Tokyo Vice (2022- )

 

 

Michael Mann regressa ao pequeno ecran, ao policial urbano, num projecto que pode ser o seu mais inovador desde “Miami Vice” (1984-1989).

 

Jake Adelstein é um jovem jornalista americano que se tenta impor na cidade de Tóquio e no mais importante jornal do país.

O seu trabalho leva-o a estabelecer laços com pessoas do submundo da cidade, da Polícia e da Yakuza.

 

Criador: J.T. Rogers, a partir dos artigos de Jake Adelstein

Elenco: Ansel Elgort, Ken Watanabe, Rachel Keller, Shô Kasamatsu, Ella Rumpf, Rinko Kikuchi, Shun Sugata, Takaki Uda, Kosuke Tanaka

 

Site – https://www.hbomax.com/pt/pt/series/urn:hbo:series:GYilRbQBlfrurwgEAAAH0

 

“Tokyo Vice” faz pensar em “Miami Vice”. Não é por acaso, e, sim, há paralelismos.

A começar logo pelo título.

E continua com a presença comum de Michael Mann e a forma como o autor de “Manhunter” coloca a forte e vincada estilização visual na ilustração do ambiente urbano, a ilustração do quotidiano de uma cidade mítica (dos USA vamos para o Japão) e de grande poder visual e arquitectónico, a dupla protagonista (também de raças diferentes) contrastada na sua personalidade, o luxo dos meios, a elegância visual, a qualidade da fotografia e a análise humana no meio profissional.

Mas isto não é “´Miami Vice` em Tóquio” ou “´Miami Vice` Made in Japan”.

A série segue rumos narrativos, visuais e estéticos diferentes e bem personalizados.

E perfeitamente alicerçados na estética visual e organização narrativa de hoje, seguindo nada das normas dos 80s.

É uma verdadeira crónica do crime, pelo prisma do mundo jornalístico, onde se foca, com grande sentido de detalhe, o quotidiano de um jornal japonês, os dilemas dos jornalistas, a forma como as autoridades nipónicas controlam o crime organizado, bem como a dinâmica humana e ética da Yakuza.

É a ilustração de algo da essência da alma de Tóquio.

É uma visão sobre o poder (e limitações) do jornalismo (aqui, o japonês).

É um relato íntimo sobre os laços, regras e comportamentos da Yakuza, dentro do mundo moderno e face aos seus valores clássicos.

É um conto policial clássico sobre o combate a um inimigo pleno de poder, tentáculos e influências.

É a viagem de um homem (um gaijin) na afirmação da sua pessoa, do seu talento, num mundo sempre receoso e hostil a quem é de fora.

É uma história policial, sim, com polícias e criminosos, sim, mas é acima de tudo uma história sobre pessoas, bem definidas, com dramas, dúvidas, erros, emoções, motivações, acertos, onde quase todos lutam pela afirmação do seu destino ou contra o rumo que outros delineiam para ele.

Excelente fotografia (a forma como capta as luzes da cidade e dos interiores).

Elenco em óptimo registo, com destaque para uns esplêndidos Ansel Esgort (que já parece um adulto face a “Baby Driver” e confirma todo o seu potencial) e Ken Watanabe (uma lenda viva do Cinema japonês, que nunca falha).

É prematuro dizer que “Tokyo Vice” vai atingir o mesmo estatuto e influência de “Miami Vice” (na verdade, nenhuma série desse género o conseguiu desde então). Mas, certamente, não é essa a intenção. Contudo, é justo dizer que é a melhor série do género desde a que acompanhava as aventuras de Crockett & Tubbs em patrulha no seu Ferrari Testarossa branco, é plena de estilo e pode muito bem mudar as coisas dentro do género (para Televisão, Streaming e Cinema).

É uma das melhores séries da actualidade e, muito provavelmente, a melhor de 2022, sendo todo um acontecimento.

“Tokyo Vice” terminou uma Season de 8 episódios.

Termina com muitas perguntas no ar, alguns desfechos trágicos, algumas surpresas e reviravoltas, deixando muita coisa em aberto.

Como tal, é de espera uma Season 2. Mas esta ainda não teve confirmação.

 

“Tokyo Vice” está disponível em streaming, via HBO Max.

Na fase inicial do projecto, Daniel Radcliffe ia ser o protagonista.

Michael Mann realiza o primeiro episódio e mostra que ainda está em forma para o thriller urbano e estilizado.

Michael Mann, Jake Adelsteinm J.T. Rogers, Ansel Esgort e Ken Watanabe são alguns dos (muitos) executive producers.

Ansel Esgort aprendeu a falar japonês e conviveu com jornalistas no sentido de saber preparar uma reportagem jornalística.

 

Sobre Jake Adelstein:

https://www.menshealth.com/entertainment/a39609142/tokyo-vice-true-story-jake-adelstein/

 

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