Elvis Presley é o King do Rock`n `Roll.
Eis um filme sobre ele.
John Carpenter (em início de carreira) realiza.
Kurt Russell (acabadinho de sair da Disney) procura afirmar-se como actor e mostra que é mesmo Elvis.
Ao longo de quase três horas percorremos a vida de Elvis Presley, com muitos dos seus altos e baixos.
John Carpenter não é o nome que mais depressa associamos a biopics ou a melodramas.
Mas o autor de “Halloween” mostra que é (muito) mais que um cineasta que tem jeito para pregar uns sustos, mostrando sensibilidade para criar atmosferas dramáticas e emocionais, dando relevo a pessoas.
Carpenter está interessado na pessoa que é Elvis Presley, naquilo que o motiva, cativa, fascina, move, mas não descura o mito e lenda que o King gerou.
E o resultado é um filme que remete para o melhor do melodrama clássico (dos 40s e 50s – décadas onde Carpenter cresceu e formou os seus gostos e influências), ainda que sobre uma grande figura da história da Cultura mundial.
É uma produção televisiva (na época as regras eram diferente$ das de hoje – hoje, uma boa produção televisiva pode custar mais que uma produção média cinematográfica; na época de “Elvis”, a Televisão era quase sempre low cost), mas há uma boa reconstrução dos ambientes e das épocas onde decorre a história.
Kurt Russell (então fresquinho da sua fase na Disney, onde andou desde criança e onde foi muito bem treinado como actor; aqui na sua primeira e frutuosa colaboração com Carpenter) não interpreta Elvis. Ele É Elvis. Em todos os planos, em todas as cenas, ao longo de todo o filme. É uma interpretação absolutamente perfeita, um verdadeiro tour de force que define e impõe um actor. É certo que ainda há muita gente que precisa de ser convencida que Russell é um actor a sério e completo, mas talvez neste filme fique convencida.
O elenco ao seu redor porta-se igualmente bem.
É bonita a química entre Russell e Season Hubley (iam ser marido e esposa na época, tal como no filme).
Como é óbvio, há um bom conjunto de canções do King.
Entre biopic e melodrama, é uma visão séria, humana, emocional sobre Elvis, mostrando o homem e a lenda, que confirma o talento e versatilidade de John Carpenter e Kurt Russell.
“Elvis” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: John Carpenter
Argumentista: Anthony Lawrence
Elenco: Kurt Russell, Shelley Winters, Bing Russell, Robert Gray, Season Hubley, Pat Hingle, Melody Anderson , Ed Begley Jr., Charles Cyphers, Joe Mantegna
Trailers
Clips
Orçamento – 2.1 milhões de Dólares
Nomeado para “Melhor Filme – Televisão”, nos Globos de Ouro 1980. Perdeu para “All Quiet on the Western Front”.
Kurt Russell esteve nomeado para “Melhor Actor – Mini-Série ou Telefilme”, nos Primetime Emmy 1979. Perdeu para Peter Strauss em “The Jericho Mile” (o primeiro filme realizado por Michael Mann).
Segundo John Carpenter, os produtores chamaram-no para o filme após saberem que o cineasta tinha composto a música de “Halloween” (1978), pelo que deveria saber fazer um filme sobre Elvis.
Carpenter aceitou fazer o filme, pois era uma oportunidade irrecusável de trabalhar com actores mais versáteis e afirmados no meio, bem como fazer um filme diferente do que tinha feito até então (suspense e terror) – um filme dramático, com sentimentos.
Carpenter é grande fã de Elvis.
No filme “Change of Habit” (1969), Elvis Presley interpreta um personagem com o nome… John Carpenter.
Priscilla Presley (viúva de Elvis) verificou o argumento para assegurar detalhes e veracidade. Recebeu 50.000 Dólares.
Segundo Carpenter, era outro actor que ia interpretar Elvis. Esse actor sabia cantar e tinha imensas semelhanças com Elvis. Mas… não sabia interpretar. Kurt Russell foi então escolhido.
O primeiro filme de Kurt Russell é “It Happened at the World’s Fair” (1963), onde contracena com Elvis Presley, então com 27 anos. Em “Elvis”, Russell tem a idade de… 27 anos.
Em “It Happened at the World’s Fair”, Kurt Russell (ainda catraio) contracena com Elvis numa cena. Em “3000 Miles to Graceland” (2001), Russell interpreta um fã de Elvis, que se veste e caracteriza como ele.
Kurt Russell visitou Vernon Presley (o pai de Elvis) na Graceland.
Filmado em 30 dias, em 150 locais.
Segundo Carpenter, Russell teve de colar as suas orelhas pois elas estavam demasiado alargadas.
Kurt contracena com o seu pai Bing Russell, que interpreta o pai de Elvis.
Kurt dá voz a Elvis em “Forrest Gump” (1994).
Kurt usa um dos jumpsuits de Elvis.
Quando Elvis canta, Kurt é dobrado por Ronnie McDowell, um cantor country.
Ronnie McDowell gravou 36 canções, mas o filme só usou 25.
O Century Plaza Hotel de Los Angeles faz do International Hotel de Las Vegas.
Cameo de John Carpenter – no início do filme, quando Elvis entra no casino, é visível um homem de cabelo comprido, bigode e a fumar.
Carpenter só lamentou não ter tido direito a ter mais participação na montagem.
O filme é exibido a 11 de Fevereiro de 1979.
Kurt Russell e Season Hubley casam a 17 de Março de 1979. Divorciar-se-iam em 1983.
Kurt e Season voltariam a trabalhar juntos, e sob as ordens de Carpenter – “Escape from New York” (1981).
Na noite de exibição, na ABC, “Elvis” teve de enfrentar “Gone with the Wind” (1939) na CBS, e “One Flew Over the Cuckoo’s Nest” (1975) na NBC. Mas o filme de John Carpenter venceu ambos nas audiências.
Foi o 6º programa televisivo mais visto nessa semana, na Televisão americana.
Apesar de ser exibido na Televisão americana, o filme teve estreia nas salas de alguns países.
O cut exibido nas salas europeias era mais curto que o visto na Televisão americana.
“Elvis” marca a carreira de John Carpenter de duas formas:
- É um filme atípico (biopic e melodrama) na filmografia habitual do cineasta (quase sempre terror, suspense e sci-fi), embora Carpenter tenha voltado a mudar de registo – comédia de fantasia (“Big Trouble in Little China”, em 1986), comédia de ficção científica (“Memoirs of an Invisible Man”, em 1992) e sci-fi romântica (“Starman”, em 1984).
- É o primeiro encontro com Kurt Russell, com quem trabalharia em cinco filmes (“Elvis” em 1979, “Escape from New York” em 1981, “The Thing” em 1982, “Big Trouble in Little China” em 1986, “Escape from L.A.” em 1996).
Sobre Elvis Presley
https://www.britannica.com/biography/Elvis-Presley
https://www.posterlounge.pt/quadros/posteres/elvis-presley/