Título original – Night and the City
“Night and the City” (1950, já aqui visto) já era um must do Cinema e do Film Noir.
Mas alguém achou que seria boa ideia (???) fazer-se um remake.
E cá está ele. Com bons nomes.
Harry Fabian é um advogado sempre metido em esquemas que lhe permitam ganhar bom nome e bom dinheiro.
O seu mais recente esquema visa organizar combates de boxe, com o apoio de um veterano do meio.
Mas Fabian vai descobrir que todo o mundo humano que o rodeia lhe vai dar a derradeira vigarice.
Frank Sinatra bem cantava que a Nova Iorque é uma cidade que não dorme.
Este filme bem o prova.
É, de facto, um conto irrequieto sobre o pulsar imparável de uma cidade que nunca pára de eventos, movimentos, sonhos, esquemas, sortes e azares.
História de pequenos e grandes empreendedores, procura de sonhos, esquemas para os realizar, dos entraves e infortúnios para tal.
É a história de um pequeno vigarista (é advogado, portanto…), um pequeno Zé-Ninguém na cidade e no meio, em busca de uma big break que o faça sentir alguém.
É um conto, “moral” e “documental”, sobre os preços a pagar por sonhos irrealizáveis ou por gente que tanto vive de manipulações de terceiros que acaba por ser, um dia, manipulado.
A história é dramática e séria, mas chega a ganhar contornos de comédia.
E a culpa de tal é um espantoso Robert De Niro, num magnífico exercício de dinâmico e alegre overacting, mostrando-o tão hábil como comediante (a forma como passa a sua lábia) como dramático (quando desabafa as suas aspirações como pessoa).
O elenco acompanha-o muito bem.
Irwin Winkler era um dos grandes produtores dos 70s e 80s. Foi dos poucos a acreditar em Sylvester Stallone e no seu “Rocky”, acreditou sempre em Martin Scorsese (“Raging Bull”, “Goodfellas”).
Winkler decidiu seguir como realizador e teve sempre um registo muito eficaz, clássico, sóbrio, conseguindo bons títulos (“Guilty by Suspicion”, “The Net”).
Ei-lo muito bem, a conseguir traduzir bem a dinâmica do seu protagonista e um de um pouco da Big Apple.
Entre a ironia e a seriedade, um conto intenso sobre o poder destrutivo dos sonhos e de uma cidade.
“Night and the City” é um remake.
Tem muitos méritos, mas vamos ver como se mede com o original (uma obra-prima de Cinema):
- O argumento segue praticamente o original, mudando a forma dos eventos (de night club vamos a um diner, de wrestling vamos para boxe, onde havia pai & filho há agora dois irmãos, o protagonista muda de vigarista de rua para advogado).
- O tom deixa de ser de film noir (estamos nos 90s, já não havia nomes nem capacidade para se retomar o género) e passa a drama irónico.
- A realização é de bom nível, mas impossível de igualar a do original, num perfeito exercício de Cinema.
- Robert De Niro iguala a dinâmica inquieta de Richard Widmark.
Resultado?
É certo que Bobby está ao nível de Richie, mas o resto não consegue chegar ao nível do clássico de Jules Dassin. Mas calma, que não é por incompetência. É porque o clássico de 1950 é impossível de igualar e superar, tal a excelência de tudo e todos envolvidos.
Mas este remake merece bem a espreitadela.
“Night and the City” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Irwin Winkler
Argumentista: Richard Price, a partir do romance de Gerald Kersh
Elenco: Robert De Niro, Jessica Lange, Cliff Gorman, Alan King, Jack Warden, Eli Wallach, Barry Primus
Trailer
Robert De Niro e Irwin Winkler sobre o filme
Jessica Lange sobre o filme
Orçamento – 20 milhões de Dólares
Bilheteira – 6.2 milhões de Dólares
Remake de “Night and the City” (1950), de Jules Dassin, com Richard Widmark e Gene Tierney.
O romance de Kelsh abordava o wrestling. Nos 90s, tal modalidade tornou-se mais virada para um público juvenil, pelo que esta nova versão decide abordar o boxe.
Martin Scorsese ia realizar (ela já tinha realizado um remake no ano anterior – “Cape Fear”), mas desistiu. Foi Scorsese quem chamou Richard Price para escrever o argumento. Segundo Price, Scorsese sentiu que já tinha feito “Night and the City” várias vezes em vários dos seus filmes.
É o segundo filme que Price escreve, com a possibilidade de Scorsese realizar. O outro foi “Clockers” (1995), que Scorsese passou a Spike Lee, indo realizar “Casino” (1995).
Price voltaria a escrever um remake de um clássico do Film Noir – “Kiss of Death” (1995, derivado do filme homónimo de 1947 – “por acaso”, também com Richard Widmark).
Robert De Niro volta aos remakes, depois de “Cape Fear” (1991).
Jessica Lange, volta aos remakes, depois de “The Postman Always Rings Twice” (1981) e “Cape Fear”.
As duas versões de “Night and the City” são distribuídas pela 20th Century Fox.
Reencontro entre Irwin Winkler e Robert De Niro, depois de “Guilty by Suspicion” (1991), onde também participava Martin Scorsese (como actor). Curiosamente, esse filme fala sobre o McCarthism e estar blacklisted, algo que Jules Dassin (realizador do “Night and The City” original) foi alvo.
É uma de muitas colaborações entre Robert De Niro e Irwin Winkler, pois este produziu vários filmes de Scorsese protagonizados por De Niro.
Reencontro entre Robert De Niro e Jessica Lange, depois de “Cape Fear” (1991).
Robert De Niro e Alan King reencontrar-se-iam em “Casino” (1995).
As roupas masculinas são de Hugo Boss.
No argumento inicial, Harry Fabian era morto por esfaqueamento.
Foi o filme que encerrou o Festival de Cinema de Nova Iorque 1992.
Alguma crítica considerou a interpretação de Robert De Niro como uma das suas melhores. Mas, como seria de esperar, considerou esta nova versão como inferior ao original.
O filme é dedicado a Jules Dassin, autor do original “Night and the City”.
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