Halloween: O Final (2022)

 

 

Título original – Halloween Ends

 

E assim se conclui a nova trilogia que continua directamente o (grandioso) clássico de John Carpenter.

 

Passaram quatro anos desde o final de “Halloween Kills”.

Laurie Strode e a neta Allyson procuram lidar com a dor que ainda resta.

Mas o Mal ainda continua à solta em Haddonfield. Será ainda devido a Michael Myers?

Perante a conclusão (brutal e trágica) de “Halloween Kills” (e ainda mais com as mudanças no final feitas através do extended cut) parecia prometido (ou poder-se-ia esperar) que “Halloween Ends” seguiria pelo rumo de um terror vingativo.

Mas a verdade é que “Halloween Ends” acaba por ser mais drama (sobre o enfrentar do medo e o saber seguir em frente depois dos efeitos do confronto com o Mal) sobre pessoas (uma adolescente a procurar um rumo saudável para a sua vida, uma adulta a procurar o sossego que lhe escapa há décadas).

Tal abordagem dramática permite que o filme seja um pertinente “estudo” sobre o poder e fascínio do Mal no ser humano (há uma inteligente surpresa sobre tal, à volta de Michael).

Mas calma, pois apesar da carga dramática o filme nunca esquece o terror (o início de novas matanças, o medo a ressurgir nas Strode), generoso body count e, claro, o definitivo showdown entre Laurie e Michael.

Tudo somadinho, “Halloween Ends” mostra que o Mal é constante e imortal, renovando-se eternamente pela capacidade em mudar de forma (não é por acaso que Michael é por vezes referido como “The Shape”).

E nisso, o filme é plenamente carpenteriano (John Carpenter sempre fez um Cinema sobre o Mal, onde este tem imensas formas).

Grande qualidade na fotografia (tal como nos episódios anteriores).

John Carpenter (e companhia) voltam a compor um bom score, devidamente assustador e tenso, sabendo sempre encontrar novas formas de modernizar o main theme original.

David Gordon Green volta a confirmar as boas virtudes que revelou nos episódios anteriores – saber manter o vigor tenso que a saga criou (e exige), cria (bons) sustos e trabalha bem o lado dramático e humano da narrativa.

Jamie Lee Curtis continua à vontade numa personagem que ela já conhece há mais de 40 anos, sendo quase uma segunda pele. Carrega bem o peso da idade e dos efeitos traumáticos dos eventos vividos, sabendo onde e quando ser aguerrida.

Andi Matichak tinha sido uma (óptima) revelação em “Halloween” e confirma o potencial demonstrado, mostrando óptima evolução como actriz (é ela a protagonista e cabem à sua personagem as grandes mudanças emocionais). É justo esperar mais e melhor desta (bela) menina.

Sim, é mesmo o final da saga (minutos antes da confrontação temos quase um momento-choque).

“Halloween Ends” termina muito bem aquela que considero ser a melhor trilogia de terror do cinema recente.

Consegue uma profunda, complexa e inteligente reinterpretação do conceito do filme original (apesar das boas intenções e resultados de “Halloween 4” e “Halloween: H20” – que acabam por ser uam espécie de resumo-esboço desta nova trilogia), mantendo-se fiel aos arquétipos definidos, mas conseguindo enveredar por novos caminhos, áreas e temas (perfeitamente alinhados com o que se delineou no “Halloween” original).

É o fim de uma saga marcante do Cinema, é uma conclusão de um circulo narrativo com mais de 40 anos.

Michael e Laurie vão agora descansar (ambos merecem e precisam), o Cinema e os fãs agradecem tantos anos de presença e sustos.

 

“Halloween Ends” está nas nossas salas.

