Título original – Daisy Kenyon
Os anos 40 foram um bom período para o melodrama.
Eis um bom exemplo.
Joan Crawford protagoniza – é uma das rainhas da época e do género.
Dana Andrews e Henry Fonda disputam o seu coração.
Otto Preminger “arbitra” a confrontação.
Bons motivos para a descoberta deste título.
Daisy Kenyon é uma artista, independente e forte, cujo coração divide-se entre dois homens – Dan O`Mara, advogado de sucesso, devoto a Daisy mas incapaz de conseguir pôr um término ao seu falhado casamento; Peter Lapham é um veterano de guerra, viúvo, calmo e que se sente totalmente feliz na companhia de Daisy.
Perante as incertezas de Dan, Peter parece ser aquele que mais conseguirá dar uma estabilidade sentimental a Daisy.
O casamento dá-se, tudo parece correr bem, mas Dan anuncia o seu divórcio.
E agora? Para quem vai bater o coração de Daisy Kenyon?
Eficaz melodrama, com uma boa dose de sentimento, assente no clássico triângulo romântico, bem contado e interpretado.
Joan Crawford muito bem, a compor uma das suas mais interessantes personagens (mas inferior á fantástica “Mildred Pierce” – que lhe deu um Oscar), ainda que se mova num contexto narrativo algo telenovelesco (no fundo é vermos Joan/Daisy ao ritmo de “Eu Tenho Dois Amores”).
Andrews e Fonda estão igualmente bem, a comporem homens completamente caídos por Joan/Daisy.
Excelente guarda-roupa para Joan (a quem tudo lhe caía bem).
Excelente fotografia (aquele rosto de Joan, filmado em meia-luz…!!!).
Não desmerece a visão e a descoberta, mas há (bem) melhor na filmografia de Preminger (“Laura”, “Forever Amber”, “The 13th Letter”, “Bonjour Tristesse”) e Crawford (“Mildred Pierce”, “Johnny Guitar”, “A Woman`s Face”).
Um competente melodrama à 40s e à imagem de Joan Crawford.
Recomendável.
“Daisy Kenyon” tem edição portuguesa (medíocre em extras) a preço nada dramático.
A edição americana (com legendas em espanhol e inglês) é mais recomendável – conta com comentários de um historiador de Cinema, um documentário sobre Preminger, um documentário sobre o filme e um folheto interactivo.
Realizador: Otto Preminger
Argumentista: David Hertz, a partir do romance de Elizabeth Janeway
Elenco: Joan Crawford, Dana Andrews, Henry Fonda, Ruth Warrick, Martha Stewart
Trailer
Música de David Raksin (“Laura”).
Fotografia de Leon Shamroy (“Leave Her to Heaven”).
Por estipulação contratual com Crawford, o set estava com uma temperatura que Fonda e Andrews consideravam demasiado fria. Crawford tratou de dar a ambos uma quente roupa interior.
Numa entrevista dada nos anos 70, Otto Preminger afirma não ter memória deste filme.
Joan Crawford afirmou que sem a presença de Preminger o filme seria uma grande trapalhada. Mesmo assim, Crawford considera que o resultado final foi mais ou menos atrapalhado.
O Lux Radio Theater emitiu a versão radiofónica, de 60 minutos, em Abril de 1948. Só Dana Andrews é que retomou o seu personagem.