The Barefoot Contessa – A Condessa Descalça (1954)

The Barefoot Contessa - Poster 1

É sempre bom andar a “passear” pelas minhas prateleiras dedicadas aos clássicos. Acabo por revisitar um título ou descobrir um que ainda esteja embrulhadinho. Foi o que aconteceu com este.

O grande Joseph L. Mankiewicz (“All About Eve”) juntou Ava Gardner e Humphrey Bogart neste sublime filme sobre a Vida, a Arte, o Cinema, os sonhos, a realidade e as vidas de Princesa – na vida, em sonhos e no Cinema.

Vários homens encontram-se no funeral de Maria Vargas, uma estrela de cinema, cujo brilho pouco durou.

Através de vários flashbacks, cada um dos homens recorda a forma como Maria lhes surgiu nas suas vidas e como iluminou cada uma das existências. Assistimos ao percurso de vida de uma mulher simples, com os “pés no chão” (gosta de andar descalça), determinada, sentimentalmente fria, desejada mas nunca possuída, em busca da concretização de um conto de fadas na sua vida, ao nível dos que Hollywood tão bem sabe criar. Mas vai descobrir que a cintilação estelar de Hollywood é, por vezes, muito curta, ainda que intensa.

Mankiewicz sempre foi mestre na escrita de rigorosos guiões e exímias direcções de actores. “The Barefoot Contessa” não é excepção. Com a sua habitual sobriedade e elegância, Mankiewicz assina um magnífico filme.

Gardner simboliza, na perfeição, todas as mulheres de sonho que fazem sonhar o cinéfilo quando as vê no grande ecran. Bogie é comovente ao compor um homem que criou um sonho de mulher, mas nunca deixou de compreender a pessoa.

A perfeita fotografia do grande Jack Cardiff (“The Red Shoes”) muito ajuda, apoiada nas belas localizações de Itália onde muita acção do filme se passa.

Um clássico. Um hino ao Cinema sobre a sua capacidade de fazer sonhar e criar sonhos, mas também uma “ventania” sobre a duração efémera de certos sonhos.

Ao longo do filme alguém diz que “os guiões devem fazer sentido, a vida não”. Os sonhos de Maria Vargas faziam sentido para ela, mas ninguém lhos soube dar.

Tal como na Vida, os sonhos fazem sentido para quem os tem, mas há ausência dele quando os destroem.

“The Barefoot Contessa” volta a lembrar a relação entre Vida e Arte, a efemeridade da primeira e a longevidade da outra.

The Barefoot Contessa - 2

Sabe-se que o argumento se inspira em partes da vida de Rita Hayworth (ela foi a primeira escolha) e da própria Ava Gardner.

Edmond O`Brien ganhou o Oscar para “Melhor Actor Secundário”. Mankiewicz esteve nomeado para “Melhor Argumento” (perdeu para Budd Schulberg por “On The Waterfront”).

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