“Casablanca” foi tão bem sucedido (em diversas áreas), que logo surgiram diversos títulos que procuravam fazer variações (ou repetir o fenómeno) desse mítico filme.
Eis uma delas e das mais interessantes.
Finda a guerra, Matt Gordon regressa a Singapura. O seu passado como contrabandista ainda o persegue, mas Matt persegue a memória de um amor do seu passado, Linda, desaparecida durante o ataque das tropas japonesas. Um dia Matt reencontra Linda, mas esta não o reconhece devido a uma longa amnésia. Para Matt, o presente passa a ser como recordar o passado de Linda. Mas contas antigas de Matt com o submundo ainda estão por saldar.
O argumento vem do veterano Seton I. Miller (“Scarface”, “The Adventures of Robin Hood”, “The Black Swan”, “G-Men”, “The Sea Hawk”). A realização foi entregue a John Brahm, hábil tarefeiro. O par romântico é constituído por Fred MacMurray e Ava Gardner.
Bons motivos para se ir dar um “giro” até “Singapore”.
É certo que se repetem muitos dos elementos narrativos de “Casablanca” – passado e presente reencontrados, o amor antigo e nunca ultrapassado, o triângulo romântico, uma intriga político-policial-criminal, final (e resolução) num aeroporto.
Mas tudo está tratado com bom sentido de entretenimento, há apelo exótico e romântico e consegue-se aquele charme nostálgico do cinema daqueles tempos.
Brahm dirige com eficácia, MacMurray tem carisma e Gardner é de um ardor avassalador.
É óbvio que é um filme que procura fazer a sua fortuna à sombra de “Casablanca”, mas não se pode negar carinho a “Singapore”. Apesar de perder na comparação com o seu “pai”, o filme de Brahm tem méritos suficientes.
“Singapore” é inédito no nosso país. Não é preciso ir a Singapura para o vermos. Basta só fazer um certo… “contrabando digital”.
Trailer
O “Lux Radio Theater” emitiu a versão radiofónica, com 60 minutos de duração, em Novembro 1947. MacMurray e Ava Gardner deram voz aos seus personagens.