Infinity Pool (2023)

 

 

Um estranho filme sobre certos “prazeres” em resorts de luxo.

 

Um jovem casal está de férias num local paradisíaco.

Dá-se o encontro e entendimento com um outro jovem casal.

Um azar vai levá-los a conhecer os meandros obscuros, medonhos e sádicos da região.

Brandon Cronenberg.

Sim, o apelido não é coincidência.

Brandon é filho do “Doutor David”.

E Brandon segue o ditado que diz “filho de peixe sabe nadar”.

 

Brandon, tal como o pai, sabe criar histórias originais, ilustrar mundos estranhos, criar atmosferas bizarras, apoiados em bons efeitos de make-up e sonoridades inquietantes, sempre com bom gosto visual, imagens bonitas, estilizadas e carregadas de simbolismo.

Tal como o papá, também o filhote se mostra um bom director de actores e sempre apto a meninas bonitas.

 

Fiquei bem impressionado com o seu “Possessor” e tudo se confirma neste insólito e perturbante “Infinity Pool”.

Brandon faz um filme que parece híbrido – começamos em drama sobre férias num resort de luxo, com contacto entre casais, seguimos para algo de thriller sobre crime (involuntário) e culpa (ou fuga a ela), andamos por algo de survival movie (os jogos a que o protagonista é submetido) e mergulhamos numa piscina de demência (os hábitos do grupo) que leva o filme para um território sem género.

 

Acaba por ser uma reflexão sobre essa “piscina infinita” que é o efeito da violência sobre o ser humano, a forma como esta é uma manifestação de poder, manipulação e uso, mostrando-a como mais um meio no eterno duelo entre poderosos e fracos.

O resultado é estranho, diferente, original, inquietante e hipnótico.

Brandon até tem momentos em que parece homenagear o pai (o grupo “recreativo” parece uma variante do de “Crash”, o processo “cirúrgico” recorda algo de “Crimes of the Future”).

 

A certa altura nunca se deixa de ter a dúvida sobre quem é quem, assim que se descobre a solução proposta pelo sistema.

Final aberto a diversas leituras.

 

Bons efeitos de make-up (há bom gore, com muita carne esfaqueada e garganta dilacerada, criando aqui e ali uma pool bem vermelha) e cuidada fotografia.

Alexander Skaarsgard entrega grande convicção emocional e física.

Mia Goth é que fica na memória pela sua perversa, assassina e sensual “inocência” (não a percam na trilogia “X” de Ti West).

É um dos filmes mais estranhos, originais, perturbadores e fascinantes do panorama cinematográfico recente, confirmando um novo talento, que muito honra o nome da família.

 

“Infinity Pool” não vem para as nossas salas. Já se move em streaming noutros países.

Realizador: Brandon Cronenberg

Argumentista: Brandon Cronenberg

Elenco: Alexander Skarsgård, Mia Goth, Cleopatra Coleman, Jalil Lespert, Thomas Kretschmann

 

Site – https://www.infinitypool.film

 

Bilheteira (até agora) – 5 milhões e Dólares (USA)

 

Falou-se que Robert Pattinson (que já trabalhou com David Cronenberg – “Cosmopolis” e “Maps to the Stars”) tinha sido escolhido para protagonista, mas recusou.

 

O filme foi mostrado na íntegra no festival de Sundance, mas para as salas teve de ser editado para diminuir a visualização da violência e da sexualidade.

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