Título Original – Estate Violenta
Regresso ao Cinema de Valerio Zurlini, uma verdadeira descoberta cinéfila que tive e fiz ao longo deste 2014.
(já aqui abordei “La Ragazza con la Valigia” e “Il Deserto dei Tartari”)
Eis mais uma das suas pérolas.
Riccione, arredores de Rimini. Verão de 1943. Itália continua a sofrer com a guerra.
Nesta pequena povoação costeira, os jovens descontraem-se com praia, cafés, bailaricos, convívios domésticos e namoricos.
Carlo Caremoli chega à povoação, para reencontro com familiares e amigos. Trava conhecimento com Roberta, uma viúva com uma filha, uma mulher fascinante de um nível social elevado.
Entre Carlo e Roberta surge um entendimento imediato e mútuo. Mas muitos são os obstáculos – a mãe dela, uma amiga dele com interesses sentimentais e a mobilização de Carlo para a frente de guerra.
Encontro de almas sós, de gerações à deriva, cercadas pela guerra, não apenas de balas e explosivos, mas também de preconceito, ciúme, inveja, confrontos políticos e sociais, intolerância e receios perante um futuro incerto que só dá a certeza de um presente que exige as mais intensas das emoções e vivências.
Valerio Zurlini filma tudo com um impecável sentido de estética (a atenção aos rostos, aos olhares, a comunicação através do silêncio, o uso das sombras), atento ao realismo, rigoroso na direcção dos actores e relevância dos personagens, pleno de sentimento.
Jean-Louis Trintignant está esplêndido, a compor um personagem complexo e à procura da libertação (moral, idealista, cívica, social e sentimental) do seu ser, mostrando porque se tornaria uma figura de vulto do Cinema Europeu.
Eleonora Rossi Drago domina com uma presença fascinante, cativante, hipnótica e comovente, com uma personagem delicada, sensível, carente e afectiva, em busca do que possa alimentar a vida que o seu coração demanda perante a morte (emocional e racional) que a rodeia.
Foi o meu primeiro contacto com Eleanora e foi outra verdadeira descoberta cinéfila. Eleanora é uma belíssima mulher, com uma beleza arrebatadora e fascinante, mas também uma actriz de forte presença e de um emotivo talento.
Fabuloso trabalho de fotografia (atenção à cena do baile nocturno, na casa de Carlo).
Excelente banda sonora.
Destaque para a presença de Suso Cecchi D’Amico, no argumento. Suso é a companheira habitual de Visconti na elaboração de argumentos.
Obra-prima total.
Já figura na minha lista de “Filme da Minha Vida”.
“Estate Violenta” tem edição portuguesa e está a preço “pacífico”.
Realizador: Valerio Zurlini
Argumentistas: Valerio Zurlini, Suso Cecchi D’Amico e Giorgio Prosperi
Elenco: Eleonora Rossi Drago, Jean-Louis Trintignant
Nomeado para “Melhor Filme”, nos Globos de Ouro de Itália 1960. Perdeu para “Un Maledetto Imbroglio”, de Pietro Germi, com Pietro Germi, Claudia Cardinale e Franco Fabrizi.
“Melhor Actriz” (Eleonora Rossi Drago) e “Melhor Música”, pelo Sindicado Italiano dos Jornalista de Cinema 1960.
(atenção à fotografia e aos olhares)
O Filme
Temas da banda sonora