Outra Forma de Terror (1988)

 

 

Título original – The Blob

 

“The Blob” (1958, já aqui visto) já tinha bom estatuto como culto e clássico no campo da sci-fi terror dos 50s, sendo até um dos títulos mais relevantes do género. E tem o extra de nos ter permitido a descoberta de Steve McQueen (era o seu primeiro filme).

Os 80s ficam marcados por remakes de grandes clássicos de monster movies e do sci-fi terror dos 50s (“The Thing” vinha de “The Thing from Another World e “The Fly” deriva do filme com o mesmo título; ambos superam os respectivos originais, muito graças à genialidade dos cineastas que os refizeram – John Carpenter e David Cronenberg, respectivamente).

Alguém deu conta (e bem) que poderia melhorar “The Blob”.

E assim vem o seu remake.

 

Uma estranha substância aterra numa pequena povoação. A dita substância começa a possuir todo o humano ao qual se aproxima, pelo que o terror estala. Para ajudar chega uma equipa médica governamental com uma misteriosa agenda sobre tudo isto.

Terror, medo e paranóia numa pequena comunidade.

Ritmo vivo, bons sustos, muito gore, elevado body count, algumas surpresas e choque (morrem alguns personagens que se esperava que sobrevivessem), generosas doses de acção e um inesperado (mas bem-vindo e colocado de forma pertinente) humor.

É o terror sci-fi dos 80s em grande forma, bem encenado e bem criado, para um máximo de espectáculo e aceleração do ritmo cardíaco.

Pormenor bem inteligente e relevante – a certo momento o medo vem mais da “ajuda” médica (e do Governo) do que da dita The Blob.

Tendo em conta que o original é com Steve McQueen, este remake até lhe faz uma bela homenagem (o protagonista é rebelde e há uma cena de acção com uma brava stunt a envolver uma mota).

Excelentes efeitos gore (do grande Tony Gardner) – atenção ao engolir de uma pessoa pelo sifão, o derreter das vítimas, a The Blob à solta numa sala de cinema cheia.

Bons efeitos visuais (são da Dreamquest – na época, a grande rival da Industrial Light and Magic).

Chuck Russell vinha de “A Nightmare on Elm Street” (1987, a melhor das sequelas) e mostrava aqui o seu (bom) pulso para um terror mais dinâmico, não deixando de ser clássico.

Pena que o seu futuro se tivesse afastado disto (apesar de dois bons blockbusters actioner – “The Mask” e “Eraser”).

Bom trabalho do elenco (bem mais convincente que o do original).

Kevin Dillon satisfaz como rebelde.

Shawnee Smith (um dos grandes wet dreams dos 80s) é linda e faz furor quando toma conta da resolução final (com metralhadora na mão e tudo – sim, estamos numa fase do género já pós-“Aliens”, pelo que uma rapariga/mulher sabia e devia ser kick-ass).

Um excelente, dinâmico e bem scary sci-fi terror, resultando numa muito capaz modernização de um clássico (embora este tivesse muitas limitações como… scary movie).

“The Blob” é um remake. Não lhe faltam méritos, mas vamos ver como se mede face ao original:

  • O argumento é praticamente igual, mudando aqui e ali alguma surpresa. Elogia-se o desenvolvimento scary e actioner de muitos momentos. Resulta divertido para o cinéfilo ver quais as cenas que são (tão bem) retomadas do original.
  • O elenco tem melhor prestação, mais natural e convincente. E resulta vermos uma menina (bela e aguerrida) a resolver muita coisa. O original tem Steve McQueen, o remake tem Shawnee Smith. O espectador ganha nas duas versões (sim, eu sei – o cool Steve é mais incónico).
  • Há melhor realização no remake – mais viva, mais dinâmica, mais scary, conseguindo até ser mais actioner.
  • Como é óbvio, os efeitos visuais e de make-up são melhores no original (a evolução da tecnologia e melhor orçamento).

 

Assim sendo, vitória de “The Blob”, o remake, que assim se junta a outros dois (magníficos) remakes feitos nos 80s a partir de clássico do terror 50s – “The Thing” (1982, de John Carpenter) e “The Fly” (1986, de David Cronenberg).

 

“The Blob” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.

Realizador: Chuck Russell

Argumentistas: Chuck Russell, Frank Darabont, a partir do argumento de Theodore Simonson, Kay Linaker, Irvine H. Millgate

Elenco: Kevin Dillon, Shawnee Smith, Donovan Leitch Jr., Jeffrey DeMunn, Candy Clark, Joe Seneca, Del Close, Paul McCrane, Michael Kenworthy, Ricky Paull Goldin, Sharon Spelman, Beau Billingslea, Art LaFleur

 

Trailer

 

Clips

 

Chuck Russell e a sua cena favorita

 

Chuck Russell sobre o filme

 

Orçamento – 10 milhões de Dólares

Bilheteira – 8.2 milhões de Dólares

 

Nomeado para “Melhor Filme – Ficção Científica”, nos Saturn 1990. Perdeu para “Alien Nation”.

“Melhores Efeitos Especiais”, em Avoriaz 1989. Concorreu ao “Grande Prémio”, mas “Dead Ringers” (de David Cronenberg) ganhou.

Concorreu ao “Grande Prémio”, no Fantasporto 1990. Perdeu para “Black Rainbow” (de Mike Hodges).

Shawnee Smith concorreu a “Melhor Jovem Actriz em Filme de Terror”, nos Young Artist 1989. Perdeu para Kristy Swanson em “Flowers in the Attic”. Ricky Paull Goldin concorreu a “Melhor Jovem Actor em Filme de Terror”. Perdeu para Lukas Haas em “Lady in White”.

