A Mansão (1999)
“The Haunting” (1963, já aqui visto) já era um clássico do Terror e do Cinema.
Alguém se lembrou que seria boa ideia (?????) fazer um remake.
Um grupo de cientistas parte para uma mansão, no sentido de a estudar, pois ela tem reputação de ser amaldiçoada.
A casa começa a revelar uma vida própria e vai mudar as vidas dos presentes.
Terror na vertente de casa assombrada, onde se procura uma visão científica sobre o medo.
Mas há…
Pouco susto, pouca Ciência e muita tecnologia.
Como contraste com o filme original, o remake aposta mais no explícito do que no sugerido.
(sinal dos tempos)
Há mais efeitos visuais (principalmente no climax) e o enfrentar do terror assenta numa componente quase actioner.
Comum ao clássico de 1963 estão a lógica científica de estudar o medo (embora este raramente surja, com o lado científico a ser muito ligeiro) e o aspecto imponente da mansão.
Mas é pouco, dada a superficialidade da abordagem.
Excelente cenografia (a casa é tão imensa e temível como a do filme original).
A fotografia é boa, mas o facto de ser a cores inibe completamente a presença do medo (aqui, nada bate o P&B).
Bons efeitos visuais. Mas só servem para desfile técnico e para mascarar a falta de terror.
Boa prestação do elenco, com destaque para Lili Taylor que é a mais empenhada do elenco na demonstração de medo e loucura. Catherine Zeta-Zones parece estar a pavonear-se pela casa e a exibir o seu (belo) guarda-roupa.
Jan de Bont já tinha mostrado bom talento para o actioner (“Speed”) e para uso de efeitos visuais (“Twister”).
Mostra que se está a divertir com os (bons) meios de produção, filma bem a casa, mas não consegue o que é essencial ao filme – tensão, medo e terror.
Uma modernização de um clássico, que não o consegue alcançar, mas cumpre o serviço (mínimo) do entretenimento.
Vê-se bem.
“The Haunting” tem edição portuguesa. Já andou a preço “assustado”, mas é uma raridade nas lojas. Algumas edições europeias têm legendas em Português e andam a bom preço.
“The Haunting” é um remake. Vamos ver como se mede face ao original:
- Fotografia – o original é a P&B, o remake é a cores; a capacidade de criar atmosfera e medo é bem maior no filme original, o P&B ajuda a criar medo, a cor desarma-o.
- Efeitos visuais – muitos no remake, quase nulos no original; o original não precisou de “ajudas” para criar a devida atmosfera; o remake reflecte o sinal dos tempos (muito uso de CGI).
- Cenografia – magnífica nos dois casos, com a do original a ser ajudada pelo P&B; nos dois filmes a mansão é imensa, labiríntica e medonha.
- Realização – bem competente no original, verdadeira lição para o género; meramente funcional no remake.
- Actores – demasiado certinhos no remake (ainda que haja Lili Taylor a diferenciar-se), impecáveis no original (ainda que se destaquem Julie Harris e Claire Bloom).
Resultado? Vitória (em todas as vertentes) do filme original.
Realizador: Jan de Bont
Argumentista: David Self, a partir do romance de Shirley Jackson (“The Haunting of Hill House”)
Elenco: Liam Neeson, Catherine Zeta-Jones, Owen Wilson, Lili Taylor, Bruce Dern, Marian Seldes
Trailer
Clips
Making of
Orçamento – 80 milhões de Dólares
Bilheteira – 91 milhões de Dólares (USA); 177 (mundial)
“Melhor Música”, nos BMI Film & TV 2000.
Teve várias “importantes” nomeações para os Razzie 2001 – “Pior Filme” (“Wild Wild West” foi preferido), Catherine Zeta-Jones ia ser a “Pior Actriz” (Heather Donahue foi preferida, em “The Blair Witch Project”), Jan de Bont queria ser o “Pior Realizador” (Barry Sonnenfeld foi preferido, por “Wild Wild West”), “Pior Argumento” (“Wild Wild West” foi escolhido).
