Philip D’Antoni foi produtor de dois dos mais relevantes policiais de sempre – “Bullitt” (1968, de Peter Yates, com Steve McQueen, Jacqueline Bisset e Robert Vaughn) e “The French Connection” (1971, de William Friedkin, com Gene Hackman, Roy Scheider e Fernando Rey). Ambos ganharam Oscars, ambos foram (grandes) sucessos nas bilheteiras, ambos receberam (grandes) elogios da crítica, ambos receberam (merecido) estatuto de clássico.
Impulsionado por tanto sucesso e mérito, D’Antoni decidiu enveredar pela realização. Este é o seu primeiro (e único) filme como realizador.
O filme segue o tom criado pelos dois filmes referidos, principalmente o de Friedkin.
“The Seven-Ups” é o nome dado pela gíria dos polícias de Nova Iorque a uma brigada que usa métodos nada convencionais, às vezes brutais, mas sempre eficazes.
O seu mais recente caso leva-os a ter debaixo de olho um grupo de mafiosos da cidade. O mistério surge quando se descobre que muitos deles andam a ser raptados (com o objectivo de se sacar um resgate) e até mesmo mortos. Tudo se complica quando surge a suspeita que os responsáveis podem ser polícias, com as suspeitas máximas a cair em cima da dita brigada.
Policial competente e eficaz, na melhor linha do género conforme se fazia nos anos 70.
Só faltou mesmo uma maior capacidade de criar a devida envolvência humana entre os membros da brigada, as suas confrontações morais, psicológicas e emocionais com o dia-a-dia e com os próximos. Um grupo de actores mais carismático também dava jeito.
Roy Scheider tinha talento, presença e carisma. Sai-se bem (já o tínhamos visto, e bem, ao lado de Gene Hackman em “The French Connection”), mas faltava-lhe aquele elemento bigger than life/screen que tinham as grandes stars.
(veja-se o trabalho de Steve McQueen em “Bullitt” e percebe-se o que quero dizer)
Mas isto não significa que “The Seven-Ups” seja um filme falhado.
Estamos perante um honesto e realista policial, na sua melhor tradição e em sintonia com o grande momento de forma que o género passou nos 70s.
Comum aos dois filmes que D`Antoni produziu era uma sequência que se tornaria moda desde então, em diversos géneros – a perseguição automobilística. Ambos tinham perseguições estonteantes, verdadeiros manuais de como serem feitas, intensas e realistas, mas sempre com prego a fundo no espectáculo. “The Seven-Ups” não destoa. Também tem uma e é logo uma das melhores.
Trailer
A perseguição automobilística
O filme
O carro de Roy Scheider é um Pontiac Ventura Sprint Coupé de 1973.
Baseia-se num caso verídico. A brigada (ou esquadrão – como diz o título português) que protagoniza o filme existiu e ganhou essa alcunha (The Seven-Ups) porque quase todos os criminosos por ela apanhados levavam com penas de sete anos de prisão.
O autor da história é Sonny Grosso. Grosso foi polícia em Nova Iorque e a sua parceria com Eddie Egan resolveu imensos casos importantes ligados ao tráfico de droga e ao combate ao crime organizado. Muito do seu trabalho serviu de inspiração para “The French Connection”. Para este “The Seven-Ups”, Grosso inspirou-se nalgumas das suas experiências.
Dennis Farina (actor que ganhou reputação a fazer de policia – “Miami Vice”, “Crime Story”, “Manhunter”, “Striking Distance”) afirma que este é o retrato mais realista sobre o mundo da polícia alguma vez visto em Cinema. Antes de ser actor, Farina foi polícia por muitos anos e era-o nesta altura, em Chicago.