Remake de “The Blob” (1958), de Irvin S. Yeaworth Jr., com Steve McQueen e Aneta Corsaut.

 

Frank Darabont e Chuck Russell conheceram-se em 1981, nas filmagens de “Hell Night”. Darabont era o production assistant, Russell era produtor.

Ambos nutriam gosto pelos grandes títulos de terror sci-fi dos 50s. “The Blob” era um dos favoritos e ambos viram potencial para mais num remake.

“The Blob” ia ser o primeiro filme de Russell como realizador.

Russell e Darabont apresentaram o projecto de “The Blob” à New Line Pictures, mas esta recusou. Contudo, o estúdio chamou-os para “A Nightmare on Elm Street 3: The Dream Warriors” (1987). Russell e Darabont escreveram o argumento, com ajuda de Wes Craven (autor do filme original). Russell realiza este novo espisódio e assina o seu primeiro filme. O filme foi um enorme sucesso e Russell vê assim o nome bem lançado no género e no meio.

 

Jack H. Harris, produtor do filme original, é executive producer.

Harris chegou a contactar John Carpenter no sentido de fazerem um remake de “The Blob” (certamente que Harris tinha ficado bem impressionado com o trabalho do cineasta em “The Thing”, remake de “The Thing from Another World”).

 

Chad McQueen (filho de Steve McQueen, protagonista do filme orirginal) foi chamado para ser o protagonista deste remake. Chad recusou por duas razões: 1) não gostou do argumento, 2) nunca participar num filme que se relacione com um filme onde o pai participou.

Donovan Leitch Jr. (Paul) teve Shawnee Smith (Meg) como companhia na prom night. Ele esteve sempre agradecido a ela e ainda hoje ela guarda a carta que ele lhe escreveu.

Darabont é grande fã de Stephen King e procurou colocar muitas referências e “The Stand”. Smith paraticiparia na mini-série que adapta esse romance, feita em 1994.

Del Close participou em “Beware! The Blob” (1972), a sequela ao “The Blob” original.

Filmado em Abbeville, Louisiana.

Muitas das filmagens decorriam de noite, pelo que cast & crew dormiam de dia.

Do orçamento total, quase 9 milhões de Dólares foram para os efeitos especiais.

 

Chuck Russell seguiu uma regra de Hitchcock, que era eliminar um personagem que o público identifique como sendo o protagonista ou o herói. Assim sendo, fica definido que ninguém está a salvo.

Alguns trailers mostram momentos não vistos no filme – a perseguição a Fran no restaurante, bem como takes alternativos sobre a morte de dois personagens.

A cena que envolve o jovem e o pai farmacêutico (e uma cena anterior sobre a compra de preservativos), baseia-se num evento que Chuck Russell viveu na sua juventude.

O soldado que se dissolve foi interpretado por um stuntman, veterano do Vietname, que tinha perdido as duas pernas, um braço e um olho.

A mota de Brian é uma Triumph. Homenagem a Steve McQueen, protagonista do filme original, fã da marca e dono de muitas motos por ela feitas.

A mota de Brian é uma Triumph Tiger T100R, de 500cc. Uma Triumph T20 Tiger Cub, de 200cc, foi usada para a stunt na ponte.

A stunt de Brian ao saltar a ponte, de mota e com helicóptero atrás, foi feita num só take e com tudo a ser captado pelas câmaras, sem truques nem efeitos. Na queda, os pneus estouraram, mas o stuntman conseguiu segurar a mota.

A cena na cabine telefónica usou um model de uma, uma boneca articulada e explosivos.

Algum do líquido da The Blob deriva de um ingrediente dos milkshakes.

Usou-se sal pintado de púrpura para caracterizar a cristilização da The Blob.

Os penteados de Kevin Dillon e Shawnee Smith foram a pedido de Chuck Russell.

Pequena participação de duas Playmates – Erika Eleniak (Julho de 1989) como Vicki De Soto, Julie McCullough (Fevereiro de 1986) como Susie.

Num momento, Shawnee diz a line c`mon, you can do better than that!“. É a mesma line que Dillon diz num momento de “Platoon” (1986).

Quando Shawnee vê um personagem a ser consumido pela The Blob, o grito dela é mesmo real e de medo. Tudo porque era mesmo o actor do dito personagem que estava a ser “sugado”. Russell nada disse a Shawnee, pelo que a sua reacção não podia ser mais real e natural.

Cameo de Chuck Russell – um dos espectadores na sala de cinema, na segunda fila, à esquerda, quando a audiência reage ao susto no filme que está a ver.

Michael Kenworthy interpreta o irmão da personagem de Shawnee Smith. Michael recorda que Shawnee foi a sua primeira paixão. Ambos se deram muito bem e por cada vez que Shawnee o abraçava ele retribuía com um beijo, o que a deixava corada.

Segundo Russell, a personagem de Shawnee Smith é a equivalente do personagem de Steve McQueen.

Ao contrário do original, “The Blob” (o remake) foi um flop. Chuck Russell considera que parte do flop se explica por causa do filme ter estreado num Verão carregado de poderosos blockbusters e com fraca publicidade do estúdio, bem como na componente humorística existente no filme.

Apesar do flop nas bilheteiras, “The Blob” viu o tempo dar-lhe estatuto de culto e clássico. Muita gente vê este novo “The Blob” a fazer boa figura ao lado dos outros grandes remakes de clássicos da sci-fi terror dos 50s – “The Thing” e “The Fly”.

One comment on “Outra Forma de Terror (1988)

  1. […] 1988 surgiria o (excelente) remake (já aqui visto), também produzido por Jack H. Harris – “The Blob”, realizado por Chuck Russell (vindo […]

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