Caltiki – Il Mostro Immortale (1959)

Caltiki - Il Mostro Immortale - Poster 1

Os anos 50 foram mesmo os melhores tempos para a sci-fi. O medo do nuclear e as expectativas da exploração espacial foram fontes de imensas ideias para filmes, que resultaram numa década de títulos verdadeiramente fascinantes e emblemáticos (no género e na História do Cinema).

Este “Caltiki” vem de Itália e surge numa época em que o Cinema Italiano começa a impor-se com rip-offs de géneros Made in Hollywood, mas acrescentando uma capacidade engenhosa muito própria.

Um grupo de arqueólogos investiga umas ruínas da civilização Maia. Alguns elementos do grupo começam a desaparecer. A causa parece estar numa criatura gelatinosa que se alimenta de radiação. Tudo parece seguir à regra o texto de uma maldição antiga. E este é um momento oportuno. Um cometa aproxima-se da Terra e a sua radiação alimenta a dita criatura que não pára de crescer e parece indestrutível.

O filme pode ser visto como um rip off de “The Blob”, pérola sci-fi B, de Irvin S. Yeaworth Jr, com um ascendente Steve McQueen.

(este filme teria um remake, de 1988, assinado por Chuck “The Mask” Russell, igualmente recomendável – em breve eu cá falarei de ambos)

A realização pertence a Riccardo Freda (que assina como Robert Hampton, para melhor internacionalização), nome importante desta altura, no cinema italiano, nos campos do terror, giallo, sci-fi e até capa-e-espada. Um nome a merecer atenta (re)descoberta, garanto-vos.

Sabe-se que Freda tinha um temperamento especial (não tratava os actores da forma mais correcta) e há boatos que, a meio das filmagens, Freda foi substituído pelo grande Mario Bava (que aparece creditado como Director de Fotografia e responsável pelos Efeitos Especiais), futuro pai do giallo.

Para um maior realismo, Bava chegou a comprar 100 Kilos de vísceras, para dar corpo à criatura. Ao final do dia, devido às luzes do estúdio, o fedor era tal, que tudo era mandado para o lixo e compravam-se novas vísceras todos os dias necessários para tais filmagens.

É certo que temos uma produção (muito) low budget (havia quem se queixasse que os cenários pareciam estar a desfazer-se), ingénua, simples na sua narrativa, mas plena de engenho na sua concepção.

Temos um certinho filme de terror sci-fi, onde conta menos a narrativa (esquemática e previsível), as interpretações (simples), mas não se pode negar méritos na forma como tudo é filmado e se gere a falta de meios. O medo e o terror surgem não naquilo que se mostra mas na sugestão, na reacção dos personagens e no uso de sombras e silhuetas, , graças a um excelente trabalho de fotografia.

Um curioso momento dentro do género (que atravessava a sua melhor fase), um dos primeiros passos de um génio (Bava) marcante no cinema italiano e no Cinema e uma boa prova das capacidades do cinema italiano (mesmo quando em modo rip off).

 

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