Realizador: David Gordon Green

Argumentistas: David Gordon Green, Danny McBride, Paul Brad Logan, Chris Bernier, a partir dos personagens criados por John Carpenter & Debra Hill

Elenco: Jamie Lee Curtis, Andi Matichak, Will Patton, Rohan Campbell, Kyle Richards, Nick Castle, James Jude Courtney

 

Site – https://www.halloweenmovie.com

 

Orçamento – 20 milhões de Dólares

Bilheteira (até agora) – 45 milhões de Dólares (USA); 64 (mundial)

 

É o 13º filme da saga (ainda que não haja continuidade entre todos) – “Halloween” (1978), “Halloween 2” (1981), “Halloween 3: Season of the Witch” (1982), “Halloween 4: The Return of Michael Myers” (1988), “Halloween 5: The Revenge of Michael Myers” (1989), “Halloween 6: The Curse of Michael Myers” (1995), “Halloween: H20” (1998), “Halloween: Resurrection” (2002), “Halloween” (2018), “Halloween Kills” (2021) e agora “Halloween Ends” (2022).

Houve remake, com sequela – “Halloween” (2007) e “Halloween” 2 (2009; é sequela do remake e não remake da sequela do original), ambos de Rob Zombie.

John Carpenter só está ligado a “Halloween” (como argumentista e realizador), “Halloween 2” (como argumentista e produtor), “Halloween 3: Season of the Witch” (como produtor), “Halloween”, “Halloween Kills” e “Halloween Ends” (nestes três últimos apenas como executive producer e autor da música).

Por todos os filmes feitos, Carpenter recebeu uns bons milhões por direitos – uso do título, de Michael Myers e do tema principal da banda sonora.

Jamie Lee Curtis participou em “Halloween”, “Halloween 2”, “Halloween: H20”, “Halloween: Resurrection”, “Halloween”, “Halloween Kills” e “Halloween Ends”.

A saga é bem lucrativa:

• “Halloween” custa 325.000 Dólares e arrecada 70 milhões de Dólares.
• “Halloween 2” custa 2.5 milhões de Dólares e arrecada 25.
• “Halloween 3” custa 2.5 milhões de Dólares e arrecada 14.
• “Halloween 4” custa 5 milhões de Dólares e arrecada 18.
• “Halloween 5” custa 5 milhões de Dólares e arrecada 12.
• “Halloween 6” custa 5 milhões de Dólares e arrecada 15.
• “Halloween: H20” custa 17 milhões de Dólares e arrecada 55.
• “Halloween: Resurrection” custa 13 milhões de Dólares e arrecada 38.
• “Halloween” (o remake) custa 15 milhões de Dólares e arrecada 77. A sua sequela, “Halloween 2” custa 15 milhões de Dólares e arrecada 38.
• “Halloween” custa 10 milhões de Dólares e arrecada 255.
• “Halloween Kills” custa 20 milhões de Dólares e arrecada 131.

A produção teve atrasos devido à pandemia Covid-19.

Ao longo do filme, dois personagens assistem a dois filmes – o primeiro é “The Thing” (sim, o de… John Carpenter), o segundo é “Hard Target” (de John Woo).

No confronto final Laurie usa as mesmas roupas que usou no final do filme original.

 

Semanas antes da estreia, David Gordon Green ainda estava a tomar decisões sobre o final, a escolher várias opções.

James Jude Courtney volta a interpretar Michael Myers, tal como fez em “Halloween” e “Halloween Kills”.

Nick Castle interpretou Michael Myers (já adulto) no “Halloween” original. Nesta trilogia também o faz nalguns momentos.

Para Jamie Lee Curtis é mesmo a despedida da saga e da personagem que a impôs no género e no Cinema.

Segundo Jason Blum este filme marca o fim da trilogia delineada por David Gordon Green e a conclusão do confronto entre Laurie Strode e Michael Myers. Mas não será o final da saga. Malek Akkad (filho do produtor inicial da saga, Moustapha Akkad) quer mais filmes (como, do ponto de vista narrativo, há que esperar para ver).

 

Os melhores showdowns entre Laurie e Michael

https://www.empireonline.com/movies/features/halloween-michael-myers-laurie-strode-showdowns-ranked/