Título original – White Sands
Elenco povoado por gente muito competente ao serviço de um thriller bem sinuoso.
O sheriff de uma pequena povoação encontra um cadáver no deserto, com uma mala bem recheada de Dólares.
Após a descoberta de algumas pistas, o sheriff passa-se pelo falecido e mete-se numa grande trapalhada que envolve tráfico de influências, de armas e várias organizações dos USA.
É um envolvente thriller sobre a identidade, a verdade e a mentira.
Pegando numa simples investigação sobre um cadáver, o argumento envereda pelos jogos das forças da Lei (aqui, o FBI) e na forma como se criam identidades, verdades, interesses, relações, motivações e um conjunto de etcs. que visam justificar fins e meios.
Pode-se ver aqui um certo modelo do Cinema de Michelangelo Antonioni, adaptado ao actioner – o espaço, o deserto, a identidade.
O protagonista passa-se por uma outra pessoa, mas rapidamente esquece quem é, prefere ser quem finge ser, deixa-se fascinar por aquele “admirável mundo novo” onde chegou.
Fica essa ideia sobre a dimensão da identidade, mas, como é óbvio, não se faz a devida e complexa exploração existencial. Até porque, dado o tipo de produto, não era isso que se pedia.
Aqui o objectivo não é complicar (embora a trama até o seja) nem fazer tese (social, humana, artística ou cinematográfica), mas sim o puro entretenimento.
Ele é conseguido, graças a uma história sinuosa, cheia de enganos e enganadores, bem urdida, que cativa pela necessidade em saber quem vai ter a melhor astúcia para sair daquele imbróglio, estando pouco dependente de pirotecnia e violência e mais do engenho dos personagens em moverem-se, sobreviverem e ganharem num mundo de mentiras e traições.
Boa fotografia, do sempre correcto Peter Menzies Jr.
Roger Donaldson consegue bom ritmo e captar o interesse constante.
Boa prestação do elenco, com destaque para o carisma do trio protagonista – Willem Dafoe é versátil para ser tão intenso como vilão ou como herói, Mickey Rourke ainda tinha fleuma de sedutor perigoso, Mary Elizabeth Mastrantonio era um dos miminhos dos 90s e é sempre cativante.
Um thriiler inteligente na sua intriga.
“White Sands” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Roger Donaldson
Argumentista: Daniel Pyne
Elenco: Willem Dafoe, Mary Elizabeth Mastrantonio, Mickey Rourke, Samuel L. Jackson, M. Emmet Walsh, James Rebhorn, Maura Tierney, Fredrick Lopez, Miguel Sandoval, Mimi Rogers (sem crédito), John P. Ryan (sem crédito), Fred Dalton Thompson (sem crédito)
Trailer
Clips
Orçamento – 22 milhões de Dólares
Bilheteira – 9 milhões de Dólares (USA); 18 (mundial)
Antes das escolhas finais sobre Willem Dafoe e Mickey Rourke, a Morgan Creek Productions (companhia produtora do filme) considerou Kevin Costner (com quem tinha trabalhado em “Robin Hood: Prince of Thieves”, em 1991, com grande sucesso) para o personagem que foi para Dafoe, e Jeff Bridges ou Nick Nolte para o personagem de Rourke. Costner, Bridges e Nolte foram rejeitados pelos salários altos que pediam.
O quarteto protagonista (Willem Dafoe, Mary Elizabeth Mastrantonio Mickey Rourke, Samuel L. Jackson) conta com nomeações aos Oscars como actores.
Mickey Rourke e Willem Dafoe reencontrar-se-iam em “Once Upon a Time in Mexico” (2003). Robert Rodriguez chegou a considerar Dafoe para um episódios de “Sin City” (2005), onde participa Rourke.
Willem Dafoe e Miguel Sandoval reencontrar-se-iam em “Clear and Present Danger” (1994).
Reencontro entre Mickey Rourke e James Rebhorn, depois de “The Desperate Hours” (1990), novamente em lados opostos.
Mickey Rourke procurou deixar de fumar durante as filmagens, para se preparar à dedicação total como boxeur (área ao qual se tinha dedicado anos antes de ser actor). Mas não o conseguiu.
O carro de Ray Dolezal é um Chevrolet Corvette StingRay C2 de 1966.
Cameos de Mimi Rogers (a esposa de Ray), John P. Ryan e Fred Dalton Thompson (ambos são os negociadores de armas) – nenhum deles recebe crédito nos genéricos.
A Warner Brothers (distribuidora do filme) considerou dar ao filme o título “Quicksand”.