Il Deserto dei Tartari – O Deserto dos Tártaros (1976)

O Deserto dos Tártaros - Poster 1

Valerio Zurlini revelou-se uma enorme descoberta quando vi “La Ragazza com la Valigia”.

Gostei da sua sensibilidade humana e sentido de realismo (Zurlini vinha do documentário), com alguma filiação no Neo-Realismo.

Como tal, adquiri logo mais dois títulos do realizador.

Este originou a minhas maiores expectativas.

A começar logo pelo elenco de ouro, com alguns dos maiores actores europeus da época, até mesmo de sempre.

 

O Tenente Drogo é jovem e vai ser mobilizado para o isolado Forte Bastiani, no meio de um deserto. O forte tem como missão ser um eixo de protecção contra os Tártaros.

Drogo vê-se rodeado por um grupo militar misto. Desde os mais radicais que anseiam pela guerra, até aos mais humanos que apenas procuram cumprir a sua missão.

Muita tensão existe, mas dos Tártaros nem sinal.

Il Deserto dei Tartari - screenshot 4

Um deserto. Um forte militar. Militares em missão. Ameaça da chegada do inimigo.

(Bons) Ingredientes para um (bom) filme de acção.

Mas Zurlini escolhe outra via.

O filme retrata a solidão humana (ainda que em colectivo, ainda que no meio militar), os conflitos de hierarquias e mentalidades, a paranóia, o medo, o isolamento e a ânsia, questionando também os excessos, a rigidez e os fundamentalismos das regras militares.

 

Brilhante uso da paisagem (o imenso deserto), a dar uma enorme sensação de perdição, imensidão, vazio e cerco.

 

Fabulosa fotografia do grande Luciano Tovoli (um fiel a Dario Argento – “Tenebre”, “Suspiria” – e a Michelangelo Antonioni – “Il Mistero di Oberwald”, “Professione: Reporter”).

Envolvente música do grande Ennio Morricone.

 

Impecáveis prestações de todo o elenco, sendo de destacar um impressionante Giuliano Gemma (que cria um personagem verdadeiramente odioso) e um comovente Jacques Perrin (sempre delicado na sua postura e visão).

 

Com uma história por onde passa tanto militar, estado de alerta, ânsia de combate e ameaça de um terrível inimigo, o filme de Zurlini acaba por ser uma visão humanista e antimilitarista sobre a (permanente?) necessidade do ser humano em guerrear (consigo próprio, com os seus e com os outros).

 

Obra-prima.

 

O filme tem edição portuguesa e já anda a preço bem “desértico”.

Il Deserto dei Tartari - screenshot 2

Realizador: Valerio Zurlini

Argumentistas: André G. Brunelin, Jean-Louis Bertuccelli, Valerio Zurlini, segundo o livro de Dino Buzzati

Elenco: Jacques Perrin, Vittorio Gassman, Giuliano Gemma, Helmut Griem, Philippe Noiret, Francisco Rabal, Fernando Rey, Jean-Louis Trintignant, Max Von Sydow

Il Deserto dei Tartari - screenshot 5

“Melhor Filme”, “Melhor Realizador”, “David Especial” (para Giuliano Gemma), nos David di Donatello 1977.

“Melhor Realizador”, pelos Jornalistas italianos de Cinema 1977 e pelos Goblets Dourados 1977.

Il Deserto dei Tartari - screenshot 8

Filmado no Irão (em Arg-e Bam), em Itália (Bressanone, Bolzano, Trentino, Campo Imperatore, L’Aquila, Abruzzo) e nos Estúdios Cinecittà (Roma).

 

Zurlini reencontra-se com actores com quem já tinha trabalhado antes – Perrin (“La Ragazza com la Valigia”) e Trintignant (“Estate Violenta”).

“Il Deserto dei Tartari” é o último filme de Zurlini.

Il Deserto dei Tartari - screenshot 12

Trailer

 

O filme

(falado em Espanhol)

 

Entrevista a Giuliano Gemma

(faz parte dos Extras da edição italiana em DVD)

 

O tema de Morricone

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