Os Pistoleiros da Noite (1962)

 

 

Título original – Ride the High Country

 

Logo ao seu segundo filme, Sam Peckinpah evidencia o que queria no seu Cinema e para o Western.

E reúne dois grandes veteranos do género.

 

Steve Judd, ex-marshal, é contratado para transportar um carregamento de ouro.

Gil Westrum, antigo parceiro de muitas aventuras, é contratado por Steve para o ajudar.

Mas Gil é ganancioso e vai procurer todas as oportunidades para roubar o ouro. O duo cruza-se com uma jovem que procura fugir ao seu fanático pai e encontrar-se com o noivo, que tem uns loucos irmãos.

Muitas emoções e confrontos se darão no high country.

É uma jornada de old timer cowboys num novo mundo que parece não ter lugar para eles.

É uma ilustração de um New West.

É um duelo de valores de old times contra um new time que parece não os ter.

É um confronto de jovens e veteranos.

É o Western a mudar (nesta década muito mudaria, sim – por “empurrão” do Western-Spaghetti, mas também pela renovação que Sam Peckinpah lhe imprimiria), mostrando um New West sem espaço para o Old West.

É um last shot de dois veteranos gunfighters na afirmação dos seus valores “velhinhos”, num acto de coragem e abnegação por toda uma nova geração ainda a precisar de ser educada.

O argumento é simples, mas é (muito) bem organizado e rico em pessoas, relações e emoções, com espaço para relevantes sub-intrigas (o episódio na casa do preacher e da sua filha).

Excelente fotografia, que ilustra bem a bonita paisagem.

Randolph Scott e Joel McCrea já eram tão veteranos como os seus personagens, verdadeiras living legends do Cinema e do Western. Ei-los em grandessíssima forma, a dizerem Goodbye ao meio e ao género, de forma gloriosa.

Muito boa prestação do restante elenco.

Sam Peckinpah assinava a sua segunda longa-metragem e já mostrava talento e capacidade para ser uma voz renovadora no Western. Era fiel a arquétipos clássicos, mas já estava a enveredar por novas áreas, temas e estilos.

Um belíssimo Western terminal, vindo de um Mestre que muito o soube renovar.

 

“Ride The High Country” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados a bom preço.

Realizador: Sam Peckinpah

Argumentista: N.B. Stone Jr.

Elenco: Joel McCrea, Randolph Scott, Mariette Hartley, Ron Starr, Edgar Buchanan, R.G. Armstrong, Jenie Jackson, James Drury, L.Q. Jones, John Anderson, John Davis Chandler, Warren Oates

 

Trailer

 

Mariette Hartley sobre “Ride The High Country”

 

Stuart Gordon sobre “Ride The High Country”

 

O filme no TCM

 

Orçamento – 813.000 Dólares

Bilheteira – 2 milhões de Dólares

 

“Grande Prémio”, no Grand Prix de l’UCC 1964.

“Filme a Preservar”, pela National Film Preservation Board 1992.

Mariette Hartley foi nomeada para “Melhor Promessa em Filme”, nos BAFTA 1963. Tom Courtenay foi o eleito, em “The Loneliness of the Long Distance Runner”.

Título inicial – “Guns in the Afternoon”

 

Na origem do projecto, Gary Cooper e John Wayne iam ser os protagonistas. Mas Cooper faleceu antes do avanço da produção. Contudo, acredita-se que a parceria seria improvável – Cooper já tinha rejeitado tal parceria em “The Far Horizons” (1955, de Rudolph Maté, com Fred MacMurray, Charlton Heston, Donna Reed e Barbara Hale).

Joel McCrea ia ser Gil Westrum e Randolph Scott ia ser Steve Judd. Mas cada um dos actores preferiu interpretar o outro personagem. Pediram tal aos produtores, estes aceitaram e resultado prova que os actores tinham razão.

Scott procurou Budd Boetticher (tinham feito 7 Westerns, bem relevantes) no sentido dele realizar, mas Budd estava ocupado com “Arruza” (1972).

Robert Culp recusou ser Billy Hammond, pois queria construir uma carreira como leading man e não a interpretar personagens loucos ou homicidas.

Primeiro filme de Mariette Hartley.

Sam Peckinpah gostou do argumento, mas quis fazer alterações. O personagem Steve Judd foi moldado à imagem do pai do cineasta. A line I just want to enter my house justified” deriva de algo que o pai de Sam dizia frequentemente.

As alterações que Peckinah fez ao argumento reflectem muito da sua vida.

No argumento inicial, os personagens de Scott e McCrea têm destinos opostos aos que se mostram no final do filme. A mudança foi ideia de Peckinpah.

McCrea e Scott gostaram das alterações feitas por Peckinpah.

Filmado em 26 dias.

No sentido de enfatizar a relação dos irmãos Hammond, Peckinpah isolou os actores que os interpretavam do resto do elenco, para que convivessem e desenvolvessem laços.

Peckinpah tinha sempre em mente o resultado final, na montagem. Por isso só filmava o que precisava.

As tendas eram feitas do tecido que se usou para as velas em “Mutiny at the Bounty” (1962).

Um forte nevão levou a fazer uma paragem nas filmagens na floresta Inyo e levou à mudança para as montanhas de Santa Monica. Tal obrigou o filme a ultrapassar em 4 dias o prazo das filmagens e em 52.000 Dólares o orçamento.

Mariette Hartley recorda-se de ver Peckinpah a beber e ser algo brutal com ela.

Quase todos os actores se deram bem com Peckinpah.

McCrea deu-se bem com Peckinpah, mas não gostou da forma como ele tratava a equipa técnica.

A MGM tinha pouca fé no filme e estreou-o de forma indiferente, em formato double-bill, com “Boys’ Night Out” e “I Tartari”. Mas quando se descobriu que era por “Ride the High Country” que o público ia às double-bill sessions, o estúdio decidiu estrear o filme de forma autónoma.

O nome de Sam Peckinpah não é creditado no argumento. O cineasta ameaçou processar o estúdio se o filme fosse nomeado para “Melhor Argumento”, nos Oscars.

Ao ver o filme, a irmã de Peckinpah chorou.

O filme foi um sucesso na Europa e esteve em Cannes.

É o último filme de Randolph Scott. Scott decidou abandonar o Cinema depois de ter visto este filme, acreditando que nunca mais encontraria um argumento com aquele nível de qualidade.

Joel McCrea também decidiu retirar-se do Cinema, depois deste filme. Ainda fez mais três filmes (mas nenhum com o nível de qualidade de “Ride the High Country”).

 

Nos 80s, Charlton Heston ponderou fazer um remake, com ele e Clint Eastwood. Heston trabalharia com Peckinpah (“Major Dundee”, em 1965). Heston ficou interessado em Peckinpah depois de ver “Ride the High Country”.

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