Título Original – Cahill: United States Marshal
Os 70s já acentuavam o fim do Western.
John Wayne, lenda viva do Cinema e grande figura do género, ainda se mantinha em actividade e procurava (graças à sua produtora Batjac) manter alguma vitalidade no género.
A ajudá-lo estava o realizador Andrew V McLaglen (filho de Victor, um dos actores-fetiche de John Ford, veterano companheiro de Wayne em muitos filmes), que realizou muitas das coboiadas finais de Wayne.
Esta é uma delas.
J.D. Cahill é um Marshal à moda antiga. Mas o seu rigor profissional leva-o a descurar os seus deveres como pai.
Os seus dois filhos, Danny e Billy Joe, metem-se numa grande alhada ao participar num roubo a um banco, que resulta na morte de dois inocentes.
Ameaçados de morte se confessarem o que sabem, os dois petizes confrontam-se com a sua consciência ao saberem que quatro inocentes vão ser enforcados pelo crime que os rapazes sabem quem é culpado.
Mas Cahill vela, pela justiça e pela protecção aos filhos.
Uma competente e entretida coboiada, com a narrativa clássica do lawman contra os vilões da cidade, agora com uma extra emocional devido à participação dos seus filhos.
Há eficácia e bom ritmo, conseguindo-se até algum suspense na sub-narrativa que envolve os miúdos, os seus dramas morais, a perseguição que lhes é movida pelos vilões e o como e quando o pai vai saber a verdade.
À boa maneira clássica, há presença de humor. A parceria/rivalidade entre Cahill e o batedor Comanche recorda a clássica rivalidade buddy-buddy.
O filme necessitava de mais algum tempo de metragem para o adequado tratamento emocional entre os personagens de Cahill e os seus filhos.
Como está, fica apenas um western actioner de um lawman a dar caça a bank robbers.
Boa música do grande Elmer Bernstein, um mestre para compor música para Westerns.
John Wayne domina com o todo o seu heróico carisma e imensa presença para estas coisas, apesar de já se sentir o peso da idade.
Uma entretida matiné.
Vê-se muito bem.
“Cahill – U.S. Marshal” tem edição portuguesa e está a preço de “captura”.
Realizador: Andrew V. McLaglen
Argumentistas: Harry Julian Fink e Rita M. Fink, segundo história de Barney Slater
Elenco: John Wayne, George Kennedy, Gary Grimes, Neville Brand, Clay O’Brien, Marie Windsor, Morgan Paull, Royal Dano, Denver Pyle, Jackie Coogan, Harry Carey Jr., Paul Fix
Trailer
A dupla de argumentistas, Harry Julian Fink e Rita M. Fink, é responsável pelo argumento de “Dirty Harry”. Curiosamente, Wayne foi sondado para interpretar o personagem, mas recusou por o achar violento e reaccionário.
Wayne perdeu o interesse pelo filme, logo a meio das filmagens, ao saber que John Ford (amigo de longa data e que realizou imensos filmes com The Duke) estava com cancro e já em fase terminal.
Wayne confessou, um par de anos depois, que o filme tinha um bom tema, mas não ficou feito da melhor maneira, pois precisava de melhor escrita e mais cuidado na realização.
Nas cenas em que Cahill é visto a cavalo, mas à distância, Wayne está a ser substituído pelo stuntman Chuck Roberson.
O tema de Elmer Bernstein