Título original – Fanfan la Tulipe
É um dos mais populares filmes franceses de sempre e ainda uma referência no campo do Cape et d’Épée.
Fanfan é um aventureiro e sedutor.
Uma série de acasos e equívocos levam-no a ingressar nas tropas de Luís XV, salvar o reino e conquistar uma bela senhora.
Nem só de Hollywood vive o Swashbuckler.
Em França também se fazia glorioso Cape et d`Épée e este é um (ou O) exemplar supremo.
Pegando-se no tema do aventureiro conquistador, sorridente e apto para aventuras e romance, cria-se um título que é um prodígio de humor, acção, aventura e romance.
O ritmo é non-stop de peripécias, os personagens são cativantes (seja Fanfan e Adeline, como o Sargento, o carcereiro, o Rei e o seu assistente) e toda a action é de incrível coordenação (o confronto no convento, a perseguição à carruagem).
Muito boa fotografia.
Pena tamanha dinâmica ser a preto-e-branco (mas de óptimo nível), mas há uma (magnífica) versão colorizada que tem um (muito) cuidado trabalho no tratamento da cor.
Christian Jacque era um bom maitre para o género (também assinou utro momento feliz em tal em 1964 – “La Tulipe Noire”, com Alain Delon) e ei-lo bem ágil e divertido no tom que dá ao filme.
Gérard Philippe lidera com uma notável destreza física e humorística.
Gina Lollobrigida é um vulcão sentimental e sempre um deslumbramento para os olhos.
O restante elenco porta-se a preceito.
Um momento de (enorme e total) felicidade cinematográfica único, que é um clássico e referência.
Perfeitamente equiparável a “The Adventures of Robin Hood” (1938).
Pena que hoje já não tenha herdeiros e continuadores.
Obrigatório.
“Fanfan, La Tulipe” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Christian-Jaque
Argumentistas: René Wheeler, René Fallet, Christian-Jaque, Henri Jeanson, Elenco: Gérard Philipe, Gina Lollobrigida, Marcel Herrand, Olivier Hussenot, Henri Rollan, Nerio Bernardi, Jean-Marc Tennberg, Geneviève Page
Trailer
Bilheteira – 6.7 milhões de Espectadores (França)
“Urso de Prata”, no Festival de Berlim 1952
“Melhor Realizador”, em Cannes 1952. Ainda concorreu ao “Grande Prémio”, mas perdeu para “Due Soldi di Speranza” e “The Tragedy of Othello: The Moor of Venice”.
Fanfan é um personagem popular no Século XVIII, alvo de várias lendas, contos e canções.
O Cinema não o podia ignorar e surgiram várias versões, feitas em França – em 1907, num filme mudo assinado por ‘Alice Guy; em 1925 num filme de René Leprince; e a versão mais famosa e emblemática, que é esta de 1952.
Filmado no Sul de França, numa propriedade campestre na zona de Grasse.
Gérard Philipe fez todas as cascades. Teve ligeiros ferimentos.
É o primeiro filme francês de Gina Lollobrigida.
Gina Lollobrigida e Nerio Bernardi foram dobrados vocalmente por Claire Guibert e Alexandre Rignault.
Christian-Jaque realizou dois (magníficos) filmes dedicados a duas Tuilipes – “Fanfan la Tulipe” (1952) e ”La Tulipe Noire” (1963, com Alain Delon).
Terceiro (e último) encontro entre Gérard Philipe e Christian-Jaque – “La Chartreuse de Parme” (1948), “Souvenirs Perdus” (1950), “Fanfan la Tulipe” (1952).
No filme participa Gil Delamare, que seria um importante cascadeur e técnico de efeitos especiais do Cinema francês.
O produtor Alexandre Mnouchkine está ligado a muitos filmes franceses bem populares – “L’Aventure c’est l’Aventure”, “Le Cap de l’Espérance (1951), “Fanfan la Tulipe” (1952), “Lucrèce Borgia” (1953), “Madame du Barry” (1954), “Club de Femmes” (1956), “L’Aigle à Deux Têtes”, “Cartouche” (um digno rival de “Fanfan la Tulipe”), “L’Homme de Rio” (1964), “Les Tribulations d’un Chinois en Chine” (1965), “L’Emmerdeur” (1973), “Le Magnifique” (1973), “Le Nom de la Rose” (1986). Recebeu um César como prémio de carreira em 1982.
Henri Jeanson era um dos mais prestigiados argumentistas da época. Assinou filmes relevantes como “Pepe le Moko” (1936), “Hôtel du Nord” (1938), “Carmen” (1942), “Un Revenant” (1946), “Entre Onze Heures et Minuit” (1948), “Nana” (1954), “La Vache et le Prisonnier” (1963), “Paris When It Sizzles” (1964).
Henri Jeanson e Christian-Jaque colaboraram em 16 filmes.
Philipe volta a protagonizar um filme escrito por Jeanson, depois de “Souvenirs Perdus” (1950). Reencontrar-se-iam em ”Montparnasse 19” (1958).
Francis Cosnes ganharia boa reputação como produtor neste filme. Voltaria a produzir para Christian-Jaque, em “Lucrèce Borgia” (1953). Cosnes iria descobrir Brigitte Bardot e produziria seis dos seus filmes (“Une Parisienne”, “Voulez-vous Danser avec Moi ?”, “La Bride sur le Cou”, “Le Repos du Guerrier”, “A Coeur Joie”, “Les Pétroleuses”).
O filme foi um enorme sucesso de público e crítica, não só em França mas também por toda a Europa.
Na época surgiram várias bandas desenhadas dedicadas a Fanfan.
Gérard Philipe já tinha boa reputação e popularidade, mas com “Fanfan la Tulipe” ela subiu. Outros dos seus títulos populares são “La Chartreuse de Parme” (1947), “La Beauté du Diable” (1949), “Les Belles de Nuit” (1952), “Si Versailles m’etait conté…” (1953), “Le Rouge et le Noir” (1954), “Si Paris nous était conté” (1955), “Les Grandes Manoeuvres” (1955), “Les Liaisons Dangereuses” (1959). Faleceu demasiado jovem. Regressaria ao género em 1956, com “Les Aventures de Till l’Espiègle” (co-escrito e co-realizado por ele).
Gina e Gérard reencontram-se em “Les Belles de Nuit” (1952), René Clair.
“Fanfan la Tulipe” foi o primeiro filme francês a ser dobrado na China.
Nos anos 90, tentou-se fazer uma nova versão com Patrick Bruel. O projecto não avançou.
O filme teria um remake em 2003 (já aqui visto), produzido e escrito por Luc Besson, com Vincent Pérez e Penélope Cruz. Basicamente refaz muito do filme de 1952, carregando mais no humor (cartoonesco) e na busca de mais espectáculo nas cenas de acção. Diverte e entretém, mas é (obviamente) inferior à versão com Gérard Philippe e Gina Lollobrigida.
“Fanfan la Tulipe” é a P&B, mas quando saiu a edição DVD em 2000, o filme foi alvo de uma (excelente) colorização. A qualidade é tal, que muita gente que viu o filme pela primeira vez acreditava que o filme era a cores.
O filme recebeu uma remasterização 4K em 2020, mas para a versão a Preto-e-Branco (que foi assim que foi filmado originalmente).
[…] la Tulipe” (1952, já aqui visto) já era (como toda a justiça) um grande clássico do […]