Título original – Scarlet Street
Mais uma das pérolas noir de Fritz Lang.
Christopher Cross é caixa numa pequena empresa. Profissional, cauteloso e honesto, Cross é um homem simples e tímido, entregue á sua paixão pela pintura e preso a um casamento sem sentimento.
O seu acidental encontro com Kitty desperta-o para novas emoções.
Mas Kitty é uma oportunista que vive uma relação com Johnny, um vigarista de rua. Os dois vão elaborar um plano que visa extorquir dinheiro a Cross.
Mas tudo vai ter um mortal revês.
Lang sempre foi O Mestre da maldade, violência e solidão das almas humanas. Eis mais uma prova.
Entre o film noir e o melodrama, Lang traça a crónica de um homem vulgar cuja alma é “depenada” e destroçada por duas sanguessugas da fortuna humana.
Eddie G está perfeito como o pobre coitado que encontra a perdição numa beldade “de bairro”.
Joan Bennett está esplêndida como uma femme fatale que usa o seu (falso) inocente charme para sugar tudo o que pode às suas vítimas.
Dan Duryea é deliciosamente truculento como o típico small time crook.
O Cinema de Lang ao seu melhor.
Obra-prima total.
Obrigatório.
Penso que o título não está disponível no nosso mercado. As edições europeias são com masters antigos. Em 2005 saiu, nos USA, uma edição devidamente remasterizada, com comentários de um historiador de Cinema. A edição não tem legendas.
Realizador: Fritz Lang
Argumentista: Dudley Nichols, a partir do romance de Georges de La Fouchardière & André Mouézy-Éon
Elenco: Edward G. Robinson, Joan Bennett, Dan Duryea
Clips:
http://www.tcm.com/mediaroom/video/409361/Scarlet-Street-Movie-Clip-Not-Even-When-I-Was-Young.html
Filme
Orçamento – 1.2 milhões de Dólares
Bilheteira – 3 Milhões de Dólares
Argumento de Dudley Nichols, um habitual de John Ford (“Stagecoach”) e Howard Hawks (“Bringing Up Baby”).
É o primeiro de dois remakes que Lang fez de dois títulos de Jean Renoir. “Scarlet Street” refaz “La Chienne” (1931). “Human Desire” (1945) refaz “La Bête Humaine” (1938). Curiosamente, Renoir nunca gostou das versões de Lang.
Segundo encontro entre Lang, Robinson, Bennett e Duryea. Tinham-se encontrado em 1944 com o igualmente fabuloso “The Woman in the Window”.
Produção de Walter Wanger. Wanger era marido de Joan Bennett e já tinha produzido vários filmes de Lang, e voltaria a fazê-lo.
Os quadros mostrados no filme (12) foram pintados por John Decker. Estes foram enviados para o MOMA (Museum of Modern Art, Nova York) e foram alvo de uma exposição em Março de 1946.
O filme foi proibido em várias cidades americanas, por ser considerado como contra a moral vigente.
É um dos filmes preferidos de Fritz Lang, dentro da sua filmografia.
O filme foi alvo de grandes problemas em termos de direitos. Como tal, muitos foram os anos (décadas, mesmo) em que circularam várias cópias de masters antigos, cópias de cópias, com edições de má qualidade a nível de imagem. Isto porque o filme caiu no public domain de forma muita rápida. A edição de 2005 já resolveu o problema em relação à qualidade de imagem.
O American Film Institute nomemou “Scarlet Street”para os seus “Top 10 Gangster Films”.