Título original – La Tulipe Noire
Alain Delon andava a mover-se por muitos filmes artísticos, pela mão de grandes cineastas – “A Plein Soleil” (1960, de René Clement), “Rocco e i suoi Fratelli” (1960, de Luchino Visconti), “L’Eclisse” (1962, de Michelangelo Antonioni), “Il Gattopardo” (1963, de Luchino Visconti).
Era momento de se mover por um Cinema mais popular (por onde já tinha começado em 1963, com “Mélodie en sous-sol”, de Henri Verneuil, ao lado de Jean Gabin).
Assim sendo, ei-lo como heróico protagonista de um grande momento de Cape et d`Épée.
1789.
A povoação de Roussillon vive no medo devido à opressão do governador local.
Em cena surge um certo “La Tulipe Noire”, um salteador que procura ajudar o povo.
Esqueçamos que o filme não é fiel ao romance homónimo de Alexandre Dumas (que tem mais em comum com “Le Conte de Monte Cristo”, sendo a história dramática de um homem, que cria uma rara espécie de tulipa negra, que é alvo de uma acção de inveja destrutiva sobre ele e sobre a sua amada).
Esta adaptação (que só recorre ao título, portanto) tem mais em comum com Robin Hood e Zorro.
É a clássica história do aventureiro mascarado, aqui em luta contra os nobres e aristocratas, em pró do povo e de uma igualdade social e financeira.
Pouco interessa se o tema já é conhecido.
Aqui interessam a diversão e o entretenimento.
E ambos são conseguidos.
E de que maneira!
Todo o filme é um desfile imparável de acção, aventura, humor, romance e graciosidade.
A música dá-nos vontade de nos juntarmos ao herói e cavalgar por mil e uma peripécias.
A fotografia é viva, plena de cores alegres e vibrantes, que nos fazem sentir estar num ambiente feliz. E tal ainda se sente mais no novo master HD.
O guarda-roupa é sumptuoso e sentimo-nos rodeados pelo luxo.
Christian-Jacque era, ao lado de André Hunnebelle (autor de muitos filmes de acção e aventura com Jean Marais, tendo ambos feito uma outra referência feliz de Cape et d`Épée – “Le Bossu”, em 1959), um dos grandes nomes para um cinema de escapismo, diversão, acção e aventura, bem como capa-e-espada (até porque Christian-Jacque tinha feito em 1952, aquele que é o grande filme desse género – “Fanfan la Tulipe”).
E o filme bem mostra porquê. Christian-Jacque não dá sossego ao espectador nem ao protagonista, fazendo do filme um total carrossel de peripécias bem encenadas, sabendo ilustrar todo o glamour dos ambientes.
Alain Delon já era uma grand etoile du Cinema (muito graças a “Plein Soleil”) e ei-lo em plena forma, cheio de carisma, energia, poder de sedução e humorístico. E até interpreta dois personagens, bem opostos – o que aumenta a diversão do filme e a dimensão do seu trabalho.
Uma verdadeira maravilha do género, perfeitamente ao nível de “Fanfan, La Tulipe” e “Le Bossu”, capaz de se bater com o que de melhor o Swashbuckler tinha em Hollywood (fosse com Douglas Fairbanks, Errol Flynn, Stewart Granger, Burt Lancaster ou Tyrone Power).
Até porque hoje já é impossível fazer filmes assim (nem há realizadores nem há actores).
“La Tulipe Noire” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Christian-Jaque
Argumentistas: Paul Andréota, Christian-Jaque, Henri Jeanson, Marcello Ciorciolini, Henri Jeanson, a partir do romance de Alexandre Dumas
Elenco: Alain Delon, Virna Lisi, Adolfo Marsillach, Dawn Addams, Akim Tamiroff, Laura Valenzuela, George Rigaud, Francis Blanche, José Jaspe
Trailer
Bilheteira – 3.1 milhões de Espectadores (França)
“Melhor Filme Estrangeiro”, nos Huabiao 1985.
Alain Delon quis fazer um filme deste género depois de ver o (imenso) sucesso de Jean-Paul Belmondo (o grande “rival” de Delon) em “Cartouche” (1962; que contava também com Gina Lollobrigida, que também participava em “Fanfan La Tulipe”, também assinado por Christian-Jaque).
Delon também queria provar a sua versatilidade, pelo que interpreta dois personagens totalmente opostos.
Co-produção entre França Itália e Espanha.
Filmado em Espanha, na zona de Cáceres. Os interiores foram filmados nos Estúdios Victorine, em Nice, França.
O filme foi um enorme sucesso de público e crítica.
Estreou no mesmo ano de “L`Homme de Rio” (com… Jean-Paul Belmondo; o filme teve maior sucesso do que o de Delon).
Christian-Jaque realizou dois (magníficos) filmes dedicados a duas Tuilipes – “Fanfan la Tulipe” (1952, com Gérard Philippe) e ”La Tulipe Noire” (1963).
Em 1975, Delon regressa ao género, como o igualmente divertido e dinâmico “Zorro” (de Duccio Tessari, que é uma das mais felizes versões cinematográficas com o emblemático personagem).
Do romance de Alexandre Dumas, o filme só usa o título. Toda a narrativa é completamente diferente.
Sobre Alexandre Dumas
https://www.britannica.com/biography/Alexandre-Dumas-pere
https://www.goodreads.com/author/show/4785.Alexandre_Dumas
https://www.fantasticfiction.com/d/alexandre-dumas/