Os Três Mosqueteiros: Milady (2023)

 

 

Título original – Les Trois Mousquetaires: Milady

 

“Les Trois Mousquetaires” é o romance mais popular de Alexandre Dumas e um dos maiores romances de sempre.

Claro que o Cinema (americano, inglês e, como é óbvio, o francês) sempre lhe bateram à porta para novas versões.

A França fez uma nova versão em 2023 (já aqui vista), que merece estar entre as melhores.

O projecto visava dois filmes (ou o mesmo em duas partes).

Cá vem a Partie II.

 

Perante a conclusão dos eventos na Partie I, D’Artagnan vê-se obrigado a fazer uma aliança com Milady, no sentido de salvar a sua amada Constance.

Mas a ameaça sobre a França continua, devido a uma conspiração.

Os Mosqueteiros juntam esforços e descobrem muitos e tenebrosos segredos.

Depois da energia (a chegada de D`Artagnan a Paris), alegria (D`Artagnan a ser Mosqueteiro), felicidade (D`Artagnan & Constance) e convívio (D`Artagnan & Athos & Porthos & Aramis), este Partie II segue um rumo mais trágico e violento.

O contraste resulta, todo esse tom é coerente, o espectáculo de uma brava aventura de Cape et d`Epée continua constante e a estrutura narrativa, emocional e moral da obra de Alexandre Dumas permanece intacta (apesar e algumas variantes e desvios – mas muito consistentes e lógicas dentro dos eventos).

Os bons meios de produção luzem (as cenas de batalha, o cerco em La Rochelle), a reconstrução da época convence e tudo reflecte empenho e profissionalismo.

A Partie II não é apenas uma (inteligente) jogada de marketing cinematográfico.

É uma forma de mostrar que toda a história tem mesmo duas Parties bem contrastadas e complementares.

Envolvemo-nos no drama, entusiasmamo-nos com a acção e ficamos em suspenso com as expectativas geradas nos eventos.

Final com “surpresa”, permitindo portas abertas a uma Partie III (que já nada terá a ver com o romance de Dumas) ou a um (bem-vindo) spin-off (protagonizado por quem? isso não se diz!).

Martin Bourboulon confirma as virtudes relevadas na Partie I – muito recurso à “câmara ao ombro”, muitos planos contínuos nas cenas de luta, ambientes obscuros e sujos, muita seriedade e pouco humor, boa acção e ritmo.

Elenco em generosa prestação, em boa sintonia entre si (os Mosqueteiros) e com o tom do filme (os vilões), com um (claro) destaque para a (sempre) esplêndida e belle Eva Green, bem misteriosa, sedutora e letal (e agora com mais relevo na narrativa e com mais tempo em ecran).

Milady é a maior das vilãs e Eva vinca tal a todo o segundo.

Eva Green junta-se assim às melhores Milady do Cinema – Lana Turner (versão de 1948), Faye Daunaway (versão de 1973) e Rebecca De Mornay (versão de 1993).

Assim termina (???) esta nova e feliz adaptação deste clássico incontornável da Literatura, ao qual o Cinema (europeu e americano) lhe é tão fiel, conseguindo-se uma das melhores versões.

 

“Les Trois Mousquetaires: Milady” já está nas nossas salas.

Realizador: Martin Bourboulon

Argumentistas: Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte, a partir do romance de Alexandre Dumas

Elenco: François Civil, Vincent Cassel, Romain Duris, Pio Marmaï, Eva Green, Louis Garrel, Vicky Krieps, Lyna Khoudri, Jacob Fortune-Lloyd, Eric Ruf, Marc Barbé, Patrick Mille, Ralph Amoussou, Camille Rutherford

 

Trailer

 

Orçamento – 36 milhões de Euros

Bilheteira – 21.6 milhões de Dólares; 2.5 milhões de Espectadores (França)

 

“Melhor Cenografia”, nos César 2024.

Alexandre De La Patellière e Matthieu Delaporte queriam que esta nova versão se afastasse do algum tom de comédia das versões anteriores e fosse mais séria e sombria.

O realizador e os argumentistas quiseram manter muita fidelidade ao romance de Alexandre Dumas, mas também fazer algumas variantes.

 

François Civil mentiu ao afirmar ao produtor que “Les Trois Mousquetaires” era o seu romance preferido. Civil queria mesmo participar nesta versão.

Civil aprendeu esgrima e equitação. Foi um treino de seis meses, dois a três dias por semana.

Pio Marmai teve de engordar 10 kgs para interpretar Porthos.

Eric Ruf interpreta Richelieu, mas já interpretou Aramis no telefilme “Milady” (2004, com Arielle Dombasle como Milady).

Eva Green passou dois meses a aprender esgrima, equitação e aïkido.

 

Os dois filmes (ou as duas partes) foram filmados de forma seguida, mas estrearam com alguns meses de diferença.

Foram 150 dias de filmagens, no total.

 

Martin Bourboulon considera que esta Parte 2 é mais trágica que a Parte 1, até porque envolve consequências do amor.

 

Os argumentistas Alexandre De La Patellière e Matthieu Delaporte já têm pronta uma nova versão de um outro romance popular de Alexandre Dumas, “Le Comte de Monte-Cristo”, com Pierre Niney. O filme deve estrear em França no final de 2024.

 

Entre as versões cinematográficas mais famosas de “Les Trois Mousquetaires” – “The Three Musketeers” (1948, de  George Sidney), “Les Trois Mousquetaires” (1953, de André Hunebelle), “Les Trois Mousquetaires” (1959, de Claude Barma), “Les Ferrets de la Reine” e “La Vengeance de Milady” (ambos de 1961, de Bernard Borderie), “The Three Musketeers” (1973, de Richard Lester – que teria Part II e uma sequela), “The Three Musketeers” (1993, de Stephen Herek), “D’Artagnan et les Trois Mousquetaires” (2005, de Pierre Aknine) e “The Three Musketeers” (2011, de Paul W. S. Anderson).

Sobre Alexandre Dumas

https://www.britannica.com/biography/Alexandre-Dumas-pere

https://www.goodreads.com/author/show/4785.Alexandre_Dumas

https://www.fantasticfiction.com/d/alexandre-dumas/

 

1 comments on “Os Três Mosqueteiros: Milady (2023)

  1. […] Part I e Part II (já aqui vista) foram filmadas em […]

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