bill) e um dos momentos (o acender dos dois cigarros, um através do outro como se fosse o mais delicado, escondido, proibido e eterno dos beijos) mais eróticos do Cinema.

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 5

Para além de uma love story à “moda antiga”, o filme de King é também, um tributo/apelo ao entendimento inter-cultural, à ruptura do preconceito, de tabus e de regras (culturais e sociais) sem sentimento, mostrando como tudo se resolve com fé, sentimento, razão, diálogo e… Amor.

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 10

Belíssima fotografia (em Glorioso CinemaScope).

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 6

Um verdadeiro Must do Romantic Cinema.

 

“Love is a Many-Splendored Thing” não tem edição portuguesa. Algumas edições europeias estão a bom preço, mas são isentas de extras. Para quem puder (necessita um leitor multi-region), recomendo (vivamente) a edição americana. Tem legendas em Inglês e Espanhol, não está a bom preço (se nova; há que comprar uma usada e em bom estado), mas conta com uma impecável remasterização de imagem e som, contado com bons extras (comentários de historiadores, documentário sobre Holden e vídeos da época).

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 4

Realizador(es): Henry King e Otto Lang (sem crédito)

Argumentista: John Patrick, a partir do livro de Han Suyin

Elenco: William Holden, Jennifer Jones

 

Trailer e Clips

http://www.tcm.com/mediaroom/video/221787/Love-Is-a-Many-Splendored-Thing-Original-Trailer-.html

 

Love Is a Many-Splendored Thing - Poster 2

“Melhor Guarda-Roupa – Cor”, “Melhor Música”, “Melhor Canção”, nos Oscars 1956. Esteve nomeado para “Melhor Filme”, mas perdeu para “Marty”. Jennifer Jones esteve nomeada para “Melhor Actriz”, mas perdeu para Anna Magnani em “The Rose Tattoo”. A fotografia do grande Leon Shamroy também esteve nomeada, mas perdeu para a de Robert Burks (outro génio da área) em “To Catch a Thief” (de Hitchcock).

“Melhor Filme na Promoção de Compreensão e Entendimento Internacional”, nos Globos de Ouro 1956.

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 9

Baseado no livro de Han Suyin, intitulado “A Many-Splendoured Thing”. O livro relata as experiências de Han como médica e um romance que ela teve com um correspondente inglês, semelhante ao que é descrito (no livro e no filme).

 

Jennifer Jones já estava casada com David O. Selznick (poderoso produtor). Várias vezes se queixou a e de William Holden (então famoso por tentar affairs com muitas das suas partenaires) que iria fazer queixa a Selznick. A partir de certo momento das filmagens, os dois actores deixaram de falar um ao outro (vendo-se o filme, ninguém diria). Quando Holden tentou fazer as pazes oferecendo um bouquet de rosas brancas a Jennie, ela atirou-as à cara dele. Há também a “lenda” que a partir da ruptura do diálogo entre ambos, Jennie comia alho antes da filmagem das cenas de amor com Holden. Também corre a “lenda” que Holden se irritou com as “birras” de Jennie em relação ao visual (que, segundo ela, a punha mais velha), à roupa e aos diálogos. Holden diria mais tarde que Jennie era agressiva para muitos membros da crew.

Para a cena na praia, Holden rapou o peito, acreditando que tal seria apelativo às plateias femininas.

 

Filmado em Hong Kong. Algo pouco habitual na época.

A dita colina estava localizada na Califórnia.

 

A música é de Alfred Newman.

Love is a Many-Splendored Thing - Soundtrack Cover

O tema

A canção é de Sammy Fain e Paul Francis Webster. A canção foi Numero 1 de vendas. Desde então já teve versões feitas pelos The Four Aces, Jerry Vale, Nat King Cole e Frank Sinatra.

A canção original:

 

A versão dos Four Aces

 

A versão de Sinatra

 

A versão de Cole

 

O filme originou uma série televisiva que durou 7 temporadas. Começou em 1967 e durou até 1973.

 

Sobre a verdadeira Han Suyin

http://moufawad-paul.blogspot.pt/2012/11/obituary-han-suyin.html

http://www.washingtonpost.com/local/obituaries/han-suyin-chinese-born-author-of-a-many-splendoured-thing-dies-at-95/2012/11/04/55d11efe-e887-11e0-9660-be84fb24c979_story.html

http://www.nytimes.com/2012/11/06/world/asia/han-suyin-dies-wrote-sweeping-fiction.html?_r=0

 

Love Is a Many-Splendored Thing - screenshot 2

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