O Último Caso de Trent (1952)

 

 

Título original – Trent’s Last Case

 

E.C. Bentley é um dos grandes escritores, também com jeito para policiais.

O seu Philip Trent é um peculiar detective.

Eis uma feliz adaptação de um seu popular (e elogiado) romance.

 

Philip Trent é um empenhado jornalista, muito motivado pelo crime.

Perante o suicídio de um milionário famoso, Trent move-se no sentido de saber o que aconteceu.

E descobre que pode haver homicídio. Mas tal pode entrar em conflito com os interesses sentimentais que, entretanto, despertaram nele.

Poucos resistem a um bom whodunit.

Principalmente se Made in UK e derivado de clássicos da Literatura (também Made in UK).

Este “Trent´s Last Case” deriva de um clássico literário de E.C Bentley. Bentley pretendia brincar com o género e isso nota-se.

Apesar do que o título sugere, não há aventuras de Philip Trent prévias a este romance (e filme), mas há posteriores (na Literatura). Era outra forma de Bentley ironizar o género.

É um whodunit clássico (falecido, suspeitas, vários suspeitos, pistas, investigação, solução), mas assenta em vários twists & turns face aos arquétipos convencionais.

O protagonista não é um “super-detective” da Polícia ou investigador privado, é um sagaz jornalista, com apetite pelo crime e até artista (gosta de desenhar e pintar), empenha-se na descoberta da verdade, mas cai frequentemente em conclusões erradas ou precipitadas.

O falecido reserva surpresas, e até hostis.

Quando o caso aponta para uma certa solução, eis que a verdade é outra. Aliás, a solução é passível de muitas verdades.

E aqui reside o encanto da trama – saber brincar, baralhar e ironizar os arquétipos do género, mas sem os banalizar ou ridicularizar, assegurando sempre o interesse do espectador, conseguindo que ele tanto queira ver a solução do mistério como sorria ao ver tantos twists & trurns aos arquétipos.

Bom trabalho do elenco, com destaque para Michael Wilding (bem empertigado), Margaret Lockwood (bem fria e sofisticada, mas sempre sedutora e fascinante), Orson Welles (bem repugnante), John McCallum (bem dedicado) e Miles Malleson (bem simpático).

Um divertido whodunit que sabe rir-se do género.

 

“Trent´s Last Case” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados a bom preço.

Realizador: Herbert Wilcox

Argumentista: Pamela Bower, a partir do romance de E.C. Bentley (“Trent’s Last Case”)

Elenco: Michael Wilding, Margaret Lockwood, Orson Welles, John McCallum, Miles Malleson, Hugh McDermott

 

Clip

 

Bilheteira – 155.000 Libras

 

E.C. Bentley era poeta e virado para o humor, não gostava de histórias com detectives e criou “Trent’s Last Case” como uma paródia e ataque a tal género. Philip Trent é empenhado, mas algo trapalhão na forma como descobre a “verdade”, sendo sempre precipitado e às vezes errado sobre ela.

O romance foi editado em 1913. Foi um sucesso e é um clássico do género e da Literatura.

Teve direito a duas adaptações cinematográficas prévias – uma em 1920 com Clive Brook, outra em 1929 de Howard Hawks.

Margaret Lockwood tinha assinado contrato com Herbert Wilcox.

Wilcox fazia filmes com a esposa, Anna Neagle. Neagle e Lockwood eram duas das mais populares actrizes inglesas dos 40s.

A carreira de Lockwood estava algo estagnada há uns anos, pelo que este filme estabeleceu o seu regresso após dois anos de pausa.

Mesmo assim, a parceria com Wilcox acabaria com a carreira de Lockwood.

 

Orson Welles estava a desenvolver o projecto “Othello” para Cinema quando Herbert Wilcox (de quem era amigo) o contactou. Welles aceitou por estar a precisar de dinheiro.

Segundo Wilcox, ele pagou a Welles cerca de 12.000 Libras. Mas como Welles estava coberto de dívidas, só ficou com cerca de 150.

Welles dirigiu e escreveu as cenas em que aparece.

 

É o primeiro filme de Kenneth Williams e Geoffrey Bayldon.

É o último filme de Henry Edwards.

 

Num momento, Sigsbee Manderson (Orson Welles) critica a performance do actor que interpreta “Othello” no St. James Theatre, em Londres de 1951. Welles chegou a interpretar Othello, no St. James Theatre, em Londres, em 1951.

Wilcox gostou tanto do trabalho de Welles, que lhe pagou mais do que ele tinha pedido.

Wilcox e Welles voltariam a trabalhar juntos, em “Trouble in the Glen” (1954).

Margaret Lockwood gostou de trabalhar com Herbert Wilcox e Orson Welles.

E.C. Bentley dedicou três romances a Philip Trent – “Trent’s Last Case” (1913), “Trent’s Own Case” (1936) e “Trent Intervenes” (1938).

 

Sobre E.C. Bentley (Edmund Clerihew Bentley)

https://www.britannica.com/biography/E-C-Bentley

https://www.fantasticfiction.com/b/e-c-bentley/

https://www.goodreads.com/author/show/1533024.E_C_Bentley

 

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