Título original – The Deadly Companions
Sam Peckinpah é um dos grandes Mestres do Cinema.
Começou pela Televisão e mal entrou pelo grande ecran mostrou-se uma voz e talento renovador para o Western e para o Thriller.
A sua principal marca era a sua visão e encenação da Violência, bem como a sua “complacência” para com os vencidos, batidos, derrotados, marginalizados, pessoas à margem do sistema ou que já não tinham lugar no mesmo.
Eis o seu filme de estreia.
Um ex-oficial do Exército mata acidentalmente o filho de uma mulher.
O homem oferece-se para a escoltar até ao território índio, onde o menino irá ser enterrado.
Para ambos será uma longa jornada pelo perdão, redenção, preconceito e culpa.
Menos viagem de peripécias e mais jornada de emoções, “The Deadly Companions” acaba por ser mais drama do que “coboiada”.
Faz-se uma viagem pelo racismo, ódio, descriminação, preconceito, redenção e culpa, onde os protagonistas devem enfrentar tudo isto – entre eles e dentro deles.
Talvez um pouco mais de metragem permitisse um maior desenvolvimento emocional e psicológico.
Maureen O’Hara (veja-se a sua atitude perante os avanços dos “vilões”) e Brian Keith (os seus momentos de raiva e dor) estão muito bem, expressando toda a dor dos seus personagens, pessoas que nunca serão próximas sentimentalmente, mas que ainda vão a tempo de ganhar algum respeito mútuo.
Sam Peckinpah dirige com competência, dando ao filme o ritmo e tom adequado – pesado, duro, pessimista.
Um auspicioso início de carreira para o cineasta, que apesar de não criar um dos seus filmes mais memoráveis e marcantes, faz um filme pleno de méritos e onde se vêem aqui e ali alguns dos elementos do seu futuro Cinema.
“The Deadly Companions” tem edição portuguesa e anda a bom preço.
Realizador: Sam Peckinpah
Argumentista: Albert Sidney Fleischman, a partir do seu romance
Elenco: Maureen O’Hara, Brian Keith, Steve Cochran, Chill Wills, Strother Martin
Trailer
Orçamento – 300.000 Dólares
O filme é produzido pela Carousel Productions, que era composta por Maureen O’ Hara (a protagonista), Charles Fitzsimons (produtor do filme e irmão da actriz) e o escritor A. S. Fleischman. A companhia foi criada de propósito no sentido de adaptar o livro de Fleischman.
Os produtores tiveram imensa dificuldade em encontrar financiamento ao filme, devido ao tema – o transporte de uma criança morta. Mas dado o sucesso do livro, algum dinheiro foi encontrado.
Brian Keith foi chamado devido ao cancelamento da sua série “The Westerner”. Keith sugeriu Sam Peckinpah para realizar o filme – Peckinpah era criador, produtor e realizador da série.
O filme marca o reencontro entre Peckinpah e Keith.
Peckinpah não teve direito a fazer alterações no argumento nem a ter acção na montagem final. Peckinpah jurou que nunca mais faria Cinema sem controlo sobre o argumento.
Maureen O’Hara sempre teceu grandes críticas a Peckinpah – considerou-o um realizador incapaz, acusou-o de não filmar uma cena crucial (um ataque índio), apontou-o como cruel com animais e afirmou que ele frequentemente estava parado nas filmagens.
Maureen O`Hara e Brian Keith reencontrar-se-iam em “The Parent Trap”, também em 1961.
Filmado em Tucson, Arizona.
Maureen O’Hara canta a canção do genérico inicial.
A Grande Ilusão 