Título original – Geronimo: An American Legend
Geronimo é uma das grandes figuras do mundo dos nativos americanos, da mitologia do Oeste e da História.
Eis um filme dedicado a ele, onde se procura uma visão mais realista e fiel à História e ao Homem.
A história de Geronimo, bravo Apache que chega a líder da tribo e a comandá-la numa revolta contra os brancos.
Acompanha-se também o esforço de dois oficiais da Cavalaria em compreender o homem por detrás do guerreiro, para assim conseguir harmonia entre os povos.
Western pacifista e humanista, menos centrado num duelo de bons vs maus (ou branco vs índio), procurando ilustrar a atitude de um bravo líder (índio) e a postura de dois homens (brancos) na compreensão do “inimigo”.
Bom enquanto filme do género (preenche alguns dos requisitos do Western), muito correcto na abordagem de uma importante figura da História dos USA, nos Índios e mesmo da Humanidade, conseguindo a devida empatia, respeito e a curiosidade do espectador.
Excelente fotografia do sempre competente Lloyd Ahern (o habitual director of photography de Walter Hill nos 90s).
Belíssima paisagem, muito bem filmada, a recordar a forma como era filmada por John Ford e Anthony Mann.
Impecável trabalho do elenco, com destaque para Wes Studi (que entrega bravura e honra a Geronimo) e Jason Patric (que dá muita dignidade humana ao seu personagem).
Walter Hill sempre gostou de Westerns (“The Long Riders”), mesmo que urbanos (“The Driver”, “The Warriors”, “48 Hrs.”, “Extreme Prejudice”), gosta de filmar espaços (urbanos ou naturais) e de abordar personagens à margem do sistema e rebeldes.
Ei-lo em forma, fiel ao seu Cinema, e sem perder o seu talento para a action (a tensão que se sente no bar e o que se segue).
É Western no seu esplendor, é Cinema a ser humanista e justo com a História, é uma digna homenagem a um dos mais bravos homens da História.
“Geronimo: An American Legend” tem edição portuguesa, a bom preço.
Realizador: Walter Hill
Argumentistas: John Milius, Larry Gross
Elenco: Wes Studi, Jason Patric, Gene Hackman, Robert Duvall, Matt Damon, Rodney A. Grant, Kevin Tighe, Steve Reevis, Carlos Palomino, Victor Aaron, Stuart Proud Eagle, Stephen McHattie, John Finn
Trailer
Clips
Filme
Wes Studi sobre o filme
Orçamento – 35 milhões de Dólares
Bilheteira – 18.6 milhões de Dólares
“Melhor Filme”, nos Western Heritage 1994.
Walter Hill começou o projecto na Carolco (para a qual tinha feito “Extreme Prejudice” em 1986, “Red Heat” em 1988, “Johnny Handsome” em 1989). Ambos queriam fazer um western sobre uma figura dos índios. Hill considerou que se abordasse Crazy Horse, mas acreditou que tal seria um filme difícil. Geronimo foi a figura escolhida e John Milius foi chamado para tratar do argumento.
Segundo Hill, Milius queria incorporar no argumento muito do passado juvenil de Geronimo, mas Hill não queria tal.
Como tal, Hill e Larry Gross fizeram alterações no argumento.
Em 1992, o projecto passa para a Columbia. Perante os sucessos de “Dances with Wolves” (1990), “The Last of the Mohicans” (1992) e “Unforgiven” (1992), o western estava em alta (seguir-se-iam “Tombstone” em 1993, “Wyatt Earp” em 1994, “The Quick and the Dead” em 1995, “Bad Girls” em 1995, “Maverick” em 1994), bem como uma visão mais pacífica e correcta dos índios.
Hill foi sempre firme na ideia que Geronimo tinha mesmo de ser interpretado por um índio e não por um branco caracterizado.
Wes Studi deixou boa impressão em “The Last of the Mohicans” e foi escolhido.
Jason Patric derrotou Patrick Swayze e Alec Baldwin na escolha de casting.
Hill queria que o filme tivesse o título “The Geronimo War”.
O argumento inicial tinha cenas com a Mrs. Gatewood, mas por razões orçamentais tiveram de ser removidas.
Tom Horn (que seria interpretado por Steve McQueen, no seu penúltimo filme) foi um dos batedores que andou à caça de Geronimo.
Al Sieber foi ferido dezenas de vezes. Faleceria em 1907, numa escavação.
O personagem Al Sieber ficou com mais tempo de filme quando Robert Duvall foi escolhido para o interpretar.
Filmado em Utah, Arizona e California.
O bravo momento em que Gatewood deita o cavalo, enfrenta o inimigo, monta no cavalo e leva-o a erguer-se foi feito num só plano por Jason Patric.
Walter Hill nunca gostou do título “Geronimo: An American Legend”, pois considerava que o filme não era sobre Geronimo mas sobre os homens que o capturaram.
Dias antes da estreia do filme, surgiu no canal TNT um telefilme sobre Geronimo. Acredita-se que tal possa ter influenciado os resultado$ do filme de Walter Hill, pois pode ter gerado um certo cansaço no público ao ver dois filmes seguidos sobre o mesmo personagem.
As reacções da crítica foram diversas, mas o filme recebeu grandes elogios por parte dos índios americanos.
Quentin Tarantino é grande fã do filme.
Segundo Walter Hill, há um cut mais longo, com mais 12 minutos. Tal versão ainda não foi editada, algo que Hill lamenta, pois considera tal cut como excelente. A remoção dessa footage no final cut deve-se a pressão do estúdio.
Sobre Geronimo
https://www.history.com/topics/native-american-history/geronimo
https://www.britannica.com/biography/Geronimo
https://www.teenvogue.com/story/geronimo-apache-life-story