Rififi (1955)

 

 

Título original – Du Rififi chez les Hommes

 

Um grande clássico do Polar, servido por um Maitre.

 

Quatro criminosos planeiam um assalto que lhe garantirá muito dinheiro. Mas há fraquezas humanas que não estavam nos planos.

“Documentário” sobre o “crime de bairro” francês, pós-guerra (a Segunda Guerra Mundial), onde se ilustram os códigos, as éticas, as relações, os métodos e as acções.

Por aqui já se vêem prenúncios de Nouvelle Vague (câmara “ao ombro” e “na mão”, filmagens nas ruas), mas todo o tom é puro Noir e de Polar – algo em que Jules Dassin teve muito a dizer nos USA (“Brute Force”, em 1947) e na Inglaterra (“Night and the City”, em 1950).

Se o filme é toda uma lição de Polar, realismo, detalhe e dureza, o filme marca pontos por uma sequência que fez História e que é sempre evocada quando se recorda o filme – o assalto à joalharia.

São 30 minutos de pouco som, apenas actividade, sem música ou diálogos, documentando ao mais preciso detalhe toda a acção dos larápios.

A cena é toda uma lição de mise en scène – som, fotografia, planos, montagem.

A cena ainda hoje é alvo de muito estudo, mas também de muitas imitações, referências e homenagens – uma das mais conseguidas é feita por Brian de Palma, na cena do assalto à CIA em “Mission Impossible”.

Dassin brincaria com ela depois em “Topkapi” (1964), mas num tom completamente diferente (o filme é um heist movie com laivos de comédia).

Excelente prestação do elenco.

Jules Dassin assina com mestria, pelo tom, encenação, ritmo, atenção ao detalhe e caracterização dos personagens (em muito pouco dito e mostrado, muito se conta sobre cada um dos personagens).

Talvez seja a sua obra máxima (embora tenha como honrosos rivais “Brute Force”, “The Naked City” e “Night and the City”).

Uma obra-prima do Polar, do Cinema Francês e do Cinema.

 

Absolutamente obrigatório.

 

“Du Rififi ches les Hommes” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.

Realizador: Jules Dassin

Argumentista: Jules Dassin, René Wheeler, Auguste Le Breton, a partir do romance de Auguste Le Breton

Elenco: Jean Servais, Carl Möhner, Robert Manuel, Janine Darcey, Pierre Grasset, Robert Hossein, Marcel Lupovici, Dominique Maurin, Magali Noël, Marie Sabouret, Claude Sylvain, Jules Dassin (como Perlo Vita)

 

Trailer

 

Clips

 

Jules Dassin sobre o filme

 

“Melhor Realizador”, em Cannes 1955. Concorreu à “Palme d’Or”, mas perdeu para “Marty”.

“Melhor Filme”, pelo Sindicado dos Críticos de Cinema de França 1956.

“Top 10 – Filmes Estrangeiros”, pela National Board of Review 1956.

“Prémio Especial”, pelos críticos de Nova Iorque 2000.

“Hall of Fame”, pela Online Film & Television Association 2017.

Auguste Le Breton conhecia bem o meio sobre o qual escreveu.

“Rififi” significa, no calão francês, um conflito violento ou uma exibição de machismo, quase sempre no mundo criminal.

 

O argumento faz muitas concessões ao romance e o próprio Auguste Le Breton foi ter com Jules Dassin e perguntou-lhe “Onde está o meu livro?”, de arma na mão. Dassin riu-se, Le Breton idem e ambos se tornaram amigos.

Jules Dassin estava na “Black List” do McCarthism, pelo que tive de sair dos USA para conseguir trabalhar.

 

O orçamento era tão baixo, que Dassin teve de recorrer a actores com pouca ou nenhuma experiência.

Dassin queria um filme negro em todos os sentidos, pelo que recusou filmar em dias de sol.

As jóias eram genuínas e foram emprestadas por um joalheiro. Mas estavam bem protegidas pela Polícia.

Jules Dassin surge no filme, com o pseudónimo de Perlo Vita.

Muitos dos personagens do romance são africanos. Na época, a França estava num conflito com a Argélia. Os produtores chegaram a pedir a Dassin (que era americano) para tornar os personagens americanos.

Numa cena entre Jo e Mario, a equipa de produção colocou uma mesa e três cadeiras em frente a uma falsa janela e assim se criava a ilusão que estavam numa casa em frente à joalharia.

O club tem o nome de “L’Age d’Or”. Deriva de um filme de Luis Buñuel, com o mesmo título. O cenógrafo Alexandre Trauner trabalhou nos dois filmes.

A morte de um personagem era a forma de Dassin simbolizar o preço da traição que muitos em Hollywood fizeram a colegas seus quando os denunciaram à Comissão da Actividades Anti-Americanas, para assim ficarem blacklisted.

O assalto inspira-se num verdadeiro.

O valor do roubo hoje em dia seria superior a 7 milhões de Dólares.

A (famosa, influente e muitas vezes imitada) cena do assalto dura quase 30 minutos e decorre sem diálogos. Georges Auric queria que a cena tivesse música e chegou a criar uma. Jules Dassin discordava. Dassin editou a cena com e sem música. Auric deu razão a Dassin e achou que a cena funcionava melhor sem música.

É o primeiro filme escrito por Jules Dassin.

É o primeiro filme de Jenny Doria.

 

O filme foi retirado das salas mexicanas, devido ao aumento de roubos, muito semelhantes ao visto no filme, ocorridos depois da estreia do filme.

Nos USA, em 1972, um assalto ao United California Bank, recorreu a um método semelhante ao usado no filme.

 

Está na lista “Great Movies” de Roger Ebert.

 

A série “Rififi” teve vários romances e muitos foram adaptados ao Cinema. Este é o primeiro. Seguiram-se “Du Rififi chez les Femmes” (1959, de Alex Joffé). “Du Rififi à Tokyo” (1962, de Jacques Deray), “Du Rififi à Paname” (1966, de Denys de La Patellière), “Razzia sur la Chnouf” (1955, de Henri Decoin) e “Le Clan des Siciliens” (1969, de Henri Verneuil).

 

Sobre Auguste Le Breton

https://www.auguste-le-breton.com

https://www.babelio.com/auteur/Auguste-Le-Breton/72433

https://booknode.com/auteur/auguste-le-breton

https://polars.pourpres.net/personne-858-bibliographie

https://www.goodreads.com/author/list/150841.Auguste_Le_Breton

 

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