Ora aqui está A GRANDE MOKA da temporada cinematográfica pré-Verão 2013.
Sexo, drogas, bom rock (e hip-hop), libertinagem, vida fácil, paisagens tropicais e (muitos) corpos esbeltos, bronzeados e curvilíneos.
Quatro meninas, algo cansadas das suas vidas estudantis, decidem fazer a sua viagem de finalistas. O dinheiro não chega, mas nada que um assalto não resolva. Ao chegar ao destino paradisíaco, o grupo vê-se metido num sarilho do qual são resgatadas por um estranho rapper e dealer. A parceria leva-as a um vasto conjunto de prazeres intenso e luxos fáceis. Mas todo esse sonho tem um preço do qual ninguém sairá ileso.
Sob a máscara de um filme sexy, divertido e aparentemente inocente, mas com a sua perversidade (grande parte das belíssimas meninas protagonistas têm curriculum em comédias simples, adolescentes e positivas; Emma Roberts chegou a ser convocada, mas teve de cancelar por conflitos de agenda), Harmony Korine (argumentista e realizador que nos dá sempre, tal como Larry Clark – com quem já colaborou – retratos controversos e chocantes do mundo adolescente moderno; é autor dos argumentos dos polémicos “Kids” e “Ken Park”) dá-nos uma visão de uma juventude actual, errante, sem rumo e futuro risonho, apenas disposta ao mais intenso, fácil e rápido dos prazeres e luxos.
Mas “Spring Breakers” também pode ser visto como uma crónica do desconsolo do ser humano (seja adolescente ou adulto) face à banalidade da rotina (seja na escola ou num emprego) e a busca (permanente) de algo que o faça sentir-se vivo.
Grande estilização na montagem, riquíssima palete de cores na fotografia, magníficas interpretações do elenco (James Franco é desconcertantemente irreverente e louco – o seu visual vai fazer história e inspirar muita festa de Carnaval; Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson e Rachel Korine – esposa do realizador, por isso é a que aparece mais generosamente despida – cativam o olhar e ficam na memória), o mais catártico, violento, estilizado e justiceiro final desde “Taxi Driver” e uma fantástica banda sonora (por lá anda Cliff Martinez, o autor do magnífico score de “Drive”; atenção ao uso de “Everytime” de Britney Spears – nunca mais ouviremos essa canção com sentimentalismo e inocência).
Excitante, voyeuristico (veja-se a cena de abertura, que nos faz desejar partir já para uma Spring Break), divertido, consolador dos olhinhos e provocatório, “Spring Breakers” merece estar entre os melhores, mais relevantes e memoráveis filmes de 2013. Mas é para dividir opiniões (e de forma bem extrema).
Ahh. Selena Gomez vem cá (Campo Pequeno, Lisboa, 11 de Setembro 2013). Podemos aproveitar a oportunidade e convidá-la para uma Spring Break.
O perfeito antídoto à crise (sim, dá vontade de entrar pelo parlamento e fazer como no final do filme). E se ficarem com vontade de rever (n vezes) o filme e fazerem algo como o que lá assistem, nada de mal nisso. Sinal que estais vivos.
Spring Breakers. Spring Breakers. Spring Breakers forever, you bitches.
Site – http://www.springbreakersmovie.com/
A banda sonora
Assim começa, musicalmente, o filme