O Abismo (1977)

The Deep - Poster 2

 

Título original – The Deep

 

O fundo do mar é cenário de mundos maravilhosos, plenos de animais incríveis e plantas fascinantes.

Mas também pode ser o cenário de boas aventuras.

Eis uma.

 

David e Gail estão a passar umas férias nas Bermudas. A paixão pelo mergulho leva-os sempre a curiosas descobertas.

Um dia, David descobre um artefacto. O que poderia ser algo banal, revela-se um indício de um enorme tesouro.

Um tesouro que começa a suscitar o interesse de muita gente. E nem todos com as mais honestas das intenções.

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Tenho boas memórias deste filme. Recordo tê-lo visto numa matiné de Sábado, com boa lotação, no saudoso Cinema Batalha. E foi o segundo filme que vi, num grande ecran. Que melhor, depois de ver uma “Star Wars” em 70mm, e antes de assistir ao voo de “Superman”?

Jacqueline Bisset, em t-shirt molhada, no fundo do mar. “Mergulhou” imediatamente para a minha galeria de Deusas do Cinema.

Aliás, é mesmo com Jaquie que o filme começa, entre sereia e deusa do Mar.

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Estamos perante um título muito eficaz, competente e entretido, que resulta numa bela aventura a envolver o oceano e os seus tesouros, organizada em moldes simples e clássicos, com uma narrativa bem cativante.

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A trama action/adventure empolga, mas o espectáculo maior é mesmo a beleza do mar.

As fantásticas cenas aquáticas tanto encantam (a nitidez cristalina daquelas águas), pasmam (a visão da fauna e flora), empolgam (a confrontação no navio) e assustam (a aparição da moreia).

Ficamos mesmo com vontade de fazer as malas e seguir para aquele destino.

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Elegante composição sonora do grande John Barry.

Excelente fotografia (que ainda brilha mais com a edição Blu-Ray), a ilustrar toda a beleza da paisagem, do mar, da sua fauna e flora.

Óptimo aproveitamento da (bela) paisagem.

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Peter Yates é inglês e sempre se revelou um dos tarefeiros mais capazes do cinema dos 70s e até ao seu fim de carreira. Andou pelo policial (“Bullitt” – ainda a referência no género), pela fantasia (“Krull” – um simpático título a merecer redescoberta), pelo suspense (“Suspect”, “The House on Carroll Street” – exemplos muito competentes no género) e até pelo drama (“The Dresser” – um festival de interpretações).

Aqui tem mais um dos seus momentos mais conseguidos, conseguindo um competente action adventure thriller, de ritmo suave, mas muito envolvente.

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Boas prestações de Jacqueline Bisset (já uma consagrada Lady do Cinema), Nick Nolte (ainda jovem, vindo do sucesso obtido na popular série “Rich Man, Poor Man”) e o veterano Robert Shaw, acompanhados por Louis Gossett Jr. e o veterano Eli Wallach.

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Não é obra-prima, clássico ou título essencial, mas é um (excelente) exemplo de um certo tipo de entretenimento de luxo e clássico que (infelizmente) já se deixou de produzir.

 

Muito recomendável.

 

“The Deep” tem edição portuguesa e já anda, há muitos anos, a preço “afundado”. A dificuldade está em encontrá-lo nas lojas. Diversos mercados têm-no a bom preço. Algumas edições têm legendas em Português. A edição em Blu-Ray conta com óptimos extras (making of, deleted scenes).

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Realizador: Peter Yates

Argumentistas: Peter Benchley, Tracy Keenan Wynn, a partir do romance de Peter Benchley

Elenco: Jacqueline Bisset, Nick Nolte, Robert Shaw, Louis Gossett Jr., Eli Wallach, Dick Anthony Williams, Earl Maynard, Bob Minor

 

Trailer

 

O Main Theme de John Barry

 

Orçamento – 9 milhões de Dólares

Bilheteira – 47 milhões de Dólares

 

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O grande Christopher Challis esteve nomeado na categoria de “Melhor Fotografia”, nos BAFTA 1978. Perdeu para o igualmente brilhante Geoffrey Unsworth, por “A Bridge Too Far”.

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Baseado no livro de Peter Benchley, escritor muito fascinado pelo mundo do mar, autor do célebre “Jaws” que originou o ainda mais célebre filme de Spielberg. O livro “The Deep” foi numero 1 de vendas nos USA ao fim de duas semanas e permaneceu na lista de best sellers por seis meses.