“Pior Remake”, nos The Stinkers Bad Movie 1999.
Steven Spielberg e Stephen King reuniram-se para discutir a possibilidade de fazer um filme de terror sobre uma casa assombrada. Ambos concordaram que “The Haunting” era uma referência no género. King quis usar a história da Winchester Mystery House, em San Jose, California, o que agradou a Spielberg. Mas logo surgiram conflitos criativos – King queria os personagens sempre em sobressalto, Spielberg queria-os heróicos. King usaria as ideias do seu argumento para a mini-série “Rose Red” (2002), onde abordaria elementos do romance de Shirley Jackson e dos eventos da Winchester Mystery House.
“The Hunting” e “Rose Red” partilham a mesma tagline – “Some Houses are Born Bad”.
O projecto começou na Dimension Films (a divisão do Terror da Miramax), com Wes Craven designado como realizador. Craven preferiu fazer “Scream” (a saga foi produzida pela Dimension).
O filme não se podia assumir como um remake do filme de 1963 pois o estúdio não tinha os direitos para tal. Não se podia repetir, imitar ou homenagear algum plano do filme de 1963. Assim sendo, definiu-se o filme como uma nova adaptação do romance de Shirley Jackson.
O filme ia-se intitular “The Haunting of Hill House”, mas mudou para “The Haunting” para evitar confusões com “House on Haunted Hill (1999, de William Malone, com Geoffrey Rush, Famke Janssen; remake do clássico homónimo do grande William Castle).
Michael Tolkin fez uma reescrita no argumento, mas o seu nome não recebeu crédito.
Foi o primeiro filme produzido por Samuel Z. Arkoff (um dos compinchas de Roger Corman, com a American International Pictures), em 15 anos. Arkoff não tem o seu nome creditado. Donna Roth é uma das produtoras e filha de Arkoff.
Os sets envolveram uma equipa de 40 escultores, 200 pintores e 400 carpinteiros.
Muitos dos sets foram montados no lugar que albergou “The Spruce Goose”, o famoso avião criado por Howard Hughes.
A mansão fica localizada em Grantham, Inglaterra. É propriedade da University of Evansville, Indiana, sendo usada para estudantes estrangeiros.
Alguns exteriores e interiores foram filmados em Harlaxton Manor, Inglaterra.
Caleb Deschanel foi o Director of Photography inicial, mas abandonou o projecto devido a conflitos criativos. Deschanel ainda filmou várias cenas.
Os efeitos visuais são de Phil Tippett e da Industrial Light and Magic.
Liam Neeson referia-se a Catherine Zeta-Jones como “A Gazela Galesa”, pois a partir de certa altura o actor não conseguia acompanhar a corrida da actriz (natural do País de Gales), nos diversos takes de uma cena.
Neeson tem medo de alturas. No momento em que o seu personagem está assustado ao subir uma escada alta, o actor não está a representar.
Os ruídos ouvidos na casa eram criados no momento, no sentido de se conseguir uma reacção mais natural dos actores.
Um final alternativo foi filmado – o Dr. Marrow escreve um livro sobre os eventos vividos, dedicando-o aos falecidos; Theo visita a mansão no sentido de procurar contacto com os falecidos.
Na época falou-se que Steven Spielberg (um dos produtores) tinha filmado várias cenas, pois não gostou do primeiro cut do filme.
O filme foi arrasado pela crítica – salientou-se a simplicidade ao argumento, os clichés ligados aos momentos de susto, o excesso de efeitos visuais digitais.
O livro de Shirley Jackson está editado em Portugal, bem como um outro.
Sobre Shirley Jackson:
https://www.britannica.com/biography/Shirley-Jackson
https://www.penguin.co.uk/authors/18709/shirley-jackson.html
https://www.goodreads.com/author/show/13388.Shirley_Jackson
[…] filme teria o (in)evitável remake em 1999 (já aqui visto). Realizado por Jan de Bont, tinha no elenco Liam Neeson, Catherine Zeta-Jones, Owen Wilson e […]