Os anos 70 já não estavam aptos para “espadeiradas”.
Os grandes nomes do género (fossem actores ou realizadores) já estavam retirados ou mesmo falecidos.
Em 1973 surgia “The Three Musketeers” (que teria a conclusão no ano seguinte com “The Four Musketeers”), que trazia (por méritos do argumento, realização e elenco) um tom de frescura, agilidade e diversão que o género já não via desde os seus tempos áureos.
(outro dia virei aqui falar deles, que bem merecem)
O sucesso foi enorme e surgiram alguns títulos que procuravam seguir o mesmo tom e sucesso.
Um deles foi este divertido “The Fifth Musketeer”.
Louis XIV é um monarca déspota, que sujeita o seu povo a grandes sacrifícios para sustentar os seus vícios.
(hmm, parece que esta história é algo moderna e lusitana, não acham?)
Luis tem um irmão, gémeo, de nome Philippe, que vive em segredo da corte e do rei, sob a protecção de quatro mosqueteiros (imaginam quais?). Mas Louis acaba por o descobrir e usa-o numa urdida acção que visa matar Philippe e reforçar o poder que tem no país. Mas os mosqueteiros também têm um plano bem arranjado.
O filme inspira-se no romance de Alexandre Dumas, “O Homem da Máscara de Ferro”.
De facto, estamos bem longe dos tempos gloriosos do swashbuckler. Apesar do momento (duplo) de felicidade que Richard Lester nos deu com os seus dois filmes sobre os Mosqueteiros, o género estava mesmo no fim de vida.
“The Fifth Musketeer” é uma tentativa estimável de trazer alguma vitalidade ao género. O resultado é de pura diversão, rápido e com bons momentos de espadeirada.
O veterano Ken Annakin (competente artesão, com experiência em diversos géneros, com curriculum na Disney, cujas mais-valias são “Battle of the Bulge” e “Those Magnificent Men in Their Flying Machines”) dirige com pé pesado no ritmo, na acção e no humor.
Perdoam-se alguns buracos no argumento, devido à forma como a montagem salta sem lógica entre algumas cenas.
Como era habitual nestas coisas, temos um faustoso elenco, entre “novatos” e veteranos – Sylvia Kristel, Ursula Andress, Beau Bridges, Cornel Wilde, Ian McShane, Alan Hale Jr., Lloyd Bridges, José Ferrer, Olivia de Havilland e Rex Harrison.
Claro que os “novatos” não conseguem estar ao nível dos veteranos, mas todos se saem bem e mostram que se estão a divertir com o filme, sentimento que contagia o espectador.
Sylvia e Ursula estão lá para encher o olho do espectador e dar e devida sensualidade. Annakin vai mesmo ao ponto de, apesar de estar a comandar uma produção que se pretende para um vasto público (crianças incluídas), consolar os fãs das meninas e dar-lhes o que elas nos habituaram ao longo da década (não há nudez integral, mas há subtilezas bem engenhosas).
Um bom momento de diversão.
(mas não esqueçam de rever os clássicos)
O filme tem edição portuguesa e está a bom preço.
(descobri, há minutos, que a edição portuguesa tem censura – há uma cena com Sylvia e Beau que mostra, gentilmente, o peito de Sylvia; essa cena tem uma remontagem na edição lusa, onde se vê apenas o decote de Sylvia)
Aqui fica uma compilação de todas as cenas de Sylvia
(a dita é aos 19:40)
Trailer
Passado em Paris e em França, foi filmado em Viena e pela Áustria.
Foi o último filme de Olivia de Havilland (mas ela ainda está viva).
Foi o último filme de Helmut Dantine.
Curioso como, em Cinema, tudo se liga:
- José Ferrer interpretou Cyrano de Bergerac (1950); na peça de Edmond Rostand, surge D`Artagnan a elogiar Cyrano pelas suas capacidades poéticas.
- Alan Hale Jr. é filho de Alan Hale, habitual companheiro de Errol Flynn em muitos dos seus filmes. Hale Jr. interpreta Porthos. O pai também interpretou Porthos em “The Man in the Iron Mask” (versão 1939).
- Cornel Wilde (que interpreta D`Artagnan) chegou a interpretar o filho de D`Artagnan em “At Sword’s Point” (1952), onde se focavam os filhos dos Mosqueteiros. Curiosamente, Hale Jr. interpretava o filho de… Porthos.