Sobre Peter Benchley – http://www.peterbenchley.com/

 

O produtor Peter Guber assegurou os direitos sobre o livro de Benchley por 500.000 Dólares e mal o acabou de ler. Estava-se ainda em 1975 e “Jaws” (o filme) tinha estreado recentemente (e com o monumental sucesso que se sabe).

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Antes da escolha de Peter Yates, consideram-se realizadores como John Boorman, Steven Spielberg e John Frankenheimer. Todos tiveram de recusar por compromissos já agendados.

Candice Bergen, Katharine Ross e Charlotte Rampling foram consideradas, mas foi Jacqueline Bisset a eleita.

Jeff Bridges e Ryan O’Neal foram considerados, mas Nick Nolte venceu (seria o seu primeiro filme como protagonista).

Sean Connery, Robert Mitchum, Burt Lancaster e Charlton Heston foram considerados, mas Robert Shaw ganhou.

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Yates não ficou muito contente com a escolha de Nolte. Nem os executives do estúdio. O próprio actor não estava muito interessado no filme. Mas o Guber insistiu. Após várias conversações entre Yates e Nolte, ambos ficaram mais convencidos sobre as escolhas.

Shaw recebeu um ordenado de 650.000 Dólares mais uma percentagem das receitas na bilheteira. Shaw chegou a dizer que este filme marcou a primeira vez na sua carreira em que assinou contrato sem ler o guião, tendo-se limitado a acreditar, instintivamente, no potencial do filme.

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Reencontro entre Jacqueline Bisset e Peter Yates, depois de “Bullitt” (1968).

Regresso de Robert Shaw ao mar e a adaptações cinematográficas de obras de Peter Benchley, depois de “Jaws”.

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Números da produção – 153 dias de filmagens, 8.895 mergulhos, 2.9846m³ de oxigénio em botijas para mergulho, 10.870 horas de mergulho.

Bisset, Nolte, Shaw e Yates tiveram de aprender mergulho. Apesar dos actores terem feitos muitas cenas debaixo de água, nalgumas cenas perigosas eles foram dobrados por mergulhadores profissionais.

O governo das Bermudas chegou a criar uma zona especial para as filmagens, onde foi entregue um tubarão, uma moreia e 300 peixes diferentes.

O filme foi filmado em quatro oceanos diferentes, entre eles o Pacífico e o Atlântico Norte.

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Bisset e Nolte não se deram bem no início das filmagens. Contudo, acabariam por se relacionar sentimentalmente.

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O personagem de Robert Shaw é inspirado em Teddy Tucker, um mergulhador e caçador de tesouros, amigo de Benchley, que o ajudou na elaboração do livro. Tucker aparece no filme como o chefe do porto.

O barco afundado que se mostra é verdadeiro. É o “RMS Rhone”, um navio-correio. Afundou-se em 1867, nas Ilhas Virgens. Ao afundar partiu-se em dois. A parte que ficou mais próxima da superfície é a que se vê no filme. Mesmo assim, foi necessário construir novas estruturas para maior segurança e maneabilidade da equipa e actores.

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O filme estreou 18 meses do livro ter sido lançado.

Foi o grande sucesso da Columbia nesse ano e o nono maior sucesso do ano.

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O filme conta com uma canção famosa na sua banda sonora. “Down Deep Inside”, de John Barry, com voz de Donna Summer. Foi um grande sucesso.

Ei-la:

 

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Existe um cut exibido em televisão, com mais 53 minutos de metragem. Infelizmente, esse cut nunca foi lançado para o mercado doméstico. Contudo, a edição USA em Blu-Ray contém alguma dessa metragem, na secção “Deleted Scenes”.

Uma das cenas apagadas (da tal metragem extra) envolvia um prólogo sobre o barco em causa. Benchley aparecia como um dos membros da tripulação. A versão jovem dos personagens de Shaw e Wallach eram interpretados por filhos de ambos.

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Considera-se que este filme ajudou Bisset e Nolte a tornarem-se grandes estrelas. Fala-se que muito do sucesso e do word-of-mouth que o filme gerou se deve a Bisset e à sua aparição (é a primeira do filme) em t-shirt molhada, justa e “reveladora”. Fala-se que tal permitiu a Bisset tornar-se um sex symbol. Guber disse no livro dedicado a si (“Hit and Run: How Jon Peters and Peter Guber Took Sony for a Ride in Hollywood”) que tal t-shirt fez dele um milionário.

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O poster publicitário acaba por ser quase um rip off do de “Jaws” – água, fundo do oceano e uma mulher. Diferenças? Em “Jaws” a mulher está à tona e nas profundezas um tubarão, em “The Deep” a mulher está nas profundezas e nada há à tona.

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