Eddie Murphy de volta ao policial urbano, com laivos de comédia e dramatismo.
Scott Roper é um dos mais importantes negociadores de reféns da Polícia de San Francisco.
O que parecia ser mais um trabalho de rotina origina uma tragédia (um parceiro e amigo é morto), um drama (a reconciliação com a namorada), um problema na cidade (o assassino toma reféns e faz vítimas) e uma missão vingativa de Roper.
Policial urbano que procura abordar muita coisa – a temática da tomada de reféns, a acção do quotidiano dos agentes da Polícia envolvidos nesse ramo criminal, o drama romântico de um agente, a forma descontraída de se lidar com tal tipo de vida, o retrato violento de um criminoso sagaz para tal.
Ideias boas e nobres, mas tal como fica, “Metro” acaba por ter mais ambições do que resultados.
Por um lado, a metragem parece demasiado longa para a historia que conta (um polícia a resolver uma crise de reféns e a querer capturar o criminoso) – isto contava-se num episódio televisivo de “Miami Vice”, “Knight Rider”, “Magnum P.I.”, “The A- Team”, “Hawaii Five-0”, “C.S.I.”, … .
Por outro lado, para se abordar tudo o que se pretende, mais metragem era necessária, bem como uma escrita mais aprumada e rigorosa (seria interessante abordar o quotidiano das esquipas policiais que se movem naquele ramo).
Para “ajudar”, há tramas a mais na narrativa – o drama romântico do protagonista assenta em demasiados clichés e atrasa o ritmo, a componente humorística é algo ingénua, a abordagem buddy-buddy é muito curta (portanto, precisava de mais e melhor desenvolvimento) e para pouco serve.
Para pior estão um conjunto de supostos sustos, que afinal se revelam fraudes, que também só criam perda de tempo.
Sobram os bons momentos de acção (a desenfreada perseguição automobilística, com o salvamento de um eléctrico descontrolado; a confrontação final) e tensão (as situações com reféns).
Thomas Carter vinha de “Miami Vice”. Portanto, tinha jeito para contar histórias policiais. Mas aqui falta-lhe o patrocínio criativo e estilizado de Michael Mann, pelo que o seu registo acaba por ser eficaz e rotineiro.
Eddie Murphy está em boa forma, a procurar conciliar a seriedade que a trama exige com o seu estilo de humor (a momentos, acreditamos estar a ver uma nova sequela de “Beverly Hills Cop”).
Michael Wincott consegue ser louco e homicida, dando o tom que o filme precisa.
Um bom entretenimento, que pega num tema clássico, fazendo bom uso do carisma de Eddie Murphy e do talento de Michael Wincott, mas que não explora devidamente as diversas áreas narrativas (muito pertinentes, diga-se) por onde se move, mas consegue um par de empolgantes momentos de acção e tensão.
“Metro” tem edição portuguesa e anda a bom preço.
Realizador: Thomas Carter
Argumentista: Randy Feldman
Elenco: Eddie Murphy, Michael Rapaport, Michael Wincott, Carmen Ejogo, Kim Miyori, Art Evans, Donal Logue, Denis Arndt, Paul Ben-Victor
Trailers
Clips
Making of
Eddie Murphy sobre o filme
Orçamento – 55 milhões de Dólares
Bilheteira – 32 milhões de Dólares
Eddie Murphy queria fazer um filme mais sério que os que estava a fazer. Murphy ia fazer “Sandblast”, escrito por Steven Maeda e produzido por Joel Silver. Descrito com um mix entre “Die Hard” e “Cliffhanger”, o filme passar-se-ia no deserto, com uma trama semelhante à de “Broken Arrow” (1996), acompanhando as aventuras de um perito em explosivos, na guerra do Golfo Pérsico, que procura evitar que um grupo renegado de Green Berets localize umas armas nucleares e as use contra de forma maléfica. Murphy teve de abandonar o projecto devido a conflitos de agenda, o estúdio ainda tentou Wesley Snipes (como herói) e Jean Claude Van Damme (como vilão), mas nada avançou. Murphy decidiu então avançar para “Metro”.
No início do projecto, queria-se Harrison Ford como protagonista.
É o segundo filme de um contrato entre Eddie Murphy e a Disney para 5 filmes – “The Distinguished Gentleman” (1992), “Metro” (1997), “Mulan” (1998), “Holy Man” (1998) e “The Haunted Mansion” (2003).
Thomas Carter considerou que parte do flop do filme se deve à classificação que recebeu (R).
Carter considerou um erro fazer de “Metro” um filme para classificação R.