Ciclo Ingmar Bergman – Sonata de Outono (1978)

Sonata de Outono

Título Original – Höstsonaten

Título Internacional – Autumn Sonata

Assim continua a minha viagem pelo universo de Ingmar Bergman.

Agora com um dos seus títulos mais célebres.

E também dos mais intensos (e dolorosos).

Mas cinematograficamente belíssimo.

Mãe e filha encontram-se por uns dias. Ao de cima virão muitas memórias, emoções, sentimentos, raivas e recalcamentos.

O poder do Cinema (no complemento imagem-actores) na transmissão/criação de verdadeiras emoções, relações e vivências humanas.

Paisagem belissimamente filmada (ainda que aqui tenha um menor “tempo de antena”), mas o que interessa é o espaço interior (doméstico e humano).

Sublime trabalho de fotografia (do lendário e sempre excelente Sven Nykvist, habitual colaborador de Ingmar e depois de Woody Allen – nos títulos “bergmanianos”), com um rigoroso uso dos close shots dos rostos, fazendo-nos sentir toda a intimidade (física e emocional) da narrativa.

Ingrid Bergman (causa um certo impacto, nos primeiros segundos, ao ouvi-la falar em sueco e não em “hollywoodês”) e Liv Ullmann estão absolutamente avassaladoras – atenção ao outburst de Liv no final do filme face à “calma fria” de Ingrid.

Os 30 minutos finais são de uma emotividade dilacerante. Mas é isto que se quer quando se pretende criar emoção em Cinema.

Obra-Prima total.

Trailer

Liv Ullman sobre o filme

O filme

Nomeado para “Melhor Actriz” (Ingrid Bergman) e “Melhor Argumento”, nos Oscars 1979. Perdeu, respectivamente, para Jane Fonda em “Coming Home” e para o argumento do mesmo filme.

“Melhor Filme Estrangeiro”, nos Globos de Ouro 1979. Ingrid também esteve nomeada (“Melhor Actriz – Drama”), mas perdeu para Jane.

“Melhor Filme Europeu” nos Prémios Bodil 1979.

Nomeado para “Melhor Filme Estrangeiro”, nos César 1979. Perdeu para “L’Albero Degli Zoccoli”.

“Melhor Actriz Estrangeira” (dividido entre Ingrid Bergman e Liv Ullmann), nos David di Donatello 1979.

“Melhor Realizador Estrangeiro”, pelo Sindicato de Jornalistas Italianos de Cinema 1979.

2º lugar como “Melhor Filme Estrangeiro”, pela Associação de Críticos de Los Angeles 1978. O 1º foi “La Vie Devant Soi”.

“Melhor Filme Estrangeiro”, “Melhor Realização”, “Melhor Actriz” (Ingrid), pela National Board of Review USA 1978.

“Melhor Actriz” (Ingrid), pela Sociedade Nacional de Críticos USA 1979.

“Melhor Actriz” (Ingrid) pelo Círculo de Críticos de Nova Iorque 1978. Ingmar perdeu para Terrence Malick (“Days of Heaven”) e o filme perdeu para “Pane e Cioccolata”.

Liv Ullmann & Ingrid Bergman - Sonata de Outono

Apesar de ambos terem apelido Bergman, Ingrid e Ingmar não são parentes.

Foi o último filme de Ingrid Bergman. Depois faria, para televisão, a excelente série (com outra impecável interpretação), “A Woman Called Golda”, que seria mesmo o seu último trabalho.

Foi o primeiro filme que Ingrid fez, em sueco, em 11 anos.

Ao ler o argumento, Ingrid sentiu alguma proximidade da narrativa face à sua vida. Nos anos 40, Ingrid foi vítima de alguma “cusquice” pelo facto de ter “abandonado” a família já criada e ter-se juntado a Roberto Rossellini.

Curiosamente, Ingrid interpreta uma pianista em dois filmes importantes na sua carreira – “Intermezzo” (1939), o seu primeiro filme americano, e este “Autumn Sonata”, o seu último filme.

Filmado na Noruega, perto de Oslo, pois Ingmar estava com problemas na Suécia devido a evasão fiscal. Produzido por uma empresa alemã (Personafilm GmbH) e por uma grande instituição cinematográfica britânica da época (Lew Grade’s ITC Film).

Quando Ingrid “toca” piano, quem na verdade toca é Käbi Laretei, ex-esposa de Ingmar, uma aclamada pianista.

Segundo Ingmar, Ingrid começou muito mal na forma como interpretou a sua personagem. Após longas conversas entre realizador e actriz, ela fez um trabalho (e diz Ingmar) “brilhante”.

Ingrid tinha recebido uma triste notícia, quando as filmagens começaram – estava com cancro.

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