Título original – The Whale
Darren Aronofsky de volta ao seu tipo de Cinema, arrastando mais um virtuoso exercício de interpretação pelo protagonista.
Um professor de Inglês, com um delicado problema de obesidade, procura redimir-se dos seus erros passados e restabelecer contacto com a sua filha.
Darren Aronofsky já nos habituou a filmes estranhos, dolorosos, intensos, apoiado em profundas emoções humanas e notáveis interpretações.
Este seu recente “The Whale” não é menos.
Estamos perante um dilacerante drama sobre a condição humana, na forma como se lida com os erros da vida, a procura de uma redenção (perante nós e os outros – nomeadamente os que amamos), a reconciliação e o diálogo.
O resultado é de grande impacto e deixa ninguém indiferente.
Há algo de déjà vu no tema (já o vimos em vários melodramas) e o filme consegue alguma diferença dada a fisionomia do protagonista e a (aparente) relação com o título, até porque a narrativa também usa esse factor da deformação física do protagonista.
Resulta inteligente o significado da tal “Baleia” (não, não é uma piada sobre o estado físico do protagonista).
O tour de force é mesmo o protagonista.
Não só pela sua definição psicológica e emocional, mas pelo seu aspecto e criação.
Os efeitos de caracterização são incríveis (e bem dignos de prémios).
Brandan Fraser já tinha uma carreira, ainda que modesta, onde mostrou ser um capaz comediante (o divertido “Bedazzled”) e leading man em blockbusters (a muito entretida e espectacular saga “The Mummy”). Mas aqui Fraser mostra uma capacidade e profundidade dramáticas que, se calhar, ninguém esperava.
O resultado é um trabalho interpretativo de altíssimo nível, toda uma performance de carreira, bem intensa e dolorosa, de grande entrega, que merece muitos e bons prémios.
É muito possível que Fraser (cuja carreira estava muito estagnada) tenha um ressurgir no meio.
Impecável trabalho do restante elenco.
Darren Aronofsky faz-nos sentir o aperto do espaço (estamos sempre na sala da casa do protagonista), que condiz com a claustrofobia física e emocional do protagonista e das pessoas ao seu redor, bem como das emoções em campo.
É Darren Aronofsky de volta ao seu melhor, é Brandan Fraser a mostrar que é mesmo grande actor, é Cinema de emoções.
“The Whale” está nas nossas salas.
Realizador: Darren Aronofsky
Argumentista: Samuel D. Hunter, a partir da sua peça teatral
Elenco: Brendan Fraser, Sadie Sink, Ty Simpkins, Hong Chau, Samantha Morton
Site – https://a24films.com/films/the-whale
Orçamento – 10 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 17 milhões de Dólares (USA); 36 (mundial)
Nomeações para os Oscars 2023 – “Melhor Caracterização”, “Melhor Actor” (Brendan Fraser), “Melhor Actriz Secundária” (Hong Chau).
Brendan Fraser concorreu a “Melhor Actor”, nos BAFTA 2023. Perdeu para Austin Butler em “Elvis”.
Brendan Fraser foi o “Melhor Actor”, pelo Screen Actors Guild, nos AARP Movies for Grownups 2023, nos Black Film Critics Circle 2022, no festival de Capri Hollywood 2022, nos CinEuphoria 2023, pelos críticos da Florida 2023, nos Critics Choice 2023, no festival de Denver 2022, nos DiscussingFilm Critics 2023, pelos críticos de Hawaii 2023, pela Hollywood Critics Association 2023, pela Internet Film Critic Society 2023, pelos críticos de Las Vegas 2022, pela Music City Film Critics’ Association 2023, pelos críticos de Nevada 2022, pela North Dakota Film Society 2023, pelos críticos do Texas 2022, pelos críticos de Oklahoma 2023, no festival de Palm Springs 2023, pelos críticos de Philadelphia 2022, pelos críticos de Phoenix 2022, pelos críticos de St. Louis 2022, .
“Melhor Caracterização”, pela Hollywood Critics Association Creative Arts 2023, pelo Hollywood Makeup Artist and Hair Stylist Guild 2023, no festival de Santa Barbara 2023.
“Prémio do Público” no festival de Mill Valley 2022.
“Prémio do Júri”, no festival de Montclair 2022.
Diversos prémios em Veneza 2002 – “Interfilm”, “Leoncino d’Oro”, “Premio CinemaSarà”, “Sorriso Diverso Venezia”.
No início do projecto, Tom Ford ia ser o realizador e James Corden o protagonista.
É o primeiro filme de Darren Aronofsky filmado em digital.
Filmado em 1.33 aspect ratio, para assim dar uma maior sensação à volta da obesidade do protagonista e do seu confinamento.
O protagonista inspira-se no autor da peça/argumento, Samuel D. Hunter. Hunter é gay assumido, professor numa faculdade e activista contra doenças ligadas à má alimentação.
O protagonista encomenda take-away num certo “Gambino’s”. Tal restaurante existe e fica em Moscow, Idaho. É a povoação de onde o autor Samuel D. Hunter é oriundo.
Há muitos diálogos a envolver números múltiplos de 12.
Sadie Sink interpreta Ellie. A versão mais jovem da personagem é interpretada pela irmã mais nova de Sadie, Jacey.
Todo o “fato” que Brendan Fraser usa é à base de prosthetic e era bem pesado.
O filme recebeu uma ovação em pé de 6 minutos, no festival de Veneza. Alguém deu conta que Brendan Fraser chorou em tal momento.