Logan’s Run (1977–1978)

 

 

“Logan’s Run” (1976, já aqui visto) tinha sido um grande sucesso.

Conforme era moda na época, a Televisão decide fazer a sua versão, via série televisiva.

 

Futuro, Século 24, Ano 2319.

A idade limite para se viver é 30 anos. Chegando-se a tal idade, é-se executado. Quem tentar fugir é perseguido pelos Sandmen.

Logan é um Sandman, bem defensor do sistema.

Mas quando Logan chega aos 30, decide fugir.

Na companhia de Jessica e Rem, procuram o falado Sanctuary, onde se pode viver em liberdade e além dos 30s.

 

Criador: D.C. Fontana, a partir do romance e personagens criados por George Clayton Johnson & William F. Nolan

Elenco: Gregory Harrison, Heather Menzies, Donald Moffat, Randy Powell

 

Intro

 

A fuga de Logan & Jessica no filme original permite a devida expansão de eventos e peripécias, até à chegada a Sactuary.

É isso que a série faz.

A fuga é uma forma de Logan & Jessica conhecerem diversas pessoas e criaturas, lugares e ambientes, e dessa forma descobrirem (e o espectador idem) algo mais sobre o mundo exterior (e nesse aspecto, a série desenvolve mais que o filme – é essa uma virtude de uma série) e a vivência de mais peripécias.

O resultado é simples, bem entretido e muito simpático.

São criadas boas adendas visuais (o exterior é quase todo árido, desértico, com algumas comunidades isoladas, a viver em estado selvagem, em residências de luxo ou em espaços residenciais bem tecnológicos), tecnológicas (o veículo movido a energia solar, os avanços na robótica fazem androids quase humanos, audiobooks), narrativas (a City of Domes não é controlada por um supercomputador mas por anciãos, Francis conta com mais Sandmen para caçar Logan e Jessica, os extra-terrestres que coleccionam seres que encontram ao longo do Cosmos, o caçador, a casa isolada com a menina protegida por um robot completo nas suas funções e uma estrutura híper-protectora, a comunidade adoradora de tecnologia, o cientista que procura destruir o medo no ser humano, Logan a alertar para o ser humano não depender de computadores, a amor despertado entre dois androids), bem como a nível de eventos (o grupo a ter de ser juiz sobre quais elementos da comunidade devem sobreviver e quais devem ser sacrificados) e de personagens (Rem permite um olhar robótico e racional sobre os humanos, aquele mundo e o futuro).

Resulta bem a variedade e complementaridade do trio (Logan é o prático, Jessica é a emocional, Rem é o racional).

Para ir um pouco mais longe que o filme, a série mostra o desenvolver da relação sentimental entre Logan e Jessica.

A série percorre várias áreas e géneros (temos um episódio whodunit, temos um com fantasmas e uma casa assombrada, temos alguns de pura action, temos alguns filosóficos sobre o medo, a (in)evitabilidade do Destino, a separação do Bem e do Mal no ser humano e tal originar dois seres, há vários sobre a solidão perante a tecnologia, há alguns sobre a humanização do android).

Faltou (e isso havia no filme) o mesmo nível de meios (mas nos 70s, as regras televisivas eram diferentes em matéria de orçamentos), de forma a dar um maior deslumbre visual.

Os efeitos ópticos e visuais são algo simplórios e baratuchos, pelo que não aguentam a passagem do tempo.

Há um bom trabalho de guarda-roupa (tão bom como o do filme).

Como a série ficou cancelada, ficamos sem saber o destino da fuga de Logan & Jessica, apesar de se darem algumas possibilidades sobre tal.

Trabalho muito honesto e natural do elenco, embora fiquem abaixo dos seus equivalentes no filme.

Gregory Harrison é simpático, mas não consegue a nobreza de Michael York (o Logan do filme), Heather Menzies(-Urich) é querida, mas não consegue aquela sensualidade delicada de Jenny Agutter (a Jessica do filme), Donald Moffat não tem equivalente e dá o necessário humor, Randy Powell é persistente, mas sem ter aquela hostilidade agressiva de Richard Jordan (o Francis do filme).

“Logan`s Run” (a série) é uma extensão dos eventos de “Logan`s Run” (o filme).

Mas podemos ver a série como “Logan`s Run 2” face ao filme. Olhando como este termina, podemos ver a série como uma nova jornada de Logan e Jessica pelo exterior, em busca de mais, a viver novas aventuras e a conhecer novas pessoas.

“Logan`s Run” (a série) retoma um tipo de sci-fi e de tempos em que tal género era inocente, ingénuo, utópico, fruto de tempos em que havia muito em que acreditar, criar e fazer, pelo lado do melhor.

É certo que não tem o poder cerebral dos grandes títulos (televisivos ou cinematográficos) do género, visto hoje até pode ser acusado de ingénuo demais (os extra-terrestres falam Inglês) ou simples (os cenários), procurando mostrar uma tecnologia entre o útil e o perigoso.

 

É uma série entretida e de grande simpatia, que pega num conceito muito interessante, que sabe aproveitar as ideias do seu filme inspirador, procurando novos rumos (ainda que em sintonia com os delineados originalmente), criando personagens que geram o nosso carinho e preocupação.

 

“Logan’s Run” não passou na nossa Televisão (lembro-me de a ter visto na TVE). Não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.

 

Trailer

 

Clips

 

Nomeado para “Melhor Edição DVD/Blu-Ray – Televisão”, nos Saturn 2013. Perdeu para “Star Trek: The Next Generation”.

É uma produção da CBS com a MGM (estúdio produtor do filme).

Saul David fora o produtor do filme e era inicialmente também o da série.

D.C. Fontana era um dos activos criativos de “Star Trek” (1966-1969), sendo uma das poucas mulheres com bom estatuto no mundo dos argumentistas televisivos.

Fontana desenvolveu a série e chamou para o staff criativo pessoas que tinham trabalhado em “Star Trek”, bem como um dos criadores do romance que inspirou o filme.

Alguns dos argumentistas seguiram para “Star Trek: The Next Generation” (1987-1994).

Segundo Heather Menzies, Dirk Benedict (futuro Starbuck em “Battlestar Galactica” em 1978, e Face em “The A-Team, de 1983 a 1987) e Nicholas Hammond (futuro Spider-Man num conjunto de telefilmes no final dos 70s) foram considerados como Logan.

Nicholas Hammond é secundário um episódio.

Heather Menzies e Nicholas Hammond reencontram-se, depois de “The Sound of Music” (1965).

Entre os Guest Stars estão Lisa Eilbacher, William Smith, Nicholas Hammond, Horst Buchholz, Paul Shenar, Mariette Hartley, George Maharis, Nehemiah Persoff, Mary Woronov, Mel Ferrer, Jared Martin, Lance LeGault, Barbara Babcock, Paul Mantee, Gerald McRaney, Kim Cattrall, Soon-Tek Oh, Brian Kerwin, Melody Anderson, Sandy McPeak, Michael Biehn.

Heather Menzies-Urich e Jenny Agutter interpretam Jessica, respectivamente na série e no filme. Heather e Jenny contracenaram com Julie Andrews – Heather em “The Sound of Music” (1965) e Jenny em “Star! (1968). Curiosamente, Angela Cartwright, uma das actrizes de “The Sound of Music” que interpreta uma das irmãs da personagem de Heather, participa num dos episódios de “Logan’s Run” – “The Collectors”.

O Pilot foi escrito por William F. Nolan, um dos autores do romance que inspirou o filme. É um recontar, de forma mais condensada (estamos em Televisão) da história do livro e do filme.

Entre os argumentistas está o prestigiado autor de Sci-Fi, Harlan Ellison.

Ao ver o Pilot, os executivos da CBS pediram mudanças e novas cenas tiveram de ser filmadas.

Algumas foram as que abordam a cidade dos anciãos.

Algumas das alterações mudam o porquê de Francis perseguir Logan e Jessica.

 

Saul David é retirado da série e é substituído por Leonard Katzman.

Ivan Goff e Ben Roberts são chamados para serem os executive producers. Goff e Roberts tinham boa reputação no meio pois tinham criado “Charlie’s Angels” (1976-1981). Farrah Fawcett tinha participado em “Logan`s Run” (o filme) e na Season 1 de “Charlie’s Angels”.

A música é de Laurence Rosenthal, um senhor muito relevante na Televisão dos 70s e 80s.

Bill Thomas é o responsável pela roupa. Também o era no filme. Algumas roupas do filme são reutilizadas.

 

A série segue o mesmo conceito do filme, mas cria algumas diferenças:

  • Logan e Jessica estão em fuga em todos os episódios.
  • Cada episódio permite-lhes saber algo mais sobre como chegar ao “Sanctuary”.
  • Francis tem aliados na caça a Logan e Jessica.
  • O personagem Rem foi criado de propósito para a série.
  • As armas dos Sandmen têm uma opção para atordoar.
  • Não é um computador que gere a cidade, mas sim os anciãos.
  • Logan e Jessica interagem com mais pessoas durante a fuga.

 

Rem foi criado para dar algum humor à série.

Randy Powell só surge em 6 dos 14 episódios.

 

A acção passa-se em 2319, Século XXIV. Ou seja, (bem) mais tarde que a do filme – que se passa em 2274, Século XXIII.

Alguns dos props e roupas do filme são reutilizados na série.

A “City of Domes” é vista no Pilot e num par de episódios. A sua referência visual é um reutilizar de alguma footage do filme.

O argumento de Harlan Ellison teve muitas alterações.

Foi exibida entre 16 de Setembro de 1977 e 6 de Fevereiro de 1978.

Os últimos três episódios não foram exibidos nos USA, ainda que tivessem sido filmados.

A série foi cancelada devido aos seus baixos números de audiência.

Segundo Heather Menzies, uma das razões para o cancelamento da série passou pela falta de inve$timento nos efeitos visuais. “Star Wars” já tinha chegado às salas e tinha elevado a fasquia dentro do género. A série não tinha hipóte$e de combater tal.

Curiosamente, “Logan`s Run” (a série) inicia a sua produção muito antes da estreia de “Star Wars”.

A Mego Corporation tinha planeado lançar uma colecção de brinquedos alusivos a “Logan`s Run”. Perante o cancelamento da série, tal projecto também ficou cancelado.

O hovercar/solarcraft seria usado no videoclip da canção de Tom Petty & The Heartbreakers, “You Got Lucky” (1983).

 

Apesar do cancelamento nos USA, a série foi vendida para vários países e até teve boa aceitação nalguns.

A série foi exibida na íntegra noutros países.

Só quando Ted Turner comprou o catálogo da MGM é que a série foi exibida na íntegra nos USA.

Apesar do seu flop, muitos analistas defendem que “Logan`s Run” foi influente em muitas séries televisivas de Sci-Fi que viriam no futuro.

 

Entrevista a Gregory Harrison e Heather Menzies

 

Considerações

 

Comparações entre filme e série, na roupa

 

1 comments on “Logan’s Run (1977–1978)

  1. […] um reformular do seu conceito através de uma série televisiva – “Logan’s Run” (já aqui vista) estreou em 1977, durou 14 episódios e contava com Gregory Harrison, Heather Menzies-Urich, […]

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