A história do grande revolucionário mexicano, através de dois revolucionários do Cinema – Marlon Brando e Elia Kazan.
México, 1909.
Porfirio Diaz é o Presidente, mas é um ditador e deixa o seu povo à fome.
Emiliano Zapata é um pobre agricultor que vai liderar uma revolta popular.
John Steinbeck assina o argumento. Tal não é apenas um luxo de produção.
Na verdade, o grande cronista da Depressão (o “diário” máximo desses tempos é mesmo o seu belíssimo “The Grapes of Wrath”) usa o poder da sua prosa para contar uma história sobre um outro tempo de Depressão, sobre a alma, esperança e luta de um povo, a chama de um homem, o coração de um líder e a bravura de um guerreiro.
Mas Steinbeck faz também uma reflexão sobre o poder (o posto e o deposto), contando também uma bela história de amor.
Excelente fotografia (num glorioso P&B).
Kazan e Brando já tinham mostrado como estavam a revolucionar o Cinema. Aqui dão mais uma prova.
Veja-se Brando e a sua entrada em cena a desafiar a autoridade, o seu desespero quando confessa que não sabe ler, o seu carinho ao brincar com um cachorrinho, o seu olhar e voz quando faz os “discursos”.
Kazan dá uma forte ambiência real, rural e humana e volta a dar boas lições de realização – a marcha de Zapata enquanto prisioneiro e a forma como é “escoltado” pelos populares (como apelo a uma revolução funciona melhor que muito “discurso” que anda por aí).
Excelente prestação do restante elenco.
Um belíssimo filme e um honroso tributo a um bravo homem, sendo também um manifesto sobre o que significa liberdade e revolução. Porque a cada herói que revoluciona há sempre quem o siga e continue a sua luta (atenção ao momento final).
Muito recomendável.
“Viva Zapata!” tem edição portuguesa e já andou a preço “revolucionário”.
Realizador: Elia Kazan
Argumentista: John Steinbeck
Elenco: Marlon Brando, Jean Peters, Anthony Quinn, Joseph Wiseman
Orçamento – 1.8 milhões de Dólares
Mercado doméstico – 2 milhões de Dólares (USA)
Trailer
“Melhor Actor Secundário” (Anthony Quinn), nos Oscars 1953. Quinn ganharia o Oscar na mesma noite em que o seu sogro, Cecil B. DeMille, ganhava por “Melhor Filme” com “The Greatest Show on Earth”.
Marlon Brando esteve nomeado para “Melhor Actor”, mas Gary Cooper (por “High Noon”) derrotou-o. John Steinbeck esteve nomeado em “Melhor Argumento” mais foi vencido pelo de “The Lavender Hill Mob”.
“Melhor Actor Estrangeiro” (Marloin Brando”), nos BAFTA 1953.
“Melhor Actor” (Marlon Brando), em Cannes 1952.
“Melhor Actor Secundário” (Anthony Quinn), pelos Críticos de Utah 1952.
Tyrone Power era a primeira escolha do estúdio (a Fox, com quem o actor tinha contrato).
Jack Palance tinha sido proposto, por Kazan, para interpretar Zapata. Palance tinha sido revelado por Kazan em “Panic in the Streets”. O chefe da Fox (Darryl F. Zanuck) queria antes Palance para o personagem que depois seria entregue a Quinn.
Brando já tinha feito testes para o personagem em 1949.
Até à escolha sobre Jean Peters, Julie Harris estava ponderada.
Sabe-se que Marilyn Monroe também foi ponderada, mas Zanuck recusou-a por achar que Marilyn não tinha talento nem apelo nas bilheteiras.
Richard Conte chegou a ser ponderado para protagonista em 1949. O título seria “Beloved Tiger”.
Primeiro filme de Henry Silva.
Quinn ficou triste pela escolha sobre Brando em interpretar Zapata, pois Quinn achou que estava mais qualificado para tal, por ser latino. Fizeram uma estranha aposta, mas Quinn perdeu. A “desforra” foi a vitória de Quinn nos Oscars. Quinn chegou a interpretar Stanley Kowalski numa road tour de “A Streetcar Named Desire” (o personagem, a peça e filme que revelou Brando). Alguns críticos chegaram a considerar Quinn superior a Brando nessa interpretação. Apesar de estarem sempre em competição (e Kazan gostava disso, pois ajudava ao filme), Quinn e Brando sempre se deram bem.
Brando pregou umas partidas durante as filmagens. Estourou foguetes no hotel, cantou uma serenata a Jean Peters durante a noite, fingiu-se de morto numa cena (o que preocupou cast & crew) e assustou jornalistas ao dizer que comia gafanhotos e olhos de animais.
O “Lux Radio Theater” emitiu uma versão radiofónica de 60 minutos, em Novembro de 1952. Peters retomou a sua personagem.
Sobre Zapata
http://www.biography.com/people/emiliano-zapata-9540356#synopsis
http://latinamericanhistory.about.com/od/themexicanrevolution/p/08zapatabio